São Paulo, sábado, 05 de agosto de 2000


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ATLETISMO
Vice da entidade diz que cubano foi pego mais de uma vez por uso de cocaína e reabre polêmica sobre perdão
Dirigente da Iaaf acusa Sotomayor de segundo doping

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O vice-presidente e chefe da comissão médica da Iaaf (Federação Internacional de Atletismo), Arne Ljungqvist, afirmou ontem que o atleta cubano Javier Sotomayor foi flagrado em uma segunda oportunidade, fora de competição, no exame antidoping por uso de cocaína, no ano passado.
A declaração provocou uma crise interna na entidade máxima do atletismo mundial a 45 dias do início da Olimpíada de Sydney, reabrindo a polêmica sobre o abrandamento da pena de atletas que foram pegos usando substâncias proibidas.
Sotomayor -recordista mundial do salto em altura- foi suspenso por dois anos pela federação por usar a droga durante os Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, em 99, mas sua punição foi reduzida para um ano na última quarta-feira pelo tribunal da entidade -decisão que permite sua participação na Olimpíada.
Segundo Ljungqvist, o suposto segundo doping do cubano foi levado ao conhecimento da comissão de arbitragem da Iaaf.
"A informação não agregava nada de novo ao caso jurídico, pois Sotomayor já estava sendo julgado por doping em competição", declarou ele.
Para o médico, a comissão desconsiderou o resultado do segundo exame como argumento.
"Sotomayor deveria ter sua punição mantida", disse o dirigente sueco, que ameaça renunciar ao cargo por causa da decisão.
"Compreendo que as pessoas possam achar estranho o fato de permitirmos que atletas que se dopam possam competir de novo", declarou ele.
Sotomayor, que festejara sua liberação para os Jogos Olímpicos na quarta-feira, rechaçou ontem as declarações do dirigente (leia texto nesta página).
O presidente da comissão de arbitragem da Iaaf, Christoph Vedder, afirmou que o conteúdo da audiência que definiu o perdão ao cubano é secreto. "Essa informação (o segundo teste positivo) não teve influência na decisão da comissão", declarou Vedder.
Na sede da Iaaf, a declaração do presidente da comissão médica da entidade gerou polêmica. "Se a informação (do segundo doping) for correta, não mudará o teor da decisão da Iaaf, que quis dar ao atleta uma chance", disse o porta-voz da entidade, Giorgio Reineri.
Na ocasião da redução da punição, a entidade valeu-se das chamadas "condições excepcionais" para reduzir a pena do saltador -mesmo artifício usado pela defesa da atleta brasileira Elisângela Adriano, que teve sua pena por uso do esteróide anabólico nandrolona revista pela entidade.
O perdão a Sotomayor provocou reações adversas dos principais defensores de uma cruzada internacional contra o doping.
A ministra francesa do esporte, Marie-George Buffet, afirmou que não gostou da redução da pena. "Causou grande surpresa isso. Todos os atletas têm que ser tratados da mesma forma, e essa decisão afeta a credibilidade na luta contra o doping", afirmou a ministra, que lidera um grupo que defende a criação de uma agência européia antidoping.


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