São Paulo, sexta-feira, 05 de maio de 2006

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FUTEBOL

Presidente da MSI sente a fúria da torcida corintiana depois de uma das derrotas mais doídas da história do clube

Hostilizado, Kia passa de herói a vilão

DA REPORTAGEM LOCAL

O iraniano Kia Joorabchian, antes festejado e aclamado, sentiu ontem na pele a fúria da torcida corintiana após mais uma frustração na Taça Libertadores.
Ovacionado antes da partida, ele tentou sair do Pacaembu escoltado por seus seguranças. Não conseguiu. Aos gritos de "faltou planejamento" e "engula o Coelho", o presidente da MSI encontrou dificuldades para deixar a tribuna que ocupava no estádio.
Kia, que tinha um carro à sua espera na porta do Pacaembu, voltou e, às pressas, foi para os vestiários escoltado e assustado.
O presidente Alberto Dualib também saiu rápido e foi muito vaiado pela torcida. O time sentiu a revolta de sua fiel torcida, e teve medo. Os jogadores não haviam conseguido deixar o estádio, por temer a reação do público, até o fechamento desta edição, à 1h20. E decidiram não falar à imprensa.
Até mesmo um visitante ilustre, o técnico português José Mourinho, precisou se refugiar nos vestiários corintianos acompanhado por um grupo de seguranças.
Ele não ouviu bronca de torcedores, mas sim pedidos para assumir o comando do time de Ademar Braga. Mourinho, que dirige o inglês Chelsea, foi para os vestiários e depois, quando a situação se acalmou, deixou o Pacaembu acompanhado de empresários.
Fora do estádio, durante confronto entre torcedores e policiais, Kia e Dualib também foram hostilizados pelo público.
O torcedor que foi ontem ao Pacaembu precisou de paciência e cuidado ao entrar no estádio. Com todos os setores lotados uma hora antes da partida, a polícia teve de agir para evitar invasões e maiores tumultos.
No portão principal, por exemplo, grupos de corintianos brigaram com a polícia ao tentar tomar ingressos de cambistas e, em alguns casos, pular a catraca.
Até mesmo as barracas de ambulantes, temendo confrontos na região, recolheram seus materiais. As confusas filas para entrar no estádio faziam com que o torcedor esperasse meia hora para passar as catracas. Alguns, ao pisar no estádio, choravam de emoção.
O contrário ocorria na torcida do River Plate, com cerca de 1.000 pessoas, algumas delas com camisas do São Paulo e do Palmeiras. O espaço vazio possibilitou que os argentinos chegassem ao estádio apenas no início do jogo.
No Pacaembu totalmente tomado, a apreensão dominava. O nervosismo era visível no sofrido rosto de cada corintiano.
Tamanha tensão fez com que várias pessoas deixassem o incentivo ao time em segundo plano. A Folha percorreu vários setores do Pacaembu e viu torcedores preocupados. Alguns, chorando antes mesmo da metade do primeiro tempo. A preocupação foi amenizada com o gol de Nilmar, mas ressurgiu na falha de Coelho, na segunda etapa.
O choro voltou. E deu lugar à revolta com a virada argentina, com alguns coros incitando violência. Revoltados e cabisbaixos, os corintianos que aderiram à Libertadores como nunca deixaram o Pacaembu com o amargo sabor de ter presenciado uma das mais doídas derrotas da história.
Os corintianos deixaram o gramado e correram para os vestiários. Ficaram trancados por mais de uma hora torcendo para que a fúria do público aplacasse. A precaução se mostrou inútil, porque a esta altura não havia mais torcedores nas imediações do palco da tragédia alvinegra. (EA, KT e TT)


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