São Paulo, domingo, 05 de setembro de 2004

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FUTEBOL

Nas eliminatórias, seleção troca menos passes e diminui posse de bola, pilares de um bom time segundo Parreira

Time renega equilíbrio pedido por técnico

DA REPORTAGEM LOCAL

DO ENVIADO A TERESÓPOLIS

A lição básica da cartilha do futebol, segundo Carlos Alberto Parreira, não foi aprendida pela seleção brasileira nos jogos das eliminatórias para a Copa-2006.
No qualificatório sul-americano, segundo o Datafolha, tocar e manter a posse de bola viraram um problema para a equipe.
Diante de seus vizinhos na luta por uma vaga no Mundial da Alemanha, o Brasil troca, em média, 375 passes por confronto.
Essa marca fica muito longe do que fazia o time do tetracampeonato, também comandado por Parreira. Nos sete jogos da campanha nos EUA, a seleção tinha média de 567 passes por partida, ou 50% a mais do que faz a equipe atual no qualificatório sul-americano. O time de hoje também perde feio para o desempenho que mostrou nesse fundamento nos amistosos (455 passes por jogo).
Com mais dificuldade para ca denciar o jogo, o Brasil das eliminatórias registra em média 28 minutos de posse de bola por partida, ou seja, sete a menos do que em 94, no time que Parreira define como exemplo de equilíbrio.
Uma das conseqüências negativas é o bombardeio que muitos dos rivais impuseram à meta brasileira -o time de Parreira foi vazado em cinco dos sete jogos que disputou no torneio.
Nas duas vezes que manteve seu gol intacto, diante de Equador e Paraguai, a seleção trocou mais passes -média de 442.
Hoje, contra a Bolívia, o treinador espera que seu time abra logo o placar para evitar desespero e mais erros nas trocas de bola.
Ele também não crê que a torcida paulistana, conhecida por sua impaciência com a seleção, se volte contra o time. ""Espero que a torcida sempre apóie a seleção. Não posso pensar em hostilidade", disse Parreira, que adotou um discurso para valorizar o rival, o lanterna da competição e que nos últimos dois jogos contra o Brasil fora de casa pelas eliminatórias sofreu 11 gols.
""A Bolívia perdeu os últimos jogos, mas sempre complicou. Temos que esquecer que eles são os últimos e pensar nos três pontos."
Como é marca do time nos últimos tempos, o Brasil já reclama da possibilidade de enfrentar um rival retrancado no Morumbi.
""Esta história de retrancado não é de hoje. Todos jogam assim contra o Brasil. Temos que tomar cuidado com a maneira de atacar", afirmou Ronaldo. Ele, assim como os outros jogadores de ataque, recebeu a orientação de pressionar a saída de bola dos bolivianos, que ainda não somaram pontos nos quatro jogos que fizeram como visitantes.
Outra cantilena repetida pelo técnico é o de que "o mais importante nas eliminatórias é a classificação para a Copa da Alemanha, e não o primeiro lugar".
""Para a seleção, sempre é importante chegar na primeira colocação. Mesmo assim, isso não quer dizer muita coisa. O exemplo foi a última Copa. A Argentina terminou em primeiro e caiu fora na primeira fase do Mundial", disse o técnico, que soma apenas três derrotas nos quase dois anos que já dura sua terceira passagem pelo comando da seleção brasileira.(PAULO COBOS E SÉRGIO RANGEL)

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