São Paulo, segunda-feira, 05 de julho de 2004

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Maior evento em um século acaba em lamento

DO ENVIADO A LISBOA

A épica campanha luso-brasileira na Eurocopa-2004 gerou um grande "boom" comercial e patriótico no país, mas acabou em tragédia que lembrou a derrota do Brasil na final da Copa de 1950 diante do Uruguai no Maracanã.
Ontem, jornais lusos esgotaram nas bancas com promoções. O ""Correio da Manhã", por exemplo, oferecia, além de suas páginas, bandeiras e camisas para apoiar a seleção lusa, que tem técnico, auxiliar-técnico, preparador físico e jogador brasileiros. A revista ""Visão" também esgotou por trazer o hino português. O título era dado como certo.
""O Felipão ensinou o hino de Portugal a muitos portugueses", disse Vítor Coutinho, proprietário de uma banca de jornal.
O CD oficial do torneio, com o hit ""Força", de Nelly Furtado, bateu recorde de vendas no país e está esgotado em todas as lojas.
Quase todos os programas de TV em Portugal cobriram de alguma forma a disputa. A peregrinação de torcedores desde Alcochete, região periférica de Lisboa, foi acompanhada por todo o país. Desde anteontem à tarde, havia torcedores lusos no centro de treinamento do Sporting, onde a seleção ficou concentrada.
A entrega popular à equipe portuguesa foi algo poucas vezes visto na história do futebol. Ontem, um cordão humano de quase 10 km que ia até o estádio da Luz foi um grande corredor para o ônibus do time treinado por Scolari.
Antes do jogo, Lisboa viu a cerimônia de encerramento da competição, uma festa que teve a participação de cem bailarinos e 170 músicos -Nelly Furtado cantou como na abertura do torneio, no Porto, no dia 12 de junho.
""O impacto da Euro-2004 ultrapassa tudo o que se fez em Portugal nos últimos cem anos. Foi um momento de orgulho que vai marcar o país", disse o ministro-adjunto José Luís Arnaut, coordenador da força-tarefa do governo para a competição.
Segundo ele, a Expo-98, evento que marcou bastante o país, não chega nem perto do que representou o torneio de seleções para Portugal. Uma das novidades no país foi a maciço apoio feminino à seleção, algo que deve-se muito ao emotivo discurso de Scolari.
""Antes, não tinha tanto interesse por futebol. Sou cardíaca e é difícil ver os jogos de Portugal. Mas o Felipão nos incentivou a usar as bandeiras. A mulher participa muito mais do futebol em Portugal hoje", disse a arrumadeira Maria de Fátima Junqueira, 57.
Scolari virou unanimidade entre os torcedores portugueses, que não se importam mais com o alto salário do treinador -cerca de 150 mil por mês. Se antes ele era chamado de ""caro" até pelo presidente da federação lusa, agora há comentaristas na TV destacando que ele merecia ganhar muito mais pelo que fez.
""Nossa seleção tem um homem que já foi criticado, mas que provou ser um grande homem, um grande técnico", disse Eusébio, ídolo do futebol português que fez a entrega do troféu. (RBU)


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