São Paulo, quarta-feira, 05 de junho de 2002

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TÊNIS

Maturidade, certezas e objetivos

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

O jogo não estava tão difícil assim, é verdade. Os dois primeiros sets foram tranquilos, meros 6/2, 6/4. O terceiro set parecia ser mais duro, porém. Do outro lado da quadra, Tommy Robredo não tinha outra opção a não ser reagir.
Aos 20 anos, o espanhol tinha a juventude a seu favor. Prolongar a troca de bolas talvez fosse a melhor tática contra o sujeito careca de 32 anos que estava lhe eliminando. E assim foi, naquela jogada. Uma troca de bolas que parecia interminável no fim de tarde em Paris.
Na 33ª rebatida, Robredo viu a bola vir mais forte, no canto direito. Correu, correu, correu, mas não conseguiu rebater. A bola, rápida, já havia passado. O espanhol desanimou. Apoiou-se na raquete, esta, por sua vez, apoiada no chão. Sentiu o cansaço, sentou-se na cadeira do juiz de linha. Do outro lado da quadra, Andre Agassi já estava pronto para receber o saque.
No jogo seguinte, outro jovem, Paul-Henri Mathieu, também meros 20 anos, chegou a abrir dois sets sobre o americano. Empolgado, confiante, forte, apoiado pela torcida de seu país, perdeu.
"É preciso deixar bem claro, mostrar a eles [jovens tenistas" o que você quer e o que vai fazer o dia todo", disse Andre Agassi. "Na minha idade, eu não blefo.""
Andre Agassi tem mostrado mais que talento nestes últimos anos. A maturidade em quadra, que já era um ponto forte seu, tem se mostrado decisiva. É bem provável que, daqui a pouco, tenistas talentosos como Robredo e Mathieu passem a ganhar de Agassi, o que não aconteceu neste Roland Garros. Quando tiverem mais maturidade, que fique claro.

Marat Safin, que tem feito campanhas mais regulares, não pára de falar das suas. Disse que agora está mais experiente e maduro, o que é verdade, mas que isso atrapalha. É possível?
Explica o explosivo Marat, 22 anos: "Quando você começa a entender o jogo muito bem, começa a entrar em pânico. Você [jornalista, leitor, torcedor" pode não entender isso, mas os jogadores entendem". Continua Marat: "É melhor não ter noção do jogo, porque assim você não se preocupa com nada além de jogar; apenas rebate a bola".

Apesar da tristeza por não poder ver seu maior ídolo defender o título em Paris, é certo que o leitor deve ficar bastante satisfeito com a atuação de Gustavo Kuerten em Roland Garros.
Esperto, o próprio Guga lembra: "Há alguns meses, eu mesmo tinhas dúvidas quanto à minha participação aqui; pelo menos pude vir defender o título e ficar entre os 16 melhores.""
Foi uma boa participação de Kuerten no Aberto da França. Nas três vitórias, mostrou que está voltando à velha forma técnica; na derrota, o físico mostrou que ainda lhe falta um pouco. (Isso para quem conseguiu ver, já que a emissora responsável pela transmissão dos jogos de Roland Garros no país gerou uma onda de reclamações jamais vista no e-mail desta coluna. Mas o que esperar de uma emissora que há anos prefere exibir por aqui o "homem mais forte do mundo" a finais de grandes torneios?)
A lamentar, apenas o fato de o brasileiro de novo fugir de Wimbledon. Mas isso é outra história.

Garota de sorte
Todo mundo se lembra quando Andre Agassi perdeu para Sebastien Grosjean, no ano passado. A "culpa" teria sido de Bill Clinton. Pois no sábado a filha do ex-presidente, Chelsea, mostrou que a família não é de assustar: viu Agassi passar por Tommy Robredo. Mas dizem que a atenção de Chelsea estava no jogo de Marat Safin.

Garota prodígio?
Para quem acha que o tênis feminino não tem surpresas, atenção à argentina Clarisa Fernandez, 20. Magricela, já está sendo comparada, com certo exagero, a Gabriela Sabatini.

Garota fashion
No quesito "vestuário", a estrela é Serena Williams. Nas duas primeiras rodadas, chamou a atenção mais seu uniforme em "homenagem" à seleção camaronesa do que seu jogo. Nos jogos seguintes, uma peça preta, curtíssima. Nos pés, tênis dourados.

E-mail reandaku@uol.com.br



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