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Copa-14 já apela a verba pública
Presidente do comitê organizador e da CBF abandona discurso de arenas só com dinheiro privado
Teixeira diz, em entrevista, que sempre defendeu as PPPs e que "operação vai ter que envolver o governo" nos estádios estatais, a maioria
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
A promessa era que o grosso
do financiamento dos estádios
para a Copa de 2014 seria feito
com dinheiro privado. Mas Ricardo Teixeira, presidente da
CBF e do comitê organizador
do segundo Mundial no Brasil,
declara agora que o governo terá que abrir o cofre na construção ou reforma de 9 dos 12 estádios que irão abrigar a competição daqui a cinco anos.
Em entrevista à Folha e a
mais dois jornais ("O Estado de
S. Paulo" e "O Globo") na sede
da CBF, no Rio, o dirigente disse que é inevitável a injeção de
dinheiro público nas arenas.
"Por menos que você não
queira, esses estádios bases (os
escolhidos para o Mundial) já
são do governo [as exceções serão São Paulo, Curitiba e Porto
Alegre]. De qualquer maneira,
a operação vai ter que envolver
o governo. Em Minas, o estádio
é do governo. No Rio, também.
E, mais grave, como é que você
vai fazer uma operação totalmente privada no Maracanã se
ele é um prédio tombado?",
disse Teixeira, que não admitiu
ter mudado de opinião.
Segundo o dirigente, a única
maneira de fazer estádios totalmente com dinheiro privado
seria se todos eles fossem 100%
novos. Mas até nas duas arenas
previstas para 2014 que serão
totalmente novas o dinheiro
público vai ter que entrar.
Em Natal, segundo a própria
CBF, o edital para a construção
do estádio prevê que 49% dos
gastos saiam dos cofres públicos. Conta parecida deve acontecer em Recife, a outra cidade
que optou por uma arena completamente nova para 2014.
O discurso atual de Teixeira
("Eu sempre falei em PPPs
[parcerias público-privadas]")
é bem diferente do que ele praticava há até pouco tempo.
"A Copa do Mundo será melhor quanto menos dinheiro
público for investido. Essa
equação é que norteia o projeto
desde o início. Ao governo, em
todos os seus níveis, caberá os
gastos com obras que lhe dizem
respeito. O investimento maior
terá de vir da iniciativa privada", disse Teixeira, em comunicado de imprensa, no final de
maio, antes da escolha das cidades-sedes, nas Bahamas.
No ano passado, em artigo
publicado na Folha, o cartola
escreveu "o modelo para a Copa do Mundo no Brasil terá viés
predominantemente privado".
Antes, em 2007, relatório de
comissão da Fifa, baseado em
informações passadas por dirigentes e políticos nacionais, dizia que "o modelo de construção e reforma dos estádios daria prioridade ao financiamento privado por meio de concessões de largo prazo e, só eventualmente, usaria as PPPs".
Também em 2007, em seu site, a CBF afirmava que "os recursos que o governo investirá
no país, estimulados pela Copa,
serão totalmente voltados para
a infraestrutura -e os brasileiros continuarão a usufruir desses benefícios após a Copa".
Pelas últimas projeções das
12 cidades-sedes, o custo dos
estádios irá ultrapassar os R$ 3
bilhões. O governo federal diz
por enquanto que não vai bancar essa conta. Assim, a fatura
pode acabar com os Estados.
O comitê organizador espera
fechar nas próximas semanas o
detalhamento de como será o
financiamento de cada estádio
-as arenas privadas terão mais
tempo para definir isso.
"Temos uma planilha com
todas as datas detalhadas até o
último dia da Copa do Mundo",
afirmou o presidente da CBF.
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