|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Dia de visita
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
A semana das zebras foi coroada pela maior de todas:
a Grécia que conquistou ontem o
título europeu batendo Portugal
no campo do rival é a mesma que
só tinha ido antes a uma Eurocopa (em 1980), caindo fora, naquela ocasião, na primeira fase, com
um empate e duas derrotas.
Nada disso. Não é a mesma
Grécia. Os jogadores são outros, o
técnico é outro, o contexto é outro. É isso que temos dificuldade
de aceitar, às vezes: os times mudam, ainda que a cor da camisa
permaneça a mesma.
A Grécia que venceu Portugal
ontem é um time bem armado na
defesa e incisivo nos contra-ataques, com atletas de bom nível
técnico e jogada aérea mortal.
O gol que Charisteas fez foi praticamente um "replay" do gol de
Dellas contra a República Tcheca.
No de ontem, o goleiro Ricardo ficou mais preocupado em segurar
outro atleta grego do que em interceptar o cruzamento. À parte
isso, quem estava marcando Charisteas era Costinha, mais baixo
que ele pelo menos um palmo.
Detenho-me em detalhes porque é com eles, também, que se
pintam as listras das zebras. Mas,
se a Grécia fosse um amontoado
de pernas-de-pau e Portugal fosse
um esquadrão invencível, situações como essa teriam muito menos chance de ocorrer. A história
de uma partida, como a história
humana em geral, é uma mistura
de acaso e necessidade.
Embora as visitas tenham
aguado sua festa, Portugal está de
parabéns. Organizou uma Eurocopa impecável -aquele gaiato
que invadiu o campo e se jogou
nas redes trouxe o toque necessário de loucura ibérica- e chegou
à sua primeira grande final. Para
completar, um time português (o
Porto) está na final do mundial
interclubes.
Também no Brasileirão foi um
domingo de visitas inoportunas.
Santos, Palmeiras, Coritiba e até
mesmo o lanterna Botafogo venceram seus confrontos na casa do
adversário.
No clássico do Pacaembu, deu a
lógica. Embora não tenha jogado
um futebol brilhante, o Santos
mostrou que a superioridade técnica de seus jogadores sobre os do
Corinthians é gritante.
E o time de Tite, mesmo com
três zagueiros, mostrou-se de
uma fragilidade defensiva preocupante. No primeiro gol santista,
a bola cruzada por Léo encontrou
Robinho e Elano sozinhos praticamente na pequena área. O primeiro não alcançou, o segundo
fulminou.
Mas nós, corintianos, sempre
buscamos um motivo de esperança. No caso do jogo de ontem,
penso que esse motivo pode ter sido a estréia de Fábio Baiano, jogador raçudo e de boa qualidade
técnica que, no atual contexto,
pode até virar ídolo no Parque
São Jorge -se não cair junto com
o time para a Série B.
A surpresa da rodada ficou por
conta da vitória botafoguense no
ABC. Quem diria que um dia o
glorioso clube da estrela solitária
seria considerado "zebra"? É como eu disse lá em cima: os times
mudam, só fica a cor da camisa.
Destinos opostos
Palmeiras e Botafogo, os dois
grandes que passaram uma
temporada no inferno da Segundona, vivem hoje momentos opostos na Série A. Enquanto o clube carioca conquistava
ontem sua primeira vitória, lutando para deixar a lanterna, o
alviverde chegava à liderança.
O Palmeiras, como já foi dito
aqui, tem grandes chances de
terminar o campeonato entre
os primeiros, pois dispõe de
uma equipe consistente e combativa, com ótimos valores individuais: Marcos (ou Sérgio),
Magrão, Lucio, Pedrinho etc.
Estrelas cadentes
A elástica derrota do Cruzeiro
em casa para o Coritiba mostrou que Leão vai ter trabalho
para evitar que o atual campeão
entre em queda livre. Será que
Alex faz tanta falta assim?
E-mail: jgcouto@uol.com.br
Texto Anterior: Ginástica: Má atuação no Nacional preocupa treinador Próximo Texto: Em ascensão, Santos afunda Corinthians Índice
|