São Paulo, quinta-feira, 05 de agosto de 2004

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O PERSONAGEM

Técnico do país tenta levar azarãs gregas ao pódio

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os gregos depositam em um brasileiro o sonho de repetir nesta Olimpíada o feito de Cook e Pottharst. Em Sydney-2000, a dupla australiana surpreendeu as favoritas Adriana Behar e Shelda e ganhou em casa o ouro no vôlei de praia.
A missão de Carlos Loss, o Alemão, é mais complexa. Sua dupla não está entre as favoritas, mas graças a ele ostenta hoje um status nunca imaginado.
Alemão se tornou técnico em 1998, quando uma cirurgia deixou seqüelas em seu ombro. Enquanto tentava reparar o dano para voltar jogar, começou a trabalhar como "personal trainer" na Califórnia, onde morava. "Eu saía de praia em praia dando uns treinos."
Em uma das andanças, Alemão conheceu Sfyri e Karadassiou. A dupla grega ainda engatinhava no Circuito Mundial e acabara de brigar com seu técnico norte-americano. Precisava de ajuda, e o brasileiro podia ser a solução. Na primeira temporada com ele, saltaram da 19ª para a 12ª posição no ranking.
"Os gregos ficaram felizes e me convidaram para tocar o esporte do país. Quando vi, estava cuidando sozinho do vôlei de praia masculino e feminino de todas as categorias. Foi uma loucura", relembra o técnico.
Parte do sucesso com Sfyri e Karadassiou se deu à ajuda que Alemão busca no Brasil pelo menos duas vezes por ano: o sol. No inverno, os europeus têm de treinar em ginásios, que nem de longe lembram as condições da praia. Por isso, caem de rendimento nos torneios.
Alemão treina com as gregas no Rio e ainda disputa etapas do Circuito Brasileiro -equipes convidadas podem participar de até duas etapas.
Alemão ficou sem o "luxo" justamente no ano mais importante do seu trabalho. Por causa dos gastos com a Olimpíada, o governo grego, que banca a modalidade, cortou despesas, e a viagem ao Brasil foi transferida para a Turquia.
Apesar de carregar o sonho grego nas costas, ele diz que ficará muito satisfeito se seu time ficar entre os cinco primeiros da Olimpíada. "Ainda não temos chance de medalha."
O desempenho, no entanto, pode não ser satisfatório para quem banca o esporte. Alemão acredita que, se não conseguir um resultado "espetacular", será demitido na esteira dos cortes que o governo deve fazer por causa dos gastos com os Jogos. Já está atrás de emprego.


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