DA REPORTAGEM LOCAL

A F-1 passará o dia olhando para o céu. Pela primeira vez desde que as novas regras foram instituídas, a categoria deve assistir hoje a um treino oficial com voltas lançadas debaixo de chuva.
A previsão da meteorologia é de aguaceiro em Interlagos durante a sessão que definirá o grid de largada, a partir das 14h, com TV.
A combinação de chuva forte com a drenagem insuficiente em alguns pontos da pista preocupa os pilotos. A chuva de ontem, nos treinos livres, provocou reações.
A principal delas, um abaixo-assinado comandado por Michael Schumacher e que contou com a adesão de vários colegas, entre eles Rubens Barrichello.
Presidente da GPDA, a associação que reúne os pilotos da categoria, o alemão pediu ao inspetor de segurança da F-1, Charles Whitting, que a pré-classificação fosse adiada. Segundo Schumacher, seria perigoso participar do treino debaixo de uma chuva tão forte -de manhã, quatro pilotos rodaram em poças: Heinz-Harald Frentzen, Fernando Alonso, Kimi Raikkonen e Antonio Pizzonia.
O pedido, porém, nem chegou a ser analisado pela FIA. Logo depois o tempo se firmou.
"Quisemos que a FIA soubesse que as condições da pista não eram seguras. Mas, no final, o tempo melhorou e o pedido perdeu o sentido", disse Coulthard.
A sessão pré-classificatória começou sem chuva, mas Kimi Raikkonen, Coulthard e Juan Pablo Montoya pegaram a pista ainda bastante molhada. A FIA chegou a alertar para o acúmulo de água na pista auxiliar, na saída dos boxes para a Reta Oposta.
Quarto piloto a tentar a volta lançada, Rubens Barrichello usou o trilho seco que havia se formado no asfalto e fez o melhor tempo: 1min23s249. Instantes depois, voltou a chover. E os pilotos que vieram a seguir -entre eles Schumacher- nem de longe ameaçaram o tempo do brasileiro.
Quando já comemorava o resultado, porém, Barrichello viu sua marca cair. Penúltimo a entrar na pista, quando a chuva novamente havia cessado, Mark Webber, da Jaguar, foi 0s138 mais rápido. Fechou o dia com o primeiro lugar.
Mais até do que o resultado do treino, o principal assunto no autódromo foi mesmo a chuva.
"Se chover forte desse jeito antes da corrida, a largada certamente vai acontecer com safety-car", afirmou Carlos Roberto Montagner, diretor do GP Brasil.
De acordo com Pizzonia, a drenagem estava ruim em pelo menos dois pontos do circuito: na curva do Laranjinha e no final da Reta Oposta. "No treino livre, meu carro aquaplanou, perdi totalmente o controle e acabei batendo com força. Parecia que tinha um rio cruzando a pista."
As críticas dos pilotos atingem uma das principais obras feitas em Interlagos para a corrida deste ano. Em comunicado, a organização do GP Brasil informou que foram gastos US$ 1,7 milhão em reparos, inclusive com a melhoria da drenagem em seis curvas.
A programação em Interlagos, hoje, começa às 9h, com o primeiro treino livre. Antes do treino oficial, das 13h30 às 13h45, acontece o warm-up.(FSX e JHM)