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Presidente do Flu sai em meio a crise
SÉRGIO RANGEL
da Sucursal do Rio
Álvaro Barcellos renunciou ontem ao cargo de presidente do Fluminense, após dois dias de intensa
pressão para que deixasse a direção do clube.
No último domingo, o Fluminense perdeu em sua estréia na Série B do Brasileiro para o ABC, por
3 a 2, no Maracanã.
A decisão foi tomada por Barcellos após participar de uma série de
reuniões com representantes de
várias facções políticas do clube,
inclusive o ex-presidente da Fifa
João Havelange.
"Renuncio para dar unanimidade ao clube", afirmou Barcellos, que assumiu o cargo no final
de 1996 com um discurso empresarial na administração do clube.
"Agora, espero que o clube se
organize e volte ao seu lugar",
acrescentou o dirigente, que é um
executivo de tradição no mercado
financeiro. Ele já foi vice-presidente da Bolsa de Valores do Rio.
Barcellos é o segundo presidente
do clube que renuncia em menos
de dois anos. Em 1996, seu antecessor, Gil Carneiro de Mendonça, também renunciou, após o time ter sido rebaixado pela primeira vez para a segunda divisão do
Campeonato Brasileiro.
Apesar da sua experiência no
mercado financeiro, Barcellos teve uma administração marcada
por fracassos, tanto esportivos
quanto financeiros.
No futebol, o time, que em 97
havia conseguido se manter na
primeira divisão do Brasileiro
com a ajuda do presidente da CBF,
Ricardo Teixeira, voltou a fracassar e foi rebaixado.
Atualmente, alguns jogadores e
funcionários estão sem receber há
quatro meses.
No domingo, torcedores tentaram agredir o dirigente. Ele foi
obrigado a deixar a tribuna de
honra do Maracanã para fugir da
fúria dos tricolores.
Até segunda-feira, Barcellos
queria continuar no cargo, mas teve o seu poder abalado com a decisão da Vanguarda Tricolor, principal movimento de oposição do
clube, que exigiu sua renúncia.
Ontem, antes de renunciar, Barcellos protagonizou mais uma cena constrangedora. Ele pediu para
os jogadores não depositarem os
cheques recebidos na segunda-feira. O dirigente admitiu que os cheques não tinham fundos.
Com a saída de Barcellos, o Fluminense será administrado pelo
presidente do Conselho Deliberativo do clube, João Antelo, que terá de convocar uma nova eleição.
João Havelange, que recusou
ontem à tarde convite do próprio
Barcellos para assumir a presidência do clube, como nome de consenso, deverá ser pressionado para se candidatar.
Havelange, que dirigiu a entidade máxima do futebol por 24 anos,
é considerado pela maioria dos dirigentes do clube a única personalidade capaz de reverter o atual
caos financeiro e administrativo.
Ontem à tarde, antes de renunciar, Álvaro Barcellos e toda a diretoria do clube se reuniram com
Havelange. Segundo Barcellos, o
ex-presidente da Fifa disse que
não aceitaria o cargo, mas estaria
disposto a ajudar o clube "de outras maneiras".
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