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Jogadores da seleção perderam cerca de três horas com inauguração de um parque temático do patrocinador da CBF
Dunga critica evento da Nike
dos enviados especiais a Paris
O volante Dunga criticou a ida
da seleção brasileira a um evento
promovido pela Nike, ontem à
tarde, perto de Paris.
A empresa, que fornece material
esportivo para todas as equipes da
Confederação Brasileira de Futebol, inaugurou um espaço de recreação junto ao Arch de la Défense, localizado em Neuilly-sur-Seine, cidade vizinha à capital francesa. O evento contou com a presença do Trio Esperança, formado
por cantoras brasileiras.
"Acho bacana que exista um
espaço para as crianças, mas a vinda da seleção nesse momento é
inoportuna.", afirmou o capitão
da seleção.
É a primeira vez que um jogador
critica abertamente a empresa que
paga US$ 22 milhões por ano à
CBF pelo direito de fabricar o uniforme da seleção até 2006.
Dunga fará na França sua terceira Copa. Em 1990, tornou-se o
símbolo do fracasso brasileiro na
Itália, causado pelo mau relacionamento entre os jogadores e pelos erros da comissão técnica.
Em 1994, o jogador deu a volta
por cima e levantou a Taça Fifa, na
conquista do tetracampeonato.
"Todos sabem que sempre faço o máximo para ganhar. Vencer
uma Copa é o máximo para qualquer jogador. Esta tem um sabor
especial, porque sei que será a última para mim."
Para ir à cerimônia, a comissão
técnica alterou seu cronograma de
trabalho. O treino foi adiantado
das 16h30 para as 15h50.
O treinamento durou apenas 15
minutos. Ele se resumiu a um
alongamento e a uma corrida em
volta do campo do estádio de
Ozoir-la-Ferrière (cidade a sudeste de Paris). Depois os jogadores
tomaram banho e partiram em direção ao Nike Park, distante cerca
de 50 km.
Apesar de ter permanecido apenas cerca de meia hora no local, a
delegação brasileira gastou mais
de três horas com o evento, incluindo os deslocamentos.
Dunga afirmou que esse tempo
não poderia ter sido desperdiçado.
"Estamos a poucos dias da
Copa e precisamos treinar", afirmou ele, que é apontado pelo técnico Mario Zagallo como exemplo
de dedicação profissional e seu
braço-direito.
Dos 21 jogadores que chegaram à
França em 22 de maio (exceto
Emerson), apenas 3 têm contratos
com concorrentes da Nike. Dunga
(Reebok) é um deles. Os outros
são Taffarel (Diadora) e o zagueiro
Aldair (Reebok).
O supervisor da seleção, Américo Faria, omitiu-se sobre a declaração do capitão do time: "Isso
é a opinião dele".
Ronaldinho, o principal atleta de
futebol patrocinado pela Nike em
todo o mundo, defendeu o evento.
"Isso não atrapalha em nada.
Mas era melhor estar treinando."
Poder
A presença da seleção brasileira
na inauguração é apenas outro
elemento que mostra a ingerência
dessa empresa sobre a CBF.
Nos dois últimos amistosos da
seleção, a Nike esteve presente. No
primeiro, no domingo, a Nike realizou a final do seu torneio europeu de futebol infantil na preliminar de Athletic Bilbao x Brasil. Anteontem, Andorra usou uniformes
Nike sem receber um centavo para
enfrentar a seleção brasileira.
Apesar de a Nike patrocinar
mais de 500 atletas e cinco seleções
de futebol, apenas o ex-jogador da
seleção francesa Eric Cantona, que
se aposentou no final da temporada 96/97, e a equipe brasileira participaram da inauguração.
O jogador francês Ibrahim Ba,
meia do Milan (Itália) que foi cortado da seleção, compareceu apenas para assistir.
Segundo o assessor de imprensa
da delegação brasileira, Nelson
Borges, os jogadores tiveram a
obrigação de comparecer ao evento. Por isso, todos os 22 estiveram
lá, bem como toda a comissão técnica.
(AGz, JCA, MD e MM)
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