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FUTEBOL
Maior torneio de juniores tem início em SP com clubes amarrando suas promessas por contratos de "gente grande"
Começa hoje a Copa SP de futebol S.A.
André Porto/Folha Imagem
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O "profissional" Bobô, 18 anos e R$ 800 mensais, é a aposta para o penta do Corinthians |
LÚCIO RIBEIRO
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL
O torneio é de juniores, mas pode chamá-lo de Copa São Paulo
de futebol profissional.
A 34ª edição da maior competição júnior do país, tradicional vitrine dos novos talentos, começa
hoje em São Paulo com 32 jogos,
64 times e talvez com o maior número de jovens jogadores já
amarrados por contratos profissionais da história.
Na primeira Copa São Paulo em
que os clubes se mostram realmente adaptados ao fim da lei do
passe (2001), e que as baratas promessas à lá Robinho e Diego funcionam como a salvação em tempos de crise financeira, a solução
encontrada pelos dirigentes de
grandes clubes é "proteger" suas
categorias de baixo oferecendo
contrato profissional a meninos
do júnior e até mesmo do juvenil e
ainda do infantil.
O São Paulo paga em média R$
1.200 mensais a atletas que têm
pelo menos 16 anos. Alguns dos
jogadores que estarão em ação
pelo clube nesta edição do torneio
ganham ainda mais.
O atacante Cléber, por exemplo,
recebe cerca de R$ 2.000 e assinou
um contrato de cinco anos.
Quanto maior a validade do
compromisso, maior o salário e a
garantia de que o atleta não mudará de equipe.
"Nós temos que arriscar muito
na hora de assinar os contratos.
Às vezes, um garoto de 16 anos
promete, mas não vinga", disse
Júlio Martins, diretor de futebol
amador do São Paulo.
Além do salários, os garotos
são-paulinos terão na Copa São
Paulo outros benefícios que antes
eram reservados só aos profissionais: bichos e premiação no caso
de serem campeões.
Na fase inicial, uma vitória deverá valer R$ 100 para cada jogador. Nos mata-matas, o valor será
dobrado. Segundo Martins, se o
time for campeão, o prêmio de R$
50 mil oferecido pelos organizadores deverá ficar com os atletas.
No Palmeiras, em diferentes categorias, o número de jovens que
ganham salário passa de cem.
"Temos cerca de 150 jogadores
das categorias de base sob contrato", afirmou Mustafá Contursi, o
presidente do Palmeiras, cujo time sub-20 foi campeão paulista e
deve gerar, de imediato, três ou
quatro jogadores para o elenco
profissional em 2003.
"Esse é o futuro dos grandes
clubes. Por isso estamos investindo em alojamentos e campos de
treinamentos para a base. Destes
150 jovens, quatro ou cinco podem subir logo ao profissional. Os
outros podem ser emprestados
para clubes do interior, para iniciarem a carreira", calcula o candidato à reeleição no Palmeiras.
"Vou ficar de olho nesta Copa
São Paulo. Já me falaram muito
aqui em três atletas do time júnior, principalmente de um atacante", diz Jair Picerni, o técnico
do time principal do Palmeiras.
O atacante a que Picerni se refere é Vagner, 18, que tem contrato
profissional com o Palmeiras desde os 16. Seu passe pertence metade ao Palmeiras e metade ao empresário Gilmar Rinaldi.
No Corinthians, Carlos Alberto
Parreira também contará com
atletas que estarão na Copa. Algum deles, como o zagueiro Betão, já integraram o elenco profissional durante o ano passado.
Porém, ao contrário dos concorrentes, que fazem contratos de
até cinco anos com suas revelações para segurá-las, os corintianos estão mais interessados em
compromissos curtos.
"Já fizemos contratos de cinco
anos, mas alguns encostaram o
burro na sombra. Agora assinamos por um ou dois anos, se o jogador quiser ficar num clube
grande, renova. Senão, vai estourar em outro lugar", disse Alexandre Silva, supervisor de futebol
amador do Corinthians. O clube
paga em média R$ 400 no primeiro contrato dos atletas com 16
anos. No júnior, o salário inicial é
de R$ 1.000, em média.
Embalado pela conquista do
Brasileiro com Robinho e Diego,
o Santos espera emplacar mais jovens astros na Copa-SP. Para
triunfar, os santistas contam com
atletas que estavam emprestados
ao Jabaquara, que conquistou em
2002 a série B-3 do Paulista.
Na Vila Belmiro, os juniores ganham até R$ 1.500. "Temos jovens
com multa rescisória de R$ 5 milhões. Mas é difícil evitar que tenham empresários", disse Francisco Lopes, diretor santista.
Exemplo de que lá vai longe o
tempo em que a Copa SP tinha
ares de torneio amador é a presença do Cuiabá SC S/C Ltda.
(Mato Grosso), e do Desportiva
Capixaba S/A (Espírito Santo).
O time matogrossense, de propriedade do ex-jogador e hoje técnico Gaúcho (Palmeiras e Flamengo), tem 1 ano de idade e sete
atletas com contrato profissional.
O Cuiabá Ltda. sai da Copa SP
direto para jogar, com o mesmo
time, seu primeiro campeonato
profissional, o Estadual de MT.
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