São Paulo, quarta, 5 de agosto de 1998

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Presidente do Flu sai em meio a crise

SÉRGIO RANGEL
da Sucursal do Rio

Álvaro Barcellos renunciou ontem ao cargo de presidente do Fluminense, após dois dias de intensa pressão para que deixasse a direção do clube.
No último domingo, o Fluminense perdeu em sua estréia na Série B do Brasileiro para o ABC, por 3 a 2, no Maracanã.
A decisão foi tomada por Barcellos após participar de uma série de reuniões com representantes de várias facções políticas do clube, inclusive o ex-presidente da Fifa João Havelange.
"Renuncio para dar unanimidade ao clube", afirmou Barcellos, que assumiu o cargo no final de 1996 com um discurso empresarial na administração do clube.
"Agora, espero que o clube se organize e volte ao seu lugar", acrescentou o dirigente, que é um executivo de tradição no mercado financeiro. Ele já foi vice-presidente da Bolsa de Valores do Rio.
Barcellos é o segundo presidente do clube que renuncia em menos de dois anos. Em 1996, seu antecessor, Gil Carneiro de Mendonça, também renunciou, após o time ter sido rebaixado pela primeira vez para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro.
Apesar da sua experiência no mercado financeiro, Barcellos teve uma administração marcada por fracassos, tanto esportivos quanto financeiros.
No futebol, o time, que em 97 havia conseguido se manter na primeira divisão do Brasileiro com a ajuda do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, voltou a fracassar e foi rebaixado.
Atualmente, alguns jogadores e funcionários estão sem receber há quatro meses.
No domingo, torcedores tentaram agredir o dirigente. Ele foi obrigado a deixar a tribuna de honra do Maracanã para fugir da fúria dos tricolores.
Até segunda-feira, Barcellos queria continuar no cargo, mas teve o seu poder abalado com a decisão da Vanguarda Tricolor, principal movimento de oposição do clube, que exigiu sua renúncia.
Ontem, antes de renunciar, Barcellos protagonizou mais uma cena constrangedora. Ele pediu para os jogadores não depositarem os cheques recebidos na segunda-feira. O dirigente admitiu que os cheques não tinham fundos.
Com a saída de Barcellos, o Fluminense será administrado pelo presidente do Conselho Deliberativo do clube, João Antelo, que terá de convocar uma nova eleição.
João Havelange, que recusou ontem à tarde convite do próprio Barcellos para assumir a presidência do clube, como nome de consenso, deverá ser pressionado para se candidatar.
Havelange, que dirigiu a entidade máxima do futebol por 24 anos, é considerado pela maioria dos dirigentes do clube a única personalidade capaz de reverter o atual caos financeiro e administrativo.
Ontem à tarde, antes de renunciar, Álvaro Barcellos e toda a diretoria do clube se reuniram com Havelange. Segundo Barcellos, o ex-presidente da Fifa disse que não aceitaria o cargo, mas estaria disposto a ajudar o clube "de outras maneiras".



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