São Paulo, quinta, 5 de junho de 1997.



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FUTEBOL
Torcedores temem pela segurança no estádio e questionam a 'união forçada' de são-paulinos e corintianos
Federação ignora volta das organizadas

Cléo Velleda - 3.jun.97/Folha Imagem
Torcedores formam fila, ontem, para comparar os últimos ingressos para a decisão do Paulista-97


FERNANDO ITOKAZU
e MAURÍCIO RUDNER HUERTAS
da Reportagem Local

As torcidas organizadas de Corinthians e São Paulo garantiram a presença no estádio do Morumbi, na partida que decide o Campeonato Paulista, mas temem pela segurança do público.
Gaviões da Fiel, Camisa 12 (Corinthians) e Independente (São Paulo) dizem que esse temor existe em virtude da decisão da PM e da Federação Paulista de Futebol de não separar as torcidas.
Cláudio Romero, presidente da Camisa 12 e coordenador da Atoesp (Associação das Torcidas Organizadas de São Paulo), disse que a entidade encaminhou um documento para o presidente da FPF, Eduardo José Farah, alertando para esse fato.
"Tentei falar com o presidente, mas, na recepção, fui informado que para ele torcida organizada não existe mais", afirmou.
"Estamos apreensivos", reforça Metaleiro (que não revela seu nome), presidente da Gaviões da Fiel. Ele estima que cerca de dez mil integrantes da maior torcida organizada do país irão ao jogo.
Fato irreal
O capitão Botelho, do 2º Batalhão da Tropa de Choque da PM, disse que a separação de torcidas não é necessária.
"Quem entra no estádio naturalmente se dirige para a torcida do seu time", garantiu. "Além disso, quem diz que as organizadas estão de volta é a imprensa, mas essa não é a realidade que vemos."
Segundo o presidente da Camisa 12, ninguém orientou o torcedor na hora da compra dos ingressos.
"Um corintiano pode ficar em um setor no qual a maioria é formada por torcedores do São Paulo e vice-versa", afirmou.
O vice-presidente da Independente, Marco Fábio Freitas, disse que a PM tem de se responsabilizar pelas consequências do seu ato.
"Em todo o mundo, as torcidas são separadas. Temo pelo que possa acontecer", disse Freitas.
O capitão Botelho, da PM, afirmou que estatísticas mostram que a não-separação de torcidas é um recurso válido.
"Após a adoção dessa medida, o média de ocorrências caiu de 8 para apenas 1,2 por jogo."
Ele disse ainda que a qualidade das infrações também mudou. "Antes, havia mortes nos estádios. Hoje, quando acontece alguma coisa, é só empurrão."
Mais problemas
Os ingressos para a decisão do Paulista acabaram mais de 48 horas antes do jogo, causando uma revolta generalizada.
Segundo a FPF, ainda estavam à venda "inúmeras cadeiras cativas para o torcedor comum".
Porém, aqueles que seguiam à risca a orientação, encontravam bilheterias fechadas.



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