São Paulo, quinta-feira, 05 de fevereiro de 2004

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Paulistas assumem cara argentina na Libertadores

Treinadores de Santos, São Caetano e São Paulo são disciplinadores e ostentam espírito gaúcho

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Leão, Tite e Cuca. Os técnicos dos times paulistas que estão na luta pela Libertadores neste ano preenchem o perfil argentino que tanto tem dado certo no torneio.
Desde 1999 um clube do país não conquista o principal torneio das Américas. E, a partir de então, praticamente só deu o Boca Juniors do técnico Carlos Bianchi -o time da Bombonera ganhou em 2000, 2001 e 2003.
Os treinadores de Santos, São Caetano e São Paulo adquiriram boa experiência profissional pelo Grêmio, considerado por muitos o mais argentino dos times brasileiros. Os três são disciplinadores, duros e diretos em seus discursos e seguem linha parecida com a de Luiz Felipe Scolari, técnico que ganhou duas Libertadores e que personifica o "treinador-xerife".
Leão assumidamente não gosta de argentinos, mas muito pelas experiências que teve no país vizinho e que tanto o marcaram.
Perdeu a Copa de 1978 como jogador saindo da disputa como um "campeão moral", apanhou como técnico em partida da Copa Conmebol e ganhou com o próprio Santos esse torneio em 1998 em pleno território argentino.
No ano passado, Leão levou o Santos à final da Libertadores, mas não resistiu ao Boca -Bianchi venceu na ocasião sua quarta Libertadores, a terceira no maior estádio paulista, o Morumbi.
Disposto a ganhar um dos poucos títulos que não possui, o técnico do Santos já mostrou seu pulso firme horas antes da estréia na Libertadores, cobrando Robinho por não ter se tratado devidamente para a partida de hoje contra o Jorge Wilstermann, na Bolívia.
Tite, o treinador do São Caetano, ficou consagrado como técnico no Grêmio, clube que chegou a dirigir na Libertadores -caiu diante do Olimpia apenas na semifinal em 2002, nos pênaltis.
Quando deixou o clube gaúcho, deu preferência a equipes que potencialmente chegariam à Libertadores. Esteve a ponto de assumir o São Paulo, mas tomou o comando da equipe do ABC, que, além de fazer boas campanhas no Nacional nos últimos anos, já tem tradição internacional -foi finalista da Libertadores em 2002.
"Carrego comigo o objetivo de ganhar a Libertadores", diz Tite, cujo time estréia hoje em casa contra o Strongest.
O treinador do São Caetano costuma ser muito exigente nos treinos e cobra marcação forte de sua equipe. Em confrontos com o Santos no ano passado, foi acusado por Leão de até "mandar bater" nos adversários em campo.
Depois do tranqüilo Oswaldo de Oliveira e do humilde Rojas, o São Paulo, que estréia na Libertadores na semana que vem no Peru contra o Alianza, apostou em Cuca, a versão mais recente e mais aproximada de Luiz Felipe Scolari.
Após alguns dias com o grupo são-paulino, o treinador que inflamou o Goiás no Brasileiro passado lançou uma rígida "cartilha" a ser seguida pelos atletas. "Disciplina é essencial para um grupo ter sucesso", diz o novo comandante do clube do Morumbi.
O São Paulo volta à Libertadores após dez anos. Nos anos 90, o time triunfou na competição nas mãos de Telê Santana, técnico que também cobrava muita disciplina dos jogadores. Cuca não gosta muito de ser comparado com Scolari, mas até seu livro de cabeceira é o mesmo do treinador de Portugal -ele até lembra fisicamente o técnico do penta.
Santos, São Caetano e São Paulo tiveram já no segundo semestre de 2003 um aperitivo para a Libertadores. Os três clubes paulistas fizeram boas campanhas na Copa Sul-Americana. O time da Vila Belmiro cruzou com o do ABC em uma das oitavas-de-final -a equipe de Leão levou a melhor, mas caiu nas quartas. O São Paulo foi às semifinais, sendo foi superado pelo River Plate nos pênaltis.
Para os paulistas, o campeão mundial Boca Juniors não é só o time a ser batido na Libertadores. É também o time a ser copiado.


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