São Paulo, sábado, 5 de setembro de 1998

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Colapso na era Kleber Leite ameaça o Flamengo

MÁRIO MAGALHÃES
da Sucursal do Rio

Derrotas, dívida recorde, racha político, acusações entre jogadores e piadas dos rivais são os principais itens da maior crise do Flamengo nos últimos três anos e oito meses, desde que Kleber Leite assumiu a direção do clube.
Em situação crítica, o time mais popular do país, conforme pesquisa Datafolha, enfrenta hoje, sob imensa tensão, o Palmeiras.
No futebol, nos cofres e na auto-estima, o clube vive a sua maior depressão na década.
No Brasileiro, há insucesso em todos os aspectos. A equipe, com folha salarial de pelo menos R$ 1 milhão, está em 14º lugar. Se perder para Palmeiras e Cruzeiro, nos dois próximos jogos, fora de casa, vai para a zona de rebaixamento.
Popular em todo o Brasil, o Flamengo tem mais torcedores, em São Paulo, do que a Lusa.
Mas, no Brasileiro, é o 14º em público Ä8.426, em média, noss jogos no Maracanã. No Rio, ainda não conseguiu vencer Äperdeu para Juventude e Bragantino.
Técnico do time há 12 dias, Toninho Barroso pensou em se demitir na quarta-feira, quando o Flamengo foi derrotado pelos reservas do Boca Juniors (ARG), no Maracanã, pela Copa Mercosul, com 791 pagantes -menos do que o público que entrou sem pagar (convidados e pessoas a trabalho).
A decadência rubro-negra é tamanha que o radialista Washington Rodrigues, que fracassou como treinador, foi contratado de novo, como diretor técnico. Para explicar a crise, Rodrigues, conhecido como "Apolinho", fez seu diagnóstico: "Existe uma urucubaca contra o Flamengo".
O meia Beto acusou outros jogadores de terem "se acomodado com as mordomias do clube".
Desde a ascensão de Kleber Leite no clube, há sempre insegurança: Toninho Barroso é o nono técnico das duas gestões (dois anos cada) do dirigente. "Eu não sou pé-frio. O que faço dá certo, só não posso entrar em campo para jogar", afirmou o presidente.
A seu favor, ele tem o pagamento em dia dos salários. Contra, uma dívida avaliada entre R$ 50 milhões e R$ 70 milhões, a maior de todos os clubes brasileiros.
A eleição que ocorrerá em dezembro parou o clube. Leite não pode concorrer de novo -se pudesse, não teria chances. O favorito é Márcio Braga, de oposição.
Assim, foram congeladas as negociações para o banco Opportunity "comprar" o departamento de futebol. Márcio Braga teria preferência por um banco espanhol .
Com fracassos sem fim Äsó um título importante, o Estadual do Rio de 96, nos últimos quatro anosÄ, o clube poucas vezes, em sua história centenária, foi motivo de tanta chacota dos adversários: "Os flamenguistas não votam", dizem os rivais. O motivo? "Eles não têm título."


Colaborou Paulo Cobos, da Reportagem Local
NA TV - Bandeirantes (apenas para o Estado do Rio) e Globo (menos para a cidade de São Paulo), às 16h, ao vivo



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