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JOSÉ GERALDO COUTO
Zico é dez
No comando do Fenerbahce, o Galinho segue levando o futebol brasileiro como uma chama de Prometeu
LEIO NO UOL que Zico talvez seja
o enredo da Mangueira para o
próximo Carnaval. Nada mais
justo -e oportuno, agora que o craque, como treinador, está levando
o Fenerbahce, da Turquia, a conquistas inéditas na Copa dos Campeões da Europa.
A ironia, se a homenagem da Mangueira sair mesmo, é que Zico costuma desfilar pela Beija-Flor. E o flamenguista Jorge Benjor, que fez para ele a bela "Camisa 10 da Gávea",
sai pelo Salgueiro.
Mas a Estação Primeira tem uma
tradição ecumênica de celebrar os
grandes nomes da nossa cultura popular, venham de onde vierem. Foi
assim com Dorival Caymmi, Tom
Jobim e Chico Buarque, unanimidades nacionais.
E Zico? Por incrível que pareça,
ele ainda é questionado por alguns.
Romário, seu desafeto, chegou a escarnecer do ex-jogador, por não ter
sido campeão mundial com a seleção brasileira.
Em São Paulo, ainda há quem rotule Zico de "invenção carioca" ou
"jogador de Maracanã", querendo
dizer que só lá o Galinho brilhava.
Quer dizer: não adiantou Zico ter
comandado aquele timaço rubro-negro na conquista da Libertadores
e do Mundial de Clubes, não adiantou ter sido artilheiro na Itália mesmo jogando na modesta Udinese,
não adiantou ter sido o maior ídolo e
o maior impulsionador do futebol
japonês.
Não adiantou, em suma, ter levado a arte do futebol brasileiro, como
uma chama de Prometeu, aos quatro cantos do mundo. Para os tacanhos, Zico só jogava no Maracanã.
Só num país como o Brasil, que
volta e meia joga no lixo suas melhores potencialidades e promessas,
um homem como Zico não é considerado herói nacional, como Puskas
na Hungria ou Maradona na Argentina. A Mangueira, agora, pode corrigir isso.
Volta por cima
Reparação, aliás, é a palavra que
se aplica à incrível atuação de Deivid na virada do Fenerbahce sobre
o Chelsea, na quarta. Na verdade, o
ex-santista e ex-cruzeirense não
fez quase nada durante o jogo, "só"
dois gols: um contra e um a favor.
O primeiro foi de uma infelicidade atroz, típica de atacante que não
sabe bem o que fazer na própria defesa e acaba atrapalhando todo
mundo, no caso até o fantástico goleiro turco Volkan. O segundo -um
chute de longe, no ângulo- foi um
golaço que ganhou no contexto o
caráter e a dramaticidade de uma
redenção pessoal e coletiva.
O episódio me fez lembrar de feito semelhante de Luís Pereira
quando jogava no Palmeiras e, num
mesmo jogo, fez um gol contra e,
depois, um quase espírita a favor,
ao ganhar dividida no meio-campo.
O futebol imita a vida -ou é a vida que imita o futebol?
Torci muito pelo Fenerbahce,
um time da periferia da Europa recheado de brasileiros (Alex, Deivid,
Dracena) e de hispano-americanos
abrasileirados (Maldonado, Lugano).
Gafe
Quase não vejo TV, por isso qualifiquei a namorada de Alexandre
Pato, Stephany Brito, de "celebridade instantânea". Vários leitores,
sobretudo leitoras, me informaram
que a moça é atriz de verdade já há
algum tempo.
jgcouto@uol.com.br
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