|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ATLETISMO
Vice da entidade diz que cubano foi pego mais de uma vez por uso de cocaína e reabre polêmica sobre perdão
Dirigente da Iaaf acusa Sotomayor de segundo doping
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
O vice-presidente e chefe da comissão médica da Iaaf (Federação
Internacional de Atletismo), Arne
Ljungqvist, afirmou ontem que o
atleta cubano Javier Sotomayor
foi flagrado em uma segunda
oportunidade, fora de competição, no exame antidoping por uso
de cocaína, no ano passado.
A declaração provocou uma crise interna na entidade máxima do
atletismo mundial a 45 dias do
início da Olimpíada de Sydney,
reabrindo a polêmica sobre o
abrandamento da pena de atletas
que foram pegos usando substâncias proibidas.
Sotomayor -recordista mundial do salto em altura- foi suspenso por dois anos pela federação por usar a droga durante os
Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, em 99, mas sua punição foi
reduzida para um ano na última
quarta-feira pelo tribunal da entidade -decisão que permite sua
participação na Olimpíada.
Segundo Ljungqvist, o suposto
segundo doping do cubano foi levado ao conhecimento da comissão de arbitragem da Iaaf.
"A informação não agregava
nada de novo ao caso jurídico,
pois Sotomayor já estava sendo
julgado por doping em competição", declarou ele.
Para o médico, a comissão desconsiderou o resultado do segundo exame como argumento.
"Sotomayor deveria ter sua punição mantida", disse o dirigente
sueco, que ameaça renunciar ao
cargo por causa da decisão.
"Compreendo que as pessoas
possam achar estranho o fato de
permitirmos que atletas que se
dopam possam competir de novo", declarou ele.
Sotomayor, que festejara sua liberação para os Jogos Olímpicos
na quarta-feira, rechaçou ontem
as declarações do dirigente (leia
texto nesta página).
O presidente da comissão de arbitragem da Iaaf, Christoph Vedder, afirmou que o conteúdo da
audiência que definiu o perdão ao
cubano é secreto. "Essa informação (o segundo teste positivo) não
teve influência na decisão da comissão", declarou Vedder.
Na sede da Iaaf, a declaração do
presidente da comissão médica
da entidade gerou polêmica. "Se a
informação (do segundo doping)
for correta, não mudará o teor da
decisão da Iaaf, que quis dar ao
atleta uma chance", disse o porta-voz da entidade, Giorgio Reineri.
Na ocasião da redução da punição, a entidade valeu-se das chamadas "condições excepcionais"
para reduzir a pena do saltador
-mesmo artifício usado pela defesa da atleta brasileira Elisângela
Adriano, que teve sua pena por
uso do esteróide anabólico nandrolona revista pela entidade.
O perdão a Sotomayor provocou reações adversas dos principais defensores de uma cruzada
internacional contra o doping.
A ministra francesa do esporte,
Marie-George Buffet, afirmou
que não gostou da redução da pena. "Causou grande surpresa isso.
Todos os atletas têm que ser tratados da mesma forma, e essa decisão afeta a credibilidade na luta
contra o doping", afirmou a ministra, que lidera um grupo que
defende a criação de uma agência
européia antidoping.
Texto Anterior: Boksic assina contrato com Middlesbrough (ING) Próximo Texto: Frase Índice
|