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São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2003

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FUTEBOL

São-paulino Kaká, santista Robinho e corintiano Gil fazem Brasileiro ruim e viram alvo de críticas em seus clubes

Garotos deixam berço de ouro e apanham

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

No final de 2002, eles só ouviam aplausos e eram a garantia de um futuro glorioso. Agora, vaias, algumas justas e outras nem tanto, e um presente de pouco brilho.
O são-paulino Kaká, 21, o santista Robinho, 19, e o corintiano Gil, 22, deixaram de ser unanimidade e já são questionados.
No Santos, Robinho vai ganhar uma nova chance no jogo contra o Atlético-MG, amanhã. Isso depois de ter feito um bom treino coletivo ontem, o que afastou, por enquanto, a chance do técnico Emerson Leão colocá-lo no banco. Na derrota por 2 a 0 para o Grêmio, no último sábado, em Porto Alegre, Robinho não esteve nem na reserva.
Ele assistiu à partida das tribunas do estádio Olímpico e atribuiu a ausência a uma indisposição estomacal que disse ter sentido momentos antes do jogo.
Para Robinho, a decadência se explica pela forte marcação que os adversários passaram a exercer após o Brasileiro-2002.
Ele negou que a suposta frequência em noitadas seja a causa do fraco desempenho. "Se você está fazendo gols e jogando bem, pode aparecer bêbado no treino que ninguém fala nada. Mas, se estiver mal, pode tomar guaraná que todo mundo vai falar. Não estou saindo para a noite. Isso não é problema", declarou.
Ele disse não ter necessidade de apoio psicológico, mas, se o clube determinar, acatará. "Não vejo porque fazer trabalho com psicóloga, mas, se tiver de fazer, faço sem problemas."
Se no Santos é o técnico que ameaça perder a paciência com o craque promissor do ano passado, no São Paulo o problema principal de Kaká é com a torcida, que o vaiou e xingou de forma acintosa na derrota para o Internacional no último sábado.
Apesar de queda de produção na artilharia e em vários fundamentos técnicos, é bastante falsa a impressão das arquibancadas de que o time piora quando Kaká joga. Nas oito vezes que o meia-atacante jogou no Brasileiro-03, o São Paulo teve aproveitamento de 71%. Sem ele, o time levou para casa 55% dos pontos em disputa.
Mesmo assim, o São Paulo não esconde o desejo de se desfazer do jogador. Segundo a diretoria, por US$ 15 milhões Kaká deixa o Morumbi. O Milan promete subir sua última oferta de US$ 8 milhões, mas o diretor são-paulino Juvenal Juvêncio não acredita que o valor será o pedido por seu clube.
Ontem surgiu a informação de que o Chelsea estaria disposto a pagar os US$ 15 milhões, mas o São Paulo diz não ter recebido a proposta. Com tantas cifras e especulações, Kaká estaria tendo seu desempenho prejudicado.
"O problema do Kaká está fora do campo", sentencia o técnico da equipe, Roberto Rojas.
Já Gil, dos três o mais preservado por comissão técnica e torcida, não pode dizer que ajuda o Corinthians no Nacional. Quando ele foi desfalque, o clube do Parque São Jorge faturou 58% dos pontos. Quando o atacante atuou, a marca caiu para 42%.
Se o nível de pressão e motivos extracampos variam, Gil, Robinho e Kaká passam por problemas parecidos no gramado.
Os três desfalcam em 2003 seus clubes com uma frequência muito maior do que no ano passado.
Robinho, por exemplo, disputou 30 das 31 partidas da campanha do Santos no Brasileiro-2002. Agora, já foi desfalque nove vezes.
Nos casos dos três as faltas aconteceram por convocações para seleções brasileiras e algumas contusões, especialmente nos casos de Kaká e Gil.
Os números do Datafolha também atestam que o trio não repete agora no Brasileiro a performance da última temporada, especialmente nos fundamentos em que eram mais admirados.
O número de assistências de Robinho, por exemplo, caiu 60%. Kaká consegue agora 30% menos dribles do que em 2002. Gil faz 18% menos cruzamentos atualmente do que no ano passado.
Os três também não balançam as redes por seus clubes há bastante tempo. Nas últimas sete vezes que entrou em campo pelo Brasileiro, Robinho passou em branco. Kaká não marcou nas últimas cinco partidas que fez pelo torneio, e Gil, em quatro.


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