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FUTEBOL
Icatu e investidores pagam R$ 26 milhões e passam a gerenciar o departamento profissional e amador do clube
Banco assume Corinthians por 20 anos
MARCELO DAMATO
ROBERTO DIAS
da Reportagem Local
JUCA KFOURI
Colunista da Folha
O Corinthians, aos 88 anos, está a
ponto de terceirizar a gestão financeira do seu futebol, o esporte que
o tornou o clube de maior torcida
de São Paulo e o segundo mais popular do Brasil.
Um contrato assinado no fim de
outubro dá a uma empresa, controlada pelo banco Icatu e alguns
investidores, o controle dos direitos de gestão por 20 anos do futebol do clube, profissional e amador.
Em troca, o Corinthians vai receber R$ 26 milhões (R$ 14 milhões à
vista e quatro parcelas semestrais
de R$ 3 milhões) mais participação
nos lucros e o pagamento de parte
da dívida do clube.
A empresa também se obriga a
construir um centro de treinamento e um estádio de pelo menos 45
mil lugares. O banco explorará o
estádio, que terá múltiplos usos,
mas o devolverá ao Corinthians
em 2019. O estádio deverá ser uma
das principais fontes de renda da
nova empresa.
O banco fez uma auditoria no
clube e, como ficou satisfeito, deve
assumir sua parte em 1º de janeiro.
Em compensação, o banco ficará
com rendas, receitas de TV e publicidade e até com os recursos da
venda de produtos com a marca do
clube. A empresa trabalha com a
perspectiva de manutenção da taxa de crescimento de 37% ao ano
dos serviços de TV por assinatura.
A diretoria do Corinthians vai
continuará comandar a parte técnica. É ela que escolherá o diretor
de futebol, que será funcionário da
nova empresa. Quem deve assumir
o cargo é o publicitário e jornalista
Edgar Soares, atual vice-presidente de marketing do Corinthians e
uma das pessoas que negociaram
esse contrato, apesar de negá-lo
(leia texto ao lado).
Tanto o clube quanto o banco
poderão contratar jogadores, como aconteceu na parceria com o
banco Excel, que acaba em dezembro. As contratações de Edílson,
Gamarra e Vampeta, cujos passes
pertencem ao Excel, vão ser tentadas pela empresa. O clube terá participação nos passes de todos os jogadores, mesmo os pagos apenas
pela empresa.
Entre os planos da empresa está a
otimização da formação de jogadores para reduzir custos com salários. A folha salarial do clube supera hoje R$ 1,5 milhão por mês.
Já está acertado também que o
fornecedor de material esportivodo clube será a Topper.
A Folha apurou que o Corinthians negociou com mais quatro
bancos: NationsBank, Opportunity, Deutsche Bank e Fator.
O Nations teria oferecido R$ 30
milhões, e o Opportunity, R$ 50
milhões, mas os contratos seriam
muito diferentes.
Segundo a Folha apurou, o motivo alegado pelo Corinthians aos
bancos derrotados é que o Icatu
apresentou o maior valor à vista.
Os R$ 14 milhões são para saldar
dívidas do clube.
Um dirigente do Corinthians
afirmou à Folha que o clube está
com problemas até para pagar os
salários e que o presidente Alberto
Dualib chegou a dar seu aval pessoal para conseguir esse dinheiro
num determinado mês.
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