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Maior evento em um século acaba em lamento
DO ENVIADO A LISBOA
A épica campanha luso-brasileira na Eurocopa-2004 gerou um
grande "boom" comercial e patriótico no país, mas acabou em
tragédia que lembrou a derrota
do Brasil na final da Copa de 1950
diante do Uruguai no Maracanã.
Ontem, jornais lusos esgotaram
nas bancas com promoções. O
""Correio da Manhã", por exemplo, oferecia, além de suas páginas, bandeiras e camisas para
apoiar a seleção lusa, que tem técnico, auxiliar-técnico, preparador
físico e jogador brasileiros. A revista ""Visão" também esgotou
por trazer o hino português. O título era dado como certo.
""O Felipão ensinou o hino de
Portugal a muitos portugueses",
disse Vítor Coutinho, proprietário de uma banca de jornal.
O CD oficial do torneio, com o
hit ""Força", de Nelly Furtado, bateu recorde de vendas no país e está esgotado em todas as lojas.
Quase todos os programas de
TV em Portugal cobriram de alguma forma a disputa. A peregrinação de torcedores desde Alcochete, região periférica de Lisboa,
foi acompanhada por todo o país.
Desde anteontem à tarde, havia
torcedores lusos no centro de treinamento do Sporting, onde a seleção ficou concentrada.
A entrega popular à equipe portuguesa foi algo poucas vezes visto na história do futebol. Ontem,
um cordão humano de quase 10
km que ia até o estádio da Luz foi
um grande corredor para o ônibus do time treinado por Scolari.
Antes do jogo, Lisboa viu a cerimônia de encerramento da competição, uma festa que teve a participação de cem bailarinos e 170
músicos -Nelly Furtado cantou
como na abertura do torneio, no
Porto, no dia 12 de junho.
""O impacto da Euro-2004 ultrapassa tudo o que se fez em Portugal nos últimos cem anos. Foi um
momento de orgulho que vai
marcar o país", disse o ministro-adjunto José Luís Arnaut, coordenador da força-tarefa do governo
para a competição.
Segundo ele, a Expo-98, evento
que marcou bastante o país, não
chega nem perto do que representou o torneio de seleções para
Portugal. Uma das novidades no
país foi a maciço apoio feminino à
seleção, algo que deve-se muito ao
emotivo discurso de Scolari.
""Antes, não tinha tanto interesse por futebol. Sou cardíaca e é difícil ver os jogos de Portugal. Mas
o Felipão nos incentivou a usar as
bandeiras. A mulher participa
muito mais do futebol em Portugal hoje", disse a arrumadeira
Maria de Fátima Junqueira, 57.
Scolari virou unanimidade entre os torcedores portugueses,
que não se importam mais com o
alto salário do treinador -cerca
de 150 mil por mês. Se antes ele
era chamado de ""caro" até pelo
presidente da federação lusa, agora há comentaristas na TV destacando que ele merecia ganhar
muito mais pelo que fez.
""Nossa seleção tem um homem
que já foi criticado, mas que provou ser um grande homem, um
grande técnico", disse Eusébio,
ídolo do futebol português que fez
a entrega do troféu.
(RBU)
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