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O PERSONAGEM
Técnico do país tenta levar azarãs gregas ao pódio
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os gregos depositam em um
brasileiro o sonho de repetir
nesta Olimpíada o feito de
Cook e Pottharst. Em Sydney-2000, a dupla australiana surpreendeu as favoritas Adriana
Behar e Shelda e ganhou em casa o ouro no vôlei de praia.
A missão de Carlos Loss, o
Alemão, é mais complexa. Sua
dupla não está entre as favoritas, mas graças a ele ostenta hoje um status nunca imaginado.
Alemão se tornou técnico em
1998, quando uma cirurgia deixou seqüelas em seu ombro.
Enquanto tentava reparar o dano para voltar jogar, começou a
trabalhar como "personal trainer" na Califórnia, onde morava. "Eu saía de praia em praia
dando uns treinos."
Em uma das andanças, Alemão conheceu Sfyri e Karadassiou. A dupla grega ainda engatinhava no Circuito Mundial e
acabara de brigar com seu técnico norte-americano. Precisava de ajuda, e o brasileiro podia
ser a solução. Na primeira temporada com ele, saltaram da 19ª
para a 12ª posição no ranking.
"Os gregos ficaram felizes e
me convidaram para tocar o
esporte do país. Quando vi, estava cuidando sozinho do vôlei
de praia masculino e feminino
de todas as categorias. Foi uma
loucura", relembra o técnico.
Parte do sucesso com Sfyri e
Karadassiou se deu à ajuda que
Alemão busca no Brasil pelo
menos duas vezes por ano: o
sol. No inverno, os europeus
têm de treinar em ginásios, que
nem de longe lembram as condições da praia. Por isso, caem
de rendimento nos torneios.
Alemão treina com as gregas
no Rio e ainda disputa etapas
do Circuito Brasileiro -equipes convidadas podem participar de até duas etapas.
Alemão ficou sem o "luxo"
justamente no ano mais importante do seu trabalho. Por
causa dos gastos com a Olimpíada, o governo grego, que
banca a modalidade, cortou
despesas, e a viagem ao Brasil
foi transferida para a Turquia.
Apesar de carregar o sonho
grego nas costas, ele diz que ficará muito satisfeito se seu time ficar entre os cinco primeiros da Olimpíada. "Ainda não
temos chance de medalha."
O desempenho, no entanto,
pode não ser satisfatório para
quem banca o esporte. Alemão
acredita que, se não conseguir
um resultado "espetacular", será demitido na esteira dos cortes que o governo deve fazer
por causa dos gastos com os Jogos. Já está atrás de emprego.
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