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FUTEBOL
São-paulino Kaká, santista Robinho e corintiano Gil fazem Brasileiro ruim e viram alvo de críticas em seus clubes
Garotos deixam berço de ouro e apanham
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
No final de 2002, eles só ouviam
aplausos e eram a garantia de um
futuro glorioso. Agora, vaias, algumas justas e outras nem tanto, e
um presente de pouco brilho.
O são-paulino Kaká, 21, o santista Robinho, 19, e o corintiano
Gil, 22, deixaram de ser unanimidade e já são questionados.
No Santos, Robinho vai ganhar
uma nova chance no jogo contra
o Atlético-MG, amanhã. Isso depois de ter feito um bom treino
coletivo ontem, o que afastou, por
enquanto, a chance do técnico
Emerson Leão colocá-lo no banco. Na derrota por 2 a 0 para o
Grêmio, no último sábado, em
Porto Alegre, Robinho não esteve
nem na reserva.
Ele assistiu à partida das tribunas do estádio Olímpico e atribuiu a ausência a uma indisposição estomacal que disse ter sentido momentos antes do jogo.
Para Robinho, a decadência se
explica pela forte marcação que os
adversários passaram a exercer
após o Brasileiro-2002.
Ele negou que a suposta frequência em noitadas seja a causa
do fraco desempenho. "Se você
está fazendo gols e jogando bem,
pode aparecer bêbado no treino
que ninguém fala nada. Mas, se
estiver mal, pode tomar guaraná
que todo mundo vai falar. Não estou saindo para a noite. Isso não é
problema", declarou.
Ele disse não ter necessidade de
apoio psicológico, mas, se o clube
determinar, acatará. "Não vejo
porque fazer trabalho com psicóloga, mas, se tiver de fazer, faço
sem problemas."
Se no Santos é o técnico que
ameaça perder a paciência com o
craque promissor do ano passado, no São Paulo o problema
principal de Kaká é com a torcida,
que o vaiou e xingou de forma
acintosa na derrota para o Internacional no último sábado.
Apesar de queda de produção
na artilharia e em vários fundamentos técnicos, é bastante falsa a
impressão das arquibancadas de
que o time piora quando Kaká joga. Nas oito vezes que o meia-atacante jogou no Brasileiro-03, o
São Paulo teve aproveitamento de
71%. Sem ele, o time levou para
casa 55% dos pontos em disputa.
Mesmo assim, o São Paulo não
esconde o desejo de se desfazer do
jogador. Segundo a diretoria, por
US$ 15 milhões Kaká deixa o Morumbi. O Milan promete subir sua
última oferta de US$ 8 milhões,
mas o diretor são-paulino Juvenal
Juvêncio não acredita que o valor
será o pedido por seu clube.
Ontem surgiu a informação de
que o Chelsea estaria disposto a
pagar os US$ 15 milhões, mas o
São Paulo diz não ter recebido a
proposta. Com tantas cifras e especulações, Kaká estaria tendo
seu desempenho prejudicado.
"O problema do Kaká está fora
do campo", sentencia o técnico da
equipe, Roberto Rojas.
Já Gil, dos três o mais preservado por comissão técnica e torcida,
não pode dizer que ajuda o Corinthians no Nacional. Quando ele
foi desfalque, o clube do Parque
São Jorge faturou 58% dos pontos. Quando o atacante atuou, a
marca caiu para 42%.
Se o nível de pressão e motivos
extracampos variam, Gil, Robinho e Kaká passam por problemas parecidos no gramado.
Os três desfalcam em 2003 seus
clubes com uma frequência muito
maior do que no ano passado.
Robinho, por exemplo, disputou 30 das 31 partidas da campanha do Santos no Brasileiro-2002.
Agora, já foi desfalque nove vezes.
Nos casos dos três as faltas
aconteceram por convocações
para seleções brasileiras e algumas contusões, especialmente
nos casos de Kaká e Gil.
Os números do Datafolha também atestam que o trio não repete
agora no Brasileiro a performance
da última temporada, especialmente nos fundamentos em que
eram mais admirados.
O número de assistências de
Robinho, por exemplo, caiu 60%.
Kaká consegue agora 30% menos
dribles do que em 2002. Gil faz
18% menos cruzamentos atualmente do que no ano passado.
Os três também não balançam
as redes por seus clubes há bastante tempo. Nas últimas sete vezes que entrou em campo pelo
Brasileiro, Robinho passou em
branco. Kaká não marcou nas últimas cinco partidas que fez pelo
torneio, e Gil, em quatro.
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