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São Paulo, quarta-feira, 05 de fevereiro de 2003

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JUDÔ

Atraso da confederação em julgamento de João Derly, pego por doping em 2002, pode tirar judoca de Pan e Mundial

Brasil pode ficar sem destaque do tatame

FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL

Por sua morosidade, a CBJ (Confederação Brasileira de Judô) pode fazer o país perder seu atleta mais premiado no ano passado nos mais importantes torneios de 2003: o Mundial do Japão e o Pan.
Em agosto, o ligeiro João Derly, 20, foi pego no antidoping dos Jogos Sul-Americanos. O teste do judoca detectou a presença do diurético clortalidona, mas o caso ainda não foi julgado pelo Tribunal de Justiça Desportiva da CBJ.
Na mesma competição, outros dois brasileiros foram flagrados pelo antidoping: Eliane Pereira (ouro no atletismo nos 1.500 m), com o esteróide anabólico estanozolol, e a triatleta Mariana Ohata (ouro no individual e por equipes) com anfetamina.
O caso de Mariana foi julgado pelo tribunal da Confederação Brasileira de Triatlo em outubro. O resultado -dois meses de suspensão da triatleta- foi enviado à UIT (União Internacional de Triatlo), que acatou a decisão.
O advogado de Derly, Thomaz Mattos de Paiva afirmou que o julgamento ainda não aconteceu porque a CBJ não tomou as providências necessárias, oferecendo denúncia para o tribunal.
"Pela inexperiência da confederação, um caso que poderia ser resolvido em dois meses como o da Mariana fica se arrastando por até seis meses", disse o advogado.
Segundo Paiva, ainda não foi definida a legislação que será usada, se a da Federação Internacional de Judô, a da Organização Desportiva Sul-Americana ou a brasileira. "Com isso, não tenho nem uma linha de defesa para o atleta", afirmou o advogado.
Paiva diz que a pena máxima para o caso é de dois anos. Se for condenado a até seis meses, Derly pode voltar aos tatames imediatamente já que está suspenso preventivamente desde os Jogos Sul-Americanos, em agosto.
Hoje, uma equipe do Brasil embarca para competir na Europa. Derly, o maior destaque do país em 2002 no Circuito Europeu com quatro medalhas (três ouros e uma prata), não foi relacionado.
Para o presidente da CBJ, Paulo Wanderley Teixeira, a demora para o envio da documentação ao Tribunal de Justiça Desportiva aconteceu por inexperiência. "É um processo diferente para nós. Nunca tínhamos passado por situação semelhante", disse ele.
Para Wanderley, o procedimento não é embaraçado. "Não que seja uma coisa complicada, mas se fosse algo normal você teria mais velocidade", afirmou.
O dirigente disse, porém, que o caso foi encaminhado ao tribunal no início de janeiro. "Agora estamos aguardando a data do julgamento. Acredito que deve ser marcada nos próximos dias."
Segundo Affonso Abreu, presidente do TJD da CBJ, a documentação chegou às suas mãos no fim de janeiro. Ele espera fazer o julgamento até o final do mês, mas não acredita em uma absolvição.
"Pelo que eu já pude observar, a prova e a contraprova deram positivo. Será difícil o atleta provar que não usou doping", contou ele.
Wanderley disse que lamenta a não-participação de Derly no Circuito Europeu. "Seria maravilhoso. Enquanto esteve competindo, ele foi o melhor do Brasil", disse.
O dirigente crê que o caso deve estar solucionado a tempo de Derly participar da seletiva final para o Pan e o Mundial. "Nós não queremos perder o atleta."


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