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Paulistas assumem cara argentina na Libertadores
Treinadores de Santos, São Caetano e São Paulo são disciplinadores e ostentam espírito gaúcho
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Leão, Tite e Cuca. Os técnicos
dos times paulistas que estão na
luta pela Libertadores neste ano
preenchem o perfil argentino que
tanto tem dado certo no torneio.
Desde 1999 um clube do país
não conquista o principal torneio
das Américas. E, a partir de então,
praticamente só deu o Boca Juniors do técnico Carlos Bianchi
-o time da Bombonera ganhou
em 2000, 2001 e 2003.
Os treinadores de Santos, São
Caetano e São Paulo adquiriram
boa experiência profissional pelo
Grêmio, considerado por muitos
o mais argentino dos times brasileiros. Os três são disciplinadores,
duros e diretos em seus discursos
e seguem linha parecida com a de
Luiz Felipe Scolari, técnico que
ganhou duas Libertadores e que
personifica o "treinador-xerife".
Leão assumidamente não gosta
de argentinos, mas muito pelas
experiências que teve no país vizinho e que tanto o marcaram.
Perdeu a Copa de 1978 como jogador saindo da disputa como
um "campeão moral", apanhou
como técnico em partida da Copa
Conmebol e ganhou com o próprio Santos esse torneio em 1998
em pleno território argentino.
No ano passado, Leão levou o
Santos à final da Libertadores,
mas não resistiu ao Boca -Bianchi venceu na ocasião sua quarta
Libertadores, a terceira no maior
estádio paulista, o Morumbi.
Disposto a ganhar um dos poucos títulos que não possui, o técnico do Santos já mostrou seu pulso
firme horas antes da estréia na Libertadores, cobrando Robinho
por não ter se tratado devidamente para a partida de hoje contra o
Jorge Wilstermann, na Bolívia.
Tite, o treinador do São Caetano, ficou consagrado como técnico no Grêmio, clube que chegou a
dirigir na Libertadores -caiu
diante do Olimpia apenas na semifinal em 2002, nos pênaltis.
Quando deixou o clube gaúcho,
deu preferência a equipes que potencialmente chegariam à Libertadores. Esteve a ponto de assumir o São Paulo, mas tomou o comando da equipe do ABC, que,
além de fazer boas campanhas no
Nacional nos últimos anos, já tem
tradição internacional -foi finalista da Libertadores em 2002.
"Carrego comigo o objetivo de
ganhar a Libertadores", diz Tite,
cujo time estréia hoje em casa
contra o Strongest.
O treinador do São Caetano
costuma ser muito exigente nos
treinos e cobra marcação forte de
sua equipe. Em confrontos com o
Santos no ano passado, foi acusado por Leão de até "mandar bater" nos adversários em campo.
Depois do tranqüilo Oswaldo de
Oliveira e do humilde Rojas, o São
Paulo, que estréia na Libertadores
na semana que vem no Peru contra o Alianza, apostou em Cuca, a
versão mais recente e mais aproximada de Luiz Felipe Scolari.
Após alguns dias com o grupo
são-paulino, o treinador que inflamou o Goiás no Brasileiro passado lançou uma rígida "cartilha"
a ser seguida pelos atletas. "Disciplina é essencial para um grupo
ter sucesso", diz o novo comandante do clube do Morumbi.
O São Paulo volta à Libertadores após dez anos. Nos anos 90, o
time triunfou na competição nas
mãos de Telê Santana, técnico que
também cobrava muita disciplina
dos jogadores. Cuca não gosta
muito de ser comparado com
Scolari, mas até seu livro de cabeceira é o mesmo do treinador de
Portugal -ele até lembra fisicamente o técnico do penta.
Santos, São Caetano e São Paulo
tiveram já no segundo semestre
de 2003 um aperitivo para a Libertadores. Os três clubes paulistas
fizeram boas campanhas na Copa
Sul-Americana. O time da Vila
Belmiro cruzou com o do ABC
em uma das oitavas-de-final -a
equipe de Leão levou a melhor,
mas caiu nas quartas. O São Paulo
foi às semifinais, sendo foi superado pelo River Plate nos pênaltis.
Para os paulistas, o campeão
mundial Boca Juniors não é só o
time a ser batido na Libertadores.
É também o time a ser copiado.
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