São Paulo, sábado, 05 de agosto de 2000


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OUTDOORS
Pulmões de aço


O mergulho em apnéia, modalidade que explora ao máximo a capacidade respiratória, desafia seus praticantes, como a advogada pernambucana Karol Mariechen Meyer Dal Toé


VANER VENDRAMINI VILELA
DA REPORTAGEM LOCAL

Além de conseguir ficar sem respirar por mais de seis minutos, a pernambucana Karol Mariechen Meyer Dal Toé, 31, conquistou na última quarta-feira o recorde sul-americano de mergulho em apnéia na categoria lastro fixo, mergulhando a de 40 metros de profundidades em lagos.
Karol, que nasceu em Recife e mora desde 1970 em Florianópolis, é especialista em um esporte que explora ao máximo a capacidade de armazenamento aeróbico do praticante: o mergulho em apnéia.
Nas várias categorias deste esporte, o apneísta deve atingir o maior tempo, distância ou profundidade que for capaz em apnéia, ou seja, sem respirar.
Influenciada por seu pai, a advogada tem um histórico recheado pela prática de esportes.
Entretanto, sua facilidade para manter o fôlego mostrou seus primeiros sinais quando acompanhava seu marido em mergulhos de pesca submarina.
Após perceber que tinha capacidade para grandes apnéias, Karol se propôs a realizar um teste em uma piscina. Sem nenhum treinamento específico, ela conseguiu a marca de 3min49s.
Só esse primeiro tempo já desafiaria os melhores especialistas em testes neurológicos de morte encefálica, que, junto com outros exames, usam o "teste da apnéia" para diagnosticar morte cerebral em casos como de traumatismo craniano grave ou longas paradas cardíacas.
A partir dessa época, Karol iniciou os treinamentos específicos para aprimorar suas habilidades.
Hoje, Karol está entre as melhores do mundo. Há um ano, mantém o recorde mundial na apnéia estática (veja quadro ao lado com as diferentes categorias de mergulho em apnéia), sustentando sua respiração por 6min02s.
O francês Andy Le Sauce mantém o recorde absoluto na categoria: 7min35s, desde 1995.
A brasileira foi a primeira mulher a ultrapassar a barreira dos 6 minutos, superando em 13 segundo sua marca anterior.
Além disso, a apneísta também possui o recorde brasileiro na categoria lastro variável em mar, de 70 metros de profundidade.
Karol embarcou para a Europa na última segunda-feira para participar de um programa de treinos com Claude Chapuis, um dos maiores especialistas no esporte.
O objetivo é se preparar para a principal competição do esporte, a Copa do Mundo de apnéia, que acontece em outubro, na França.
Segundo Karol, para começar no esporte, como em qualquer outro, é necessário uma avaliação médica e, dependendo da modalidade, "o conhecimento de mergulho é um adicional importante", assim como a intimidade entre o praticante e a água.
Existem vários tipos de mergulho em apnéia. Os dois que levam o nome do esporte, a apnéia estática e a dinâmica, podem ser praticados em piscinas ou em qualquer lugar. Não é necessário profundidade.
Já nas categorias associadas a mergulho propriamente dito, é indispensável que o local possua profundidade bem maior, podendo ultrapassar a casa dos 150 metros, no caso da no limits.
O recorde mundial dessa categoria é de 152 metros, conquistado pelo francês Loic Leferme. A marca anterior, de 150 m, pertencia ao italiano Umberto Pelizzari, que promete uma grande atuação no Mundial.
Além do recorde na no limits, Pelizzari, que por vários anos dominou os recordes nessa categoria, perdeu outro, também no ano passado, para o americano Brett Le Master, que, em novembro, conseguiu 81 metros na categoria lastro fixo.


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