São Paulo, terça-feira, 05 de maio de 2009

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Continuísmo vai acabar, diz novo cartola da CBB

Carlos Nunes, ex-aliado de Grego, promete uma reeleição apenas no basquete

Hortência, que apoiou candidatura e foi convidada para dirigir setor feminino, deve ser 1º nome anunciado por nova administração

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O oposicionista Carlos Nunes foi eleito ontem o novo presidente da Confederação Brasileira de Basquete. Mandatário da federação gaúcha, Nunes teve o apoio de 16 das 27 federações habilitadas a votar. A eleição foi no auditório do Jóquei Clube, no centro do Rio.
Diante da derrota iminente, momentos antes do pleito, Gerasime Bozikis, o Grego, que comandava a CBB havia 12 anos, retirou candidatura.
"Foi um gesto de grandeza", relatou Nunes, que ocupava cargo de assessor especial da presidência antes de romper com Grego, no começo do ano.
Como o antigo presidente dizia, há 12 anos, Nunes discursa pela profissionalização. Para isso, quer mudar o estatuto para acabar com o continuísmo.
"Minha primeira providência será convocar a Assembleia Geral da confederação para que haja só uma reeleição", afirma o dirigente, que comandou a federação gaúcha por 15 anos.
Nunes também quer estabelecer que os vice-presidentes sejam eleitos. "O número será decidido pelas federações."
Hoje, Nunes deve anunciar Hortência como o primeiro nome de sua diretoria. A ex-cestinha, que apoiou sua campanha, foi convidada para dirigir o departamento feminino da CBB.
"Vou conversar amanhã [hoje] com ele. Estou animada. A gente não pode só criticar. Tem que participar", afirma ela.
Grego, que tentava o quarto mandato, teve gestão turbulenta. Empossado em 1997, teve como melhor momento o bronze obtido pela seleção feminina nos Jogos de Sydney-2000.
Desde então, viu o time perder o rumo, com a aposentadoria de estrelas como Janeth. Sem reposição à altura, o Brasil penou para obter a última vaga para os Jogos de Pequim-08. Na China, não passou do penúltimo lugar, à frente só do Mali.
No masculino, nomeou sucessivamente três técnicos para conduzir o Brasil à vaga olímpica. Todos fracassaram.
Hélio Rubens não passou do sexto lugar no Pré-Olímpico-99. Lula Ferreira não levou o time a Atenas-04 e Pequim-08.
Sua última aposta foi no espanhol Moncho Monsalve, que não obteve a classificação no Pré-Olímpico Mundial-08, espécie de repescagem, disputado às vésperas da Olimpíada.
Sem bons resultados, a CBB perdeu patrocínio da Caixa Federal em 2001, após oito anos investindo no basquete. Sem a CEF, a seleção só voltou a ter financiador forte, para masculino e feminino, com a entrada da Eletrobrás, em 2003.
A má campanha de suas seleções fez a CBB perder, em 2009, fatia na Lei Piva, que destina parte da arrecadação das loterias da Caixa ao esporte.
O COB (Comitê Olímpico Brasileiro), que gerencia essa verba, diminuiu a porção destinada ao basquete de R$ 2,3 milhões para R$ 1,7 milhão.
Ontem, Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB, em iniciativa pouco usual, lançou nota à imprensa parabenizando Nunes. "Desejamos sucesso na administração do basquete nacional e desde já o COB se coloca à disposição da CBB para reerguer o basquete brasileiro."
Procurado ontem, depois da eleição, Grego disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que não daria entrevista.


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