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FUTEBOL
Presidente da MSI sente a fúria da torcida corintiana depois de uma das derrotas mais doídas da história do clube
Hostilizado, Kia passa de herói a vilão
DA REPORTAGEM LOCAL
O iraniano Kia Joorabchian, antes festejado e aclamado, sentiu
ontem na pele a fúria da torcida
corintiana após mais uma frustração na Taça Libertadores.
Ovacionado antes da partida,
ele tentou sair do Pacaembu escoltado por seus seguranças. Não
conseguiu. Aos gritos de "faltou
planejamento" e "engula o Coelho", o presidente da MSI encontrou dificuldades para deixar a tribuna que ocupava no estádio.
Kia, que tinha um carro à sua espera na porta do Pacaembu, voltou e, às pressas, foi para os vestiários escoltado e assustado.
O presidente Alberto Dualib
também saiu rápido e foi muito
vaiado pela torcida. O time sentiu
a revolta de sua fiel torcida, e teve
medo. Os jogadores não haviam
conseguido deixar o estádio, por
temer a reação do público, até o
fechamento desta edição, à 1h20.
E decidiram não falar à imprensa.
Até mesmo um visitante ilustre,
o técnico português José Mourinho, precisou se refugiar nos vestiários corintianos acompanhado
por um grupo de seguranças.
Ele não ouviu bronca de torcedores, mas sim pedidos para assumir o comando do time de Ademar Braga. Mourinho, que dirige
o inglês Chelsea, foi para os vestiários e depois, quando a situação se
acalmou, deixou o Pacaembu
acompanhado de empresários.
Fora do estádio, durante confronto entre torcedores e policiais, Kia e Dualib também foram
hostilizados pelo público.
O torcedor que foi ontem ao Pacaembu precisou de paciência e
cuidado ao entrar no estádio.
Com todos os setores lotados uma
hora antes da partida, a polícia teve de agir para evitar invasões e
maiores tumultos.
No portão principal, por exemplo, grupos de corintianos brigaram com a polícia ao tentar tomar
ingressos de cambistas e, em alguns casos, pular a catraca.
Até mesmo as barracas de ambulantes, temendo confrontos na
região, recolheram seus materiais.
As confusas filas para entrar no
estádio faziam com que o torcedor esperasse meia hora para passar as catracas. Alguns, ao pisar
no estádio, choravam de emoção.
O contrário ocorria na torcida
do River Plate, com cerca de 1.000
pessoas, algumas delas com camisas do São Paulo e do Palmeiras. O
espaço vazio possibilitou que os
argentinos chegassem ao estádio
apenas no início do jogo.
No Pacaembu totalmente tomado, a apreensão dominava. O nervosismo era visível no sofrido rosto de cada corintiano.
Tamanha tensão fez com que
várias pessoas deixassem o incentivo ao time em segundo plano. A
Folha percorreu vários setores do
Pacaembu e viu torcedores preocupados. Alguns, chorando antes
mesmo da metade do primeiro
tempo. A preocupação foi amenizada com o gol de Nilmar, mas
ressurgiu na falha de Coelho, na
segunda etapa.
O choro voltou. E deu lugar à revolta com a virada argentina, com
alguns coros incitando violência.
Revoltados e cabisbaixos, os corintianos que aderiram à Libertadores como nunca deixaram o
Pacaembu com o amargo sabor
de ter presenciado uma das mais
doídas derrotas da história.
Os corintianos deixaram o gramado e correram para os vestiários. Ficaram trancados por mais
de uma hora torcendo para que a
fúria do público aplacasse. A precaução se mostrou inútil, porque
a esta altura não havia mais torcedores nas imediações do palco da
tragédia alvinegra.
(EA, KT e TT)
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