São Paulo, segunda-feira, 05 de abril de 2004

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FUTEBOL

Os penetras do baile

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Os favoritos da primeira hora -São Paulo, Santos, Palmeiras- foram caindo um após outro e acabaram ficando o São Caetano e o Paulista, que, como o J. Pinto Fernandes do poema de Drummond, não tinham entrado na história.
E o Campeonato Paulista, que começou tão chocho, ganhou temperatura e dramaticidade nos mata-matas.
Para quem olha de fora, uma final São Caetano x Paulista pode parecer frustrante, mas os dois clubes fizeram por merecer, cada um à sua maneira.
Principalmente o São Caetano. Embora tenha se classificado "na bacia das almas" para as quartas-de-final, subiu de produção na hora certa e soube se impor aos dois mais fortes times do Estado, São Paulo e Santos. As três partidas que o Azulão fez contra eles valeram por tudo o que o time não jogou na primeira fase.
No primeiro "round" do confronto semifinal, na Vila Belmiro, a exuberância do Santos e a eficiência do São Caetano se equilibraram. No segundo, no Anacleto Campanella, o Azulão sufocou o time de Leão, não lhe deixou espaço para respirar, muito menos para criar.
Foi uma atuação impecável, de um grau de acerto extraordinário. Cada erro de passe santista, mesmo que ocorresse lá na frente, diante da área adversária, propiciava um contra-ataque mortífero do São Caetano.
Não que o resultado estivesse escrito nas estrelas. Pode-se dizer que dois lances de talento selaram a sorte no sábado, quando o placar ainda estava virgem.
No primeiro, Robinho recebeu a bola pelo alto, no meio do campo, de costas para o gol do São Caetano. Com a matada no peito, o jovem craque colocou a bola na frente, girou o corpo e deu um lançamento perfeito para Basílio.
No segundo, Marcinho entortou Claiton duas vezes na ponta esquerda e cruzou para Euller.
A diferença entre os dois lances é que Basílio perdeu o gol, e Euller marcou. Se tivesse ocorrido o contrário, tudo poderia ser diferente. Com o placar adverso, o São Caetano teria que sair para o jogo e o Santos teria mais espaço para ampliar. Mas o fato é que a história não se escreve no condicional. O São Caetano goleou porque foi muito mais competente e objetivo que o Santos.
O Azulão é hoje uma equipe invejável, pela coesão tática e pela qualidade do elenco. Basta observar os reservas de que dispõe. Anteontem Triguinho substituiu muito bem o titular Gilberto. Entraram no segundo tempo o meia Lúcio Flávio e o atacante Somália, que construíram de maneira perfeita o quarto gol da equipe.
O Paulista não tem o mesmo poderio, mas é um time aplicado e esperto, que joga, como se diz, "no erro do adversário".
O Palmeiras, ontem, cometeu esses erros em quantidade. Os três gols do Paulista surgiram deles. De nada adiantou a categoria de Pedrinho, fazendo aquele maravilhoso gol de empate no finzinho. Nos pênaltis, quem errou mais acabou penalizado. E quem errou mais, claro, foi o Palmeiras.

Astros ofuscados
A constelação do Fluminense perdeu ontem a final da Taça Rio para o futebol mais modesto do desfalcado Vasco, assim como já tinha perdido a final da Taça Guanabara para o mais coeso Flamengo. É mais uma prova, entre tantas outras, de que não basta juntar um punhado de estrelas para formar um grande time.

Tira-teima
Com a goleada de ontem sobre o América, o Cruzeiro chega embalado à grande final do Campeonato Mineiro contra o Atlético. Sob o comando de Alex, a equipe azul pretende mostrar que ainda tem bala para ser considerada a melhor do país. E o Galo, obviamente, quer mostrar que o Cruzeiro não consegue nem ser a melhor do Estado.


E-mail jgcouto@uol.com.br


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