São Paulo, quinta-feira, 05 de maio de 2011

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JUCA KFOURI

A raiva de Muricy


Por que um técnico exala insatisfação após ver seu time avançar na Libertadores


É FAMOSO, até folclórico, o mau humor de Muricy Ramalho.
Que nem sequer original é, haja vista as reações mais recentes do Felipão, de José Mourinho, de tantos professores.
Só que Muricy não estava exatamente mal-humorado depois da sofrida classificação do Santos para as quartas de final da Libertadores, o 0 a 0 a duríssimas penas com o América mexicano, em Querétaro. O técnico estava era irritado mesmo, estressado ao extremo, com, numa palavra, raiva.
Muita raiva, em duas palavras.
E com razão.
Muuuuuuuuita razão.
Seu time quase não era um time de futebol, embora fosse um grupo bravo, que beirou o heroísmo, tamanho o bagaço de todos, depois de jogar no sábado, viajar por 16 horas no domingo e voltar a campo na terça-feira, com a perspectiva de nova desgastante viagem pela frente e uma outra decisão no domingo, na casa do rival.
Se alguém acha que um treinador pode ver seus comandados caírem como peças de dominó sem mais, como caíram Elano e Arouca, é porque esse alguém imagina que não corra sangue nas veias de um técnico, que ele seja só táticas e estratégias, motivações e preleções, para estudo dos operacionais, nova categoria criada por este brilhante Tostão, depois de recentemente ter inventado os zé regrinhas, categorias em que todos nós, analistas de futebol, podemos ser enquadrados vez por outra.
Pois bem: Muricy Ramalho não admitirá até por uma questão de lealdade que está fulo da vida, indignado por não poder mandar o Paulistinha às favas para se concentrar apenas na Libertadores.
Se estava na madrugada da quarta-feira, deverá estar muito mais na noite deste domingo, às vésperas de ter de enfrentar simples, e provavelmente (escrevo antes do jogo contra o Once Caldas) o Cruzeiro, naquele que tem tudo para ser o grande jogo brasileiro neste semestre, mas que, pelo tratamento de gado que se dá ao jogador de futebol, nem será isso tudo com tantos desfalques.
Repita-se a pergunta: de que vale o 19º título estadual do Santos comparado à terceira estrela da Libertadores? E o sexto título estadual de Muricy Ramalho comparado ao seu primeiro do torneio continental que, além do mais, abre a porta para o seu primeiro mundial, terceiro do Santos, inédito pós-Pelé?
Entendeu a raiva de Muricy Ramalho?

blogdojuca@uol.com.br


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