São Paulo, quinta-feira, 04 de dezembro de 2008

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Petrobras encerra sua lei de incentivo ao esporte

Em meio à crise, estatal fecha programa que direcionaria verba à área em 2009

Patrocínios em andamento, que vão do futebol ao surfe, porém, não correm risco de ser descontinuados, afirma a assessoria de petrolífera


EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Petrobras decidiu cancelar o programa pelo qual repassaria verba via lei de incentivo fiscal em 2009 para projetos ligados ao esporte. A notícia frustrou dirigentes que já contavam com a liberação do dinheiro. Em outubro, a estatal contabilizava R$ 25 milhões que poderiam ser investidos pela lei.
O anúncio acontece no momento em que a estatal sofre acusações de má gestão por causa de um empréstimo de R$ 2 bilhões, com prazo de até seis meses de pagamento na CEF (Caixa Econômica Federal).
A assessoria de imprensa da Petrobras, porém, questionada insistentemente pela Folha se existe conexão entre a crise global e sua decisão, negou reiteradas vezes essa hipótese.
Segundo o departamento de comunicações da estatal, tratou-se simplesmente de ""uma readequação desse projeto".
Uma nota sobre o encerramento do programa será colocado no site da Petrobras hoje.
Em um comunicado bastante conciso encaminhado aos proponentes de projetos, foi dada a justificativa de que ""a seleção pública Petrobras Esporte & Cidadania 2008 não atingiu seus objetivos principais de maior abrangência nacional dos projetos e de privilegiar o desporto educacional".
Por isso, segue o comunicado, ""[a seleção] está sendo cancelada... ao mesmo tempo, novas orientações estão sendo preparadas para 2009". O epílogo do texto, que imprime certo tom de esperança, ""a Petrobras agradece a sua participação e espera poder contar com ela também em 2009", não atingiu o seu objetivo de diminuir a decepção de dirigentes.
A empresa informou que não foram cancelados patrocínios já em andamento, como o do Flamengo e o da Confederação Brasileira de Handebol.
Dirigentes que faziam planos para o uso do dinheiro não escondiam a insatisfação.
""Tinha muita gente contando com esse dinheiro", lamenta Luiz Claudio Boselli, presidente da Confederação Brasileira de Boxe, que já havia apresentado um projeto à Petrobras.
""Diversos presidentes de confederações estavam chateados com esse anúncio. Mas acho que eles [na Petrobras] não contavam com essa crise."
Segundo o dirigente, em outubro, representantes da estatal informaram que poderiam investir em 2009 R$ 25 milhões em projetos de esporte por meio da lei, pela qual a Petrobras destinou R$ 27 milhões à preparação da delegação do país para os Jogos de Pequim.
Ainda segundo seu relato, com a justificativa de que não havia número suficiente de projetos inscritos, a Petrobras decidiu adiar o prazo de inscrições para 31 de dezembro.
Outro presidente de confederação, que também apresentou projeto e pediu para não ser identificado, afirmou que acreditava que a verba poderia complementar o dinheiro da Lei Piva, dinheiro das loterias direcionado às confederações esportivas nacionais. Agora, está à procura de outras opções.
Não foram só os dirigentes de confederações que inscreveram projetos. O Comitê Olímpico Brasileiro, por exemplo, esperava receber dinheiro da empresa por meio de cinco projetos de lei de incentivo.


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