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Cidades da Copa pedem R$ 20 bilhões para União
Gasto com evento pode ser R$ 7,7 bi superior ao investido na Alemanha-06
Ministro das Cidades diz que os pedidos de recursos para projetos de infraestrutura só serão aceitos se forem vinculados ao Mundial-14
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A cinco anos da Copa de
2014, a estimativa de gastos do
governo federal com o evento
se aproxima de R$ 30 bilhões.
As cidades-sedes pleiteiam
ao Planalto pelo menos R$
20,38 bilhões para obras de infraestrutura. Somados aos investimentos de R$ 7,3 bilhões
do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) nas 12 sedes, hoje, o custo somente para
a União atinge R$ 27,7 bilhões.
As cidades escolhidas pela
Fifa não economizam nos pedidos, que vão da construção de
metrôs e duplicação de ruas até
a reforma de hospitais e a compra de ambulâncias e carros para a polícia. Nessa conta não estão recursos para estádios, hotelaria e demais obras que ocorrerão em PPP (com participação da iniciativa privada), como
o trem-bala entre Rio e São
Paulo, cujo custo estimado é de
pelo menos US$ 11 bilhões.
Fortaleza é a recordista em
pedidos: R$ 3,6 bilhões, distribuídos em 56 obras. Brasília
tenta emplacar quatro obras,
com custo de R$ 3,43 bilhões.
A soma dos pleitos das duas
cidades é praticamente o mesmo custo estimado pela África
do Sul para a Copa do Mundo
de 2010: US$ 3,5 bilhões.
O valor calculado pela Folha
é R$ 7,7 bilhões superior ao
gasto total da Copa da Alemanha, sendo que, dos R$ 20 bilhões de investimentos naquele país, só R$ 4 bilhões saíram
dos cofres públicos.
A pressão de Estados e cidades sobre os ministros é intensa. Na semana passada, houve
uma reunião com prefeitos em
Brasília, na qual o governo tentou pôr freio nas demandas.
Como os projetos finais de
investimentos feitos pelas sedes ainda não foram entregues,
o Planalto tenta conter obras
que não considera fundamentais para que a Copa dê certo.
"A palavra é modéstia na preparação da Copa. As cidades
têm que garantir conforto, segurança e acomodações necessárias aos turistas e torcedores.
Mas sem elefante branco e sem
exagero", disse aos prefeitos o
ministro do Esporte, Orlando
Silva Jr., na ocasião.
Em discurso há duas semanas, no Rio, o presidente Lula
pediu aos governadores e prefeitos que tenham "cuidado
com o dinheiro do povo". "São
30 ou 40 dias de Copa, e não
podemos fazer investimentos
de coisas que a gente não vai
utilizar depois", afirmou.
O governo estimulou prefeitos e governadores a fazerem
lista de pedidos para a segunda
Copa no Brasil, mas não contou
com a hipótese de empurrarem
para o seu orçamento demandas históricas, como projetos
de construção de metrôs que se
arrastam há anos, casos de Curitiba e Porto Alegre.
Passou então a deixar claro
às cidades que já está investindo em infraestrutura e transportes por meio do PAC, no
qual R$ 7,3 bilhões estão garantidos -valor que pode aumentar futuramente, com
eventuais aditivos contratuais.
O total destinado às 12 sedes
no PAC será investido na construção de terminais hidroviários (em Manaus) e de metrôs e
em reformas dos aeroportos.
Quase a metade do valor é para
São Paulo: R$ 3,26 bilhões.
A capital paulista é a única
das sedes que não está pedindo
mais verba à União. Obras de
duplicação de avenidas, construção de túneis e novas linhas
de metrô serão feitas, segundo
São Paulo, com recursos estaduais, municipais e privados.
O governo receberá em dois
meses a lista de pedidos das cidades. Fará um filtro e anunciará o PAC da Mobilidade Urbana (que deverá mudar de nome, pois marqueteiros acham
que o termo é muito técnico),
que será uma soma das obras
do PAC já em andamento com
aquelas que forem aprovadas
para o Mundial de 2014.
"Os pedidos só serão aceitos
se tiverem vinculação específica com a Copa. O governo não
vai resolver problemas históricos das cidades", disse o ministro Márcio Fortes (Cidades),
um dos responsáveis por selecionar os projetos.
O governo é tratado pelas sedes como primeira alternativa.
Se não der certo, elas recorrerão a financiamentos externos
e à iniciativa privada.
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