São Paulo, quarta-feira, 05 de julho de 2006

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Juca Kfouri

Felipão ou Zidane

Caso o brasileiro mande que parem o francês na pancada, a dúvida sumirá

DOU-ME por feliz por ter vindo à Copa pelo simples fato de ter testemunhado, no estádio, das maiores exibições individuais de um craque em todos os tempos. Falo de Zidane, é claro. E falo de exibição individual pelo que teve, antes de tudo, de coletivo. E me debato agora entre torcer por ele ou Felipão. A dúvida é simples e complicada. Simples se a preocupação for apenas com o futebol.
Que dê Zizou. Entre outras coisas porque o Felipão também disse, como Parreira, que dar espetáculo não ganha torneios. Mas tem o lado complicado. Não se pode exigir da seleção portuguesa o que se exige da brasileira. É uma questão de perspectiva histórica. Portugal jamais jogou bonito. A galeria de seus jogadores excepcionais têm três nomes: Coluna, Eusébio e Figo. A França, além de Zidane, Platini, Kopa e Fontaine, teve Trésor, Tigana, Fernandez, Giresse, tem Henry. Mais: o melhor Portugal da história, o que ficou em terceiro lugar em 1966, notabilizou-se, também, por ter quebrado Pelé quando nem precisava. Tinha a volúpia de agora e era dirigido por outro brasileiro, Oto Glória, aquele que disse que "técnicos de futebol ou são umas bestas ou são bestiais". O Felipão, faz tempo, está apenas entre os bestiais, por tirar azeite de pedra, por fazer render um punhado de jogadores até bons, mas que não se comparam aos Ronaldinhos da Nike ou aos Kakás da Adidas. Gente que ele também soube agrupar na Copa passada e ainda jogar bem, contra Inglaterra e Alemanha.
Tomara que o brasileiro não mande parar o francês na pancada. Se assim for, a dúvida desaparecerá.

Tetra à vista
Foram 115 minutos quase torturantes, com a Itália sempre melhor, mas muito poucas perspectivas de gol. Ficou tudo para os cinco minutos finais e, nos dois últimos, Grosso e Del Piero fizeram justiça: Itália finalista, depressão alemã. A bola foi curta, a vontade imensa. E como nós, brasileiros, nada podemos falar do futebol dos outros, ficou a inveja pela entrega dos jogadores dos dois lados.


blogdojuca@uol.com.br

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