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JUDÔ
Atraso da confederação em julgamento de João Derly, pego por doping em 2002, pode tirar judoca de Pan e Mundial
Brasil pode ficar sem destaque do tatame
FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL
Por sua morosidade, a CBJ
(Confederação Brasileira de Judô)
pode fazer o país perder seu atleta
mais premiado no ano passado
nos mais importantes torneios de
2003: o Mundial do Japão e o Pan.
Em agosto, o ligeiro João Derly,
20, foi pego no antidoping dos Jogos Sul-Americanos. O teste do
judoca detectou a presença do
diurético clortalidona, mas o caso
ainda não foi julgado pelo Tribunal de Justiça Desportiva da CBJ.
Na mesma competição, outros
dois brasileiros foram flagrados
pelo antidoping: Eliane Pereira
(ouro no atletismo nos 1.500 m),
com o esteróide anabólico estanozolol, e a triatleta Mariana Ohata
(ouro no individual e por equipes) com anfetamina.
O caso de Mariana foi julgado
pelo tribunal da Confederação
Brasileira de Triatlo em outubro.
O resultado -dois meses de suspensão da triatleta- foi enviado
à UIT (União Internacional de
Triatlo), que acatou a decisão.
O advogado de Derly, Thomaz
Mattos de Paiva afirmou que o
julgamento ainda não aconteceu
porque a CBJ não tomou as providências necessárias, oferecendo
denúncia para o tribunal.
"Pela inexperiência da confederação, um caso que poderia ser resolvido em dois meses como o da
Mariana fica se arrastando por até
seis meses", disse o advogado.
Segundo Paiva, ainda não foi
definida a legislação que será usada, se a da Federação Internacional de Judô, a da Organização
Desportiva Sul-Americana ou a
brasileira. "Com isso, não tenho
nem uma linha de defesa para o
atleta", afirmou o advogado.
Paiva diz que a pena máxima
para o caso é de dois anos. Se for
condenado a até seis meses, Derly
pode voltar aos tatames imediatamente já que está suspenso preventivamente desde os Jogos Sul-Americanos, em agosto.
Hoje, uma equipe do Brasil embarca para competir na Europa.
Derly, o maior destaque do país
em 2002 no Circuito Europeu
com quatro medalhas (três ouros
e uma prata), não foi relacionado.
Para o presidente da CBJ, Paulo
Wanderley Teixeira, a demora
para o envio da documentação ao
Tribunal de Justiça Desportiva
aconteceu por inexperiência. "É
um processo diferente para nós.
Nunca tínhamos passado por situação semelhante", disse ele.
Para Wanderley, o procedimento não é embaraçado. "Não que
seja uma coisa complicada, mas
se fosse algo normal você teria
mais velocidade", afirmou.
O dirigente disse, porém, que o
caso foi encaminhado ao tribunal
no início de janeiro. "Agora estamos aguardando a data do julgamento. Acredito que deve ser
marcada nos próximos dias."
Segundo Affonso Abreu, presidente do TJD da CBJ, a documentação chegou às suas mãos no fim
de janeiro. Ele espera fazer o julgamento até o final do mês, mas
não acredita em uma absolvição.
"Pelo que eu já pude observar, a
prova e a contraprova deram positivo. Será difícil o atleta provar
que não usou doping", contou ele.
Wanderley disse que lamenta a
não-participação de Derly no Circuito Europeu. "Seria maravilhoso. Enquanto esteve competindo,
ele foi o melhor do Brasil", disse.
O dirigente crê que o caso deve
estar solucionado a tempo de
Derly participar da seletiva final
para o Pan e o Mundial. "Nós não
queremos perder o atleta."
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