São Paulo, segunda-feira, 05 de julho de 2004

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FUTEBOL

Dia de visita

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

A semana das zebras foi coroada pela maior de todas: a Grécia que conquistou ontem o título europeu batendo Portugal no campo do rival é a mesma que só tinha ido antes a uma Eurocopa (em 1980), caindo fora, naquela ocasião, na primeira fase, com um empate e duas derrotas.
Nada disso. Não é a mesma Grécia. Os jogadores são outros, o técnico é outro, o contexto é outro. É isso que temos dificuldade de aceitar, às vezes: os times mudam, ainda que a cor da camisa permaneça a mesma.
A Grécia que venceu Portugal ontem é um time bem armado na defesa e incisivo nos contra-ataques, com atletas de bom nível técnico e jogada aérea mortal.
O gol que Charisteas fez foi praticamente um "replay" do gol de Dellas contra a República Tcheca. No de ontem, o goleiro Ricardo ficou mais preocupado em segurar outro atleta grego do que em interceptar o cruzamento. À parte isso, quem estava marcando Charisteas era Costinha, mais baixo que ele pelo menos um palmo.
Detenho-me em detalhes porque é com eles, também, que se pintam as listras das zebras. Mas, se a Grécia fosse um amontoado de pernas-de-pau e Portugal fosse um esquadrão invencível, situações como essa teriam muito menos chance de ocorrer. A história de uma partida, como a história humana em geral, é uma mistura de acaso e necessidade.
Embora as visitas tenham aguado sua festa, Portugal está de parabéns. Organizou uma Eurocopa impecável -aquele gaiato que invadiu o campo e se jogou nas redes trouxe o toque necessário de loucura ibérica- e chegou à sua primeira grande final. Para completar, um time português (o Porto) está na final do mundial interclubes.

Também no Brasileirão foi um domingo de visitas inoportunas. Santos, Palmeiras, Coritiba e até mesmo o lanterna Botafogo venceram seus confrontos na casa do adversário.
No clássico do Pacaembu, deu a lógica. Embora não tenha jogado um futebol brilhante, o Santos mostrou que a superioridade técnica de seus jogadores sobre os do Corinthians é gritante.
E o time de Tite, mesmo com três zagueiros, mostrou-se de uma fragilidade defensiva preocupante. No primeiro gol santista, a bola cruzada por Léo encontrou Robinho e Elano sozinhos praticamente na pequena área. O primeiro não alcançou, o segundo fulminou.
Mas nós, corintianos, sempre buscamos um motivo de esperança. No caso do jogo de ontem, penso que esse motivo pode ter sido a estréia de Fábio Baiano, jogador raçudo e de boa qualidade técnica que, no atual contexto, pode até virar ídolo no Parque São Jorge -se não cair junto com o time para a Série B.
A surpresa da rodada ficou por conta da vitória botafoguense no ABC. Quem diria que um dia o glorioso clube da estrela solitária seria considerado "zebra"? É como eu disse lá em cima: os times mudam, só fica a cor da camisa.

Destinos opostos
Palmeiras e Botafogo, os dois grandes que passaram uma temporada no inferno da Segundona, vivem hoje momentos opostos na Série A. Enquanto o clube carioca conquistava ontem sua primeira vitória, lutando para deixar a lanterna, o alviverde chegava à liderança. O Palmeiras, como já foi dito aqui, tem grandes chances de terminar o campeonato entre os primeiros, pois dispõe de uma equipe consistente e combativa, com ótimos valores individuais: Marcos (ou Sérgio), Magrão, Lucio, Pedrinho etc.

Estrelas cadentes
A elástica derrota do Cruzeiro em casa para o Coritiba mostrou que Leão vai ter trabalho para evitar que o atual campeão entre em queda livre. Será que Alex faz tanta falta assim?

E-mail: jgcouto@uol.com.br


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