São Paulo, sábado, 05 de abril de 2008

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JOSÉ GERALDO COUTO

Zico é dez

No comando do Fenerbahce, o Galinho segue levando o futebol brasileiro como uma chama de Prometeu

LEIO NO UOL que Zico talvez seja o enredo da Mangueira para o próximo Carnaval. Nada mais justo -e oportuno, agora que o craque, como treinador, está levando o Fenerbahce, da Turquia, a conquistas inéditas na Copa dos Campeões da Europa.
A ironia, se a homenagem da Mangueira sair mesmo, é que Zico costuma desfilar pela Beija-Flor. E o flamenguista Jorge Benjor, que fez para ele a bela "Camisa 10 da Gávea", sai pelo Salgueiro.
Mas a Estação Primeira tem uma tradição ecumênica de celebrar os grandes nomes da nossa cultura popular, venham de onde vierem. Foi assim com Dorival Caymmi, Tom Jobim e Chico Buarque, unanimidades nacionais.
E Zico? Por incrível que pareça, ele ainda é questionado por alguns.
Romário, seu desafeto, chegou a escarnecer do ex-jogador, por não ter sido campeão mundial com a seleção brasileira.
Em São Paulo, ainda há quem rotule Zico de "invenção carioca" ou "jogador de Maracanã", querendo dizer que só lá o Galinho brilhava.
Quer dizer: não adiantou Zico ter comandado aquele timaço rubro-negro na conquista da Libertadores e do Mundial de Clubes, não adiantou ter sido artilheiro na Itália mesmo jogando na modesta Udinese, não adiantou ter sido o maior ídolo e o maior impulsionador do futebol japonês.
Não adiantou, em suma, ter levado a arte do futebol brasileiro, como uma chama de Prometeu, aos quatro cantos do mundo. Para os tacanhos, Zico só jogava no Maracanã. Só num país como o Brasil, que volta e meia joga no lixo suas melhores potencialidades e promessas, um homem como Zico não é considerado herói nacional, como Puskas na Hungria ou Maradona na Argentina. A Mangueira, agora, pode corrigir isso.

Volta por cima
Reparação, aliás, é a palavra que se aplica à incrível atuação de Deivid na virada do Fenerbahce sobre o Chelsea, na quarta. Na verdade, o ex-santista e ex-cruzeirense não fez quase nada durante o jogo, "só" dois gols: um contra e um a favor.
O primeiro foi de uma infelicidade atroz, típica de atacante que não sabe bem o que fazer na própria defesa e acaba atrapalhando todo mundo, no caso até o fantástico goleiro turco Volkan. O segundo -um chute de longe, no ângulo- foi um golaço que ganhou no contexto o caráter e a dramaticidade de uma redenção pessoal e coletiva.
O episódio me fez lembrar de feito semelhante de Luís Pereira quando jogava no Palmeiras e, num mesmo jogo, fez um gol contra e, depois, um quase espírita a favor, ao ganhar dividida no meio-campo.
O futebol imita a vida -ou é a vida que imita o futebol?
Torci muito pelo Fenerbahce, um time da periferia da Europa recheado de brasileiros (Alex, Deivid, Dracena) e de hispano-americanos abrasileirados (Maldonado, Lugano).

Gafe
Quase não vejo TV, por isso qualifiquei a namorada de Alexandre Pato, Stephany Brito, de "celebridade instantânea". Vários leitores, sobretudo leitoras, me informaram que a moça é atriz de verdade já há algum tempo.


jgcouto@uol.com.br

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