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FUTEBOL
E já vai tarde
JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA
Agnelo Queiroz assumiu o
Ministério do Esporte cercado de boas expectativas na imprensa esportiva, que tinha dele a
imagem de um deputado combativo e sério.
Pois ele está de saída, e não haverá na imprensa respeitável
uma só linha que a lamente.
Lula dirá que jamais houve um
ministro do Esporte como ele.
E, a rigor, com razão, porque foi
o único até agora.
Lembremos que Pelé era ministro extraordinário e que os que o
sucederam no período FHC
-Rafael Greca, Carlos Melles e
Caio Carvalho- foram ministros
do Turismo e do Esporte, mais
daquele do que deste.
Greca e Melles, por sinal, dois
desastres, diferentemente de Carvalho, no último ano.
Agnelo é cordeiro em italiano,
como bem sacou, neste espaço, o
fino provocador Marcos Augusto
Gonçalves, hoje editor da Ilustrada, buono e vero.
Tão cordato que virou amigo
íntimo de cartolas como Carlos
Nuzman e Ricardo Teixeira, este
último vítima de um virulento
discurso seu, com graves acusações, quando o ministro era ainda
deputado do PC do B.
Agnelo entra para a história de
diversas formas, nenhuma delas
abonadora ou confortável.
Como papagaio de pirata de
atletas vencedores, por exemplo.
Ou como hóspede do mesmo luxuoso navio que abrigou o milionário Bill Gates na Olimpíada de
Atenas, em 2004.
Ou pelo episódio, que valeu a
honrada renúncia de Magic Paula ao ministério, quando o Comitê
Olímpico Brasileiro pagou a estadia do ministro e de sua funcionária nos Jogos Pan-Americanos de
Santo Domingo, "equívoco" sanado só depois que a imprensa
descobriu e denunciou.
Agnelo recebeu, dos jogadores
da seleção brasileira, o apelido de
"Medalhão" depois que botou no
peito a medalha de ouro que seria
do zagueiro Luisão, na Copa
América. O atleta saíra do gramado para o hospital.
Não se fez de rogado, também,
ao assinar, ao lado de Amaury
Pasos e Wlamir Marques, a camisa que homenageou os bicampeões mundiais de basquete em
festa realizada na confederação
brasileira.
Pior foi vê-lo como ardoroso defensor dos bingos, vício que o levou a ser o pai do embuste chamado Timemania, a loteria que premia os endividados do futebol
sem deles exigir contrapartidas.
Razão pela qual não é de estranhar que tenha mantido como
agência do ministério, mesmo depois do escândalo, a empresa de
Marcos Valério. Ou que sua saída
seja contemplada com sérias críticas do Tribunal de Contas da
União, que viu inúmeras distorções no programa Segundo Tempo, herança, sob novo nome, da
gestão anterior.
Não satisfeito, Agnelo foi flagrado ao assinar vetos a duas medidas moralizantes do Estatuto do
Torcedor. Confrontado com o que
dizia não ter assinado, tentou fugir, em pleno "Roda Viva", da TV
Cultura, ao dizer que a assinatura
era falsa. Não era.
Sua pífia gestão chega ao fim
porque quer suceder Joaquim Roriz em Brasília. Faz sentido.
Sem final
Santos e Palmeiras fazem o jogo do domingo paulista. Mas as equipes comandadas por Vanderlei Luxemburgo e Emerson Leão não jogam neste clássico a sorte do campeonato, a tal decisão antecipada.
Não só porque uma vitória do Santos deixará o Palmeiras, virtualmente, a somente dois pontos do líder como porque também tem o
São Paulo, que deve passar pelo São Bento, mesmo atuando em Sorocaba, e permanecer na cola dos santistas, que ainda enfrentarão. Já
os corintianos, que devem golear o Marília no Pacaembu, torcerão
pelo empate na Vila Belmiro, porque ainda jogarão contra o São Paulo, no domingo que vem, e o Palmeiras. Santos e Palmeiras, curiosamente, com elencos mais limitados, possuem campanhas um pouco
melhores que as dos dois ricos rivais, coisa que o Real Madrid sabe
explicar. Ou não?
E-mail blogdojuca@uol.com.br
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