São Paulo, terça-feira, 05 de outubro de 2004

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Moribundo pelo planeta, 3-5-2 triunfa no Brasil

Liderança, com Atlético-PR, vagas na Libertadores, com São Caetano e Juventude, e domínio no top ten mostram o esquema que dá as cartas no campeonato

PAULO COBOS
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Em praticamente todo o mundo ele já é obsoleto. No Brasileiro-2004, é sucesso absoluto.
O esquema tático com três zagueiros lidera o campeonato, com o Atlético-PR, é adotado por três dos quatro times que estão hoje na zona de classificação à Libertadores da América e está no repertório de sete dos dez times melhores na classificação no momento.
O 3-5-2 nunca foi preferência nacional. Até hoje, só foi campeão brasileiro uma única vez, em 2001, com o mesmo Atlético-PR. Foi também alçado à condição de salvador do Brasil ao ser adotado por Luiz Felipe Scolari na conquista do pentacampeonato mundial da seleção, em 2002.
Na Europa, virou praticamente peça de museu. Quase todos os clubes desse continente, incluindo Real Madrid, Milan e Arsenal, usam a linha de quatro defensores, como gosta Carlos Alberto Parreira. "É um sistema mais equilibrado e como o futebol brasileiro sabe jogar", afirma sobre o 4-4-2 o atual técnico do Brasil.
Mas o 3-5-2 ganhou sobrevida com ótimos resultados no Brasileiro. Isso principalmente com o Atlético-PR, que nunca abandonou durante o torneio a tática idealizada por Mário Sérgio, que era o treinador do time paranaense até poucos dias antes do início do Nacional. "Peguei o time já armado e com um ataque especialmente forte", comemora Levir Culpi, que manteve a tática e tem um time forte na defesa e no ataque -os paranaenses possuem o melhor saldo de gols do Nacional.
Se para o Atlético-PR a aposta nos três zagueiros foi planejada, em outros clubes foi a solução para mandar a crise embora.
Só depois que Tite assumiu, e trouxe o mesmo 3-5-2 com que foi campeão da Copa do Brasil pelo Grêmio em 2001, o Corinthians deixou a zona de rebaixamento.
O treinador gaúcho refuta a acusação que sua tática preferida seja sinônimo de defensivismo.
"A utilização do esquema com três zagueiros não torna um time defensivo. Tudo depende das peças que você tem em mãos. Quem critica esse tipo de estratégia é porque não tem um conhecimento específico ou nunca trabalhou com ele", declara o corintiano.
O Juventude é outro time que cresceu depois de adotar o 3-5-2. Hoje, o time está em quarto lugar e seria um dos brasileiros na próxima Taça Libertadores da América. "No Juventude eu uso o 3-5-2 porque tenho três zagueiros com ótima saída de bola. Quando o rival nos marca por pressão, os zagueiros saem para o jogo e eles perdem a referência para nos neutralizar", diz Ivo Wortmann, técnico da equipe gaúcha.
Outro time na zona da Libertadores, o São Caetano, não abre mão da linha de três zagueiros nem quando tem desfalques. No último sábado, contra o Goiás, Péricles Chamusca improvisou o lateral Ceará na zaga, mas não mudou o esquema que segundo ele mesmo não é bom para os olhos dos torcedores.
"Quem quiser espetáculo que vá ver o show da Ivete Sangalo", já sentenciou Chamusca, que comanda o time que faz jogos com média de 2,15 gols por confronto, a segunda menor da competição.
Até quem fala mal do 3-5-2 parece estar mudando de idéia.
Ao assumir o São Paulo, Emerson Leão disse que só iria manter o esquema de Cuca, com os três zagueiros, por não ter outra opções no seu elenco.
Agora, depois de duas vitórias e com o quinto lugar na classificação, dá pistas de que aprova o trio Lugano, Fabão e Rodrigo na zaga.
"Os jogadores estão com uma mentalidade vencedora e aceitando a minha filosofia de jogo", afirma o técnico são-paulino.
Goiás e Ponte Preta são outros top ten que recorrem com freqüência aos três zagueiros.
Com só 12 rodadas para o final do Brasileiro deste ano, o único clube com fôlego para evitar o título de um time com tática 3-5-2 é o Santos. Vice-líder, com três pontos de desvantagem para o Atlético-PR, o time de Vanderlei Luxemburgo segue com o 4-4-2.


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