|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Leão à beira de um ataque de nervos
JUCA KFOURI
Colunista da Folha
Emerson Leão é um dos melhores técnicos do país.
No dia em que tiver um grande elenco na mão, sai de baixo.
E a torcida santista soube reconhecer seu trabalho, não só
ao atender ao apelo que ele fez,
comparecendo em bom número ao Morumbi, anteontem, como ao saudar o time em coro,
mesmo diante da derrota para
o Vasco, uma equipe superior.
Mas Leão precisa relaxar. Se
não, pode até ter um troço.
Leão é ainda muito moço para
já estar tão envenenado.
Parece até o mestre Telê Santana, bem mais velho, em seus
últimos tempos no São Paulo.
É compreensível que um profissional de seu nível e que viva
no futebol brasileiro esteja sempre revoltado. Melhor do que
ninguém os profissionais devotados e atentos sabem como os
bastidores são decisivos.
Telê reclamava, com razão,
até da bola -que era muitas
vezes de má qualidade, mas
atendia aos interesses inconfessáveis do organizador desse ou
daquele campeonato.
Leão acha que todos querem
roubá-lo e, com frequência, tanto no Galo como no Santos, teve
razão.
Mas precisa tratar dessa mania de perseguição, sob pena de
graves prejuízos à saúde.
Que, a exemplo de Telê, Leão
busque a perfeição, seja detalhista, nada a opor.
Mas que faça tudo isso mais
feliz, com menos rancor, que se
trate, faça ioga, meditação,
qualquer coisa que o relaxe.
O cardiologista Adib Jatene
gosta de repetir que o trabalho
não mata, a raiva sim.
E que Leão entenda bem: não
é só dentro de campo que existem pessoas permanentemente
à beira de um ataque de nervos
por causa da bagunça e da corrupção que caracterizam o futebol tetracampeão.
Fora também há. Gente que,
no entanto, por mais ranzinza
que às vezes possa parecer, trabalha sempre com alegria e com
um sorriso nos lábios.
Don't worry, be happy, seu
Leão. E vida longa.
Carlos Germano é o melhor, o
mais frio e o mais elegante goleiro brasileiro da atualidade.
Mauro Galvão dispensa comentários. É o fino.
Não existe outro driblador
como Felipe hoje em dia, exceção feita, talvez, a Alessandro.
Ramon é craque, e Juninho
merece a seleção.
E tem Zé Maria, Odvan, Donizete, Luizão, Vágner, além de
Luisinho, Zezinho e Pedrinho
-já que o Huguinho o Pato
Donald não liberou.
O Vasco tem tudo e tem em
Antônio Lopes, técnico que
atingiu a maturidade, político
nas entrevistas, estrategista em
campo. Melhor seria, é claro, se
não tivesse o deputado.
Mas aí já é querer a perfeição,
e, para que o Leão não me goze,
é melhor parar por aqui.
Na noite dos ataques, os zagueiros só se deram bem quando foram à frente. E como!
Duas cabeçadas certeiras de
Júnior Baiano, outra de Cléber,
e o Palmeiras curvou o Defensores del Chaco diante do Cerro
Porteño, com direito a educados aplausos na saída.
O campo, por sinal, estava bonito como nunca se viu, preparado para a Copa América.
Que o Olimpia tenha hoje a
mesma sorte.
Por que Ricardo Teixeira diz
não temer a CPI da CBF e faz
tudo para evitá-la?
Juca Kfouri escreve aos domingos, às terças e às
sextas-feiras
Texto Anterior: Clube quer renegociar parceria Próximo Texto: Sparring - Eduardo Ohata: Centenário Índice
|