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foco
Horário incomum irrita
torcedores, causa tumulto
e muda rotina do bairro
Rodrigo Capote/Folha Imagem
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Torcedores correm da polícia depois de tentarem forçar a entrada no Pacaembu, após não conseguirem comprar ingressos
EDUARDO OHATA
SANDRO MACEDO
DA REPORTAGEM LOCAL
Acostumado aos jogos noturnos de seu time, Iraildo de
Oliveira achou que a matinê
corintiana, às 17h, era a ocasião ideal para levar sua filha
de oito anos para ver sua primeira partida de futebol.
Chegou às 15h30. Às 18h20,
ainda do lado de fora do Pacaembu, Iraildo deixava o estádio sem poder entrar. ""Eu
não vim pedir nada, vim pagar. É esse o país que vai sediar a Copa?", esbravejou o indignado torcedor, que segurava a mão da filha, chorosa.
Quando já corriam mais de
20min do segundo tempo, a
bilheteria anunciou queda no
sistema e parte da torcida correu em direção à entrada principal do estádio para forçar a
entrada. A polícia agiu rápido
e conteve os mais impulsivos.
A confusão logo foi dissipada.
O tumulto foi o resultado do
problema que ocorreu desde o
início da tarde. Como Iraildo,
cerca de 2.000 torcedores, segundo a polícia, formaram
uma longa fila única, que andava lentamente. Com o horário mais cedo, apostando num
público reduzido, a maioria
dos corintianos deixou para
comprar ingresso pouco antes
do horário da partida.
Pais que buscavam os filhos
em escolas no entorno do estádio sentiram efeitos da mudança de ""fuso horário" da bola. Mães foram pegas de surpresa. Foi o caso de Samanta
Cafardo, 35, que planejava
buscar mais cedo a filha, Lara,
3, que estava febril, na escola.
""Não imaginava que tinha
jogo hoje [ontem]. Demorei
cinco vezes mais do que costumo no mesmo trajeto."
""Os jogos atraem flanelinhas, que não respeitam nem
perua escolar, ameaçam
amassar seu carro", reclamou
Washington Luis, 42, motorista de transporte escolar
que atende a quatro escolas.
Em suma, o coro de falta de
organização foi geral. Orientadores com jaleco com o distintivo do Corinthians argumentavam que a torcida chegou em cima da hora. E se defendiam dizendo que a bilheteria estava aberta havia dias
e, ontem, já funcionava às 9h.
Quando a reportagem chegou, nove guichês funcionavam. Mas torcedores diziam
que só dois ou três estavam
abertos no início da tarde.
""Não deveriam colocar jogo
nesse horário. Quinta? Às
17h? Muita gente acha que
não vai ninguém", argumentou Eric Rafael, 24, que, como
Iraildo, foi embora quando a
partida já passava de sua metade, sem entrar no estádio.
""Claro que estou indo embora. Para que ficar? Para entrar quando o jogo já tiver acabado?", reclamou Laio Santos,
18, fiscal de micro-ônibus.
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