São Paulo, segunda-feira, 05 de janeiro de 2004

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FUTEBOL

Concordata da empresa pode levar clube, que tem 2 brasileiros, à falência

Ruína da Parmalat obriga o Parma a vender jogadores

LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma equipe pequena e inexpressiva sobe para a primeira divisão aos 77 anos de existência, é comprada por uma grande multinacional e se torna referência do futebol mundial, com craques das principais seleções do planeta.
Em linhas gerais, essa é a trajetória do Parma, equipe dos brasileiros Adriano e Júnior, cujo futuro está ameaçado pela crise financeira da Parmalat, proprietária de 98,7% das ações do clube.
A empresa, que pediu concordata no fim do ano passado, tem uma dívida superior a 10 bilhões (cerca de R$ 36 bilhões), segundo estimam os promotores responsáveis pelo processo.
Seu ex-presidente, Calisto Tanzi, foi preso e substituído por Enrico Bondi, comissário extraordinário para sanear a Parmalat.
Após se reunir com a comissão técnica e com a diretoria da associação -cujo presidente é Stefano Tanzi, filho do ex-controlador da empresa-, Bondi anunciou a elaboração de um plano para recuperar as finanças do Parma.
Na próxima sexta-feira, ele vai apresentar aos associados uma proposta financeira cujo objetivo é evitar a falência do clube.
Gilmar Rinaldi, empresário do atacante Adriano, que esteve em Parma para negociar o jogador no fim do ano passado, acha que o clube terá que abrir mão de alguns de seus principais atletas.
O meia japonês Hidetoshi Nakata, cujo salário anual é 900 mil (cerca de R$ 3,24 milhões), já foi emprestado ao Bologna. Adriano teve 50% de seus direitos federativos comprados pela Internazionale de Milão -que já possuía metade do vínculo desportivo do atleta- por 25 milhões (R$ 90 milhões). Na semana passada, agências internacionais de notícias divulgaram que o goleiro francês Sebastien Frey também estava na lista dos negociáveis.
Mesmo assim, Rinaldi crê na sobrevivência do time. "O Parma continuará suas atividades normalmente. O clube terá uma importante entrada de dinheiro com negociações de atletas", observa o empresário. Ele duvida que os salários dos jogadores atrasem, porque "a legislação italiana é severa na proteção de atletas que não recebem por três ou mais meses".
O ex-goleiro lembra que, na Itália, existe o rebaixamento por dívidas, o que obriga o clube a quitar seus compromissos até junho.
Já José Carlos Brunoro, diretor de esportes da Parmalat para a América do Sul de 1992 a 1998, não mostra o mesmo otimismo: "A história do Parma se divide entre antes e depois da empresa. Se outro grupo não assumir o papel da Parmalat, creio que o clube voltará para as séries B ou C".


Com agências internacionais


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