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Moribundo pelo planeta, 3-5-2 triunfa no Brasil
Liderança, com Atlético-PR, vagas na Libertadores, com São Caetano e Juventude, e domínio no top ten
mostram o esquema que dá as cartas no campeonato
PAULO COBOS
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Em praticamente todo o mundo
ele já é obsoleto. No Brasileiro-2004, é sucesso absoluto.
O esquema tático com três zagueiros lidera o campeonato, com
o Atlético-PR, é adotado por três
dos quatro times que estão hoje
na zona de classificação à Libertadores da América e está no repertório de sete dos dez times melhores na classificação no momento.
O 3-5-2 nunca foi preferência
nacional. Até hoje, só foi campeão
brasileiro uma única vez, em 2001,
com o mesmo Atlético-PR. Foi
também alçado à condição de salvador do Brasil ao ser adotado
por Luiz Felipe Scolari na conquista do pentacampeonato
mundial da seleção, em 2002.
Na Europa, virou praticamente
peça de museu. Quase todos os
clubes desse continente, incluindo Real Madrid, Milan e Arsenal,
usam a linha de quatro defensores, como gosta Carlos Alberto
Parreira. "É um sistema mais
equilibrado e como o futebol brasileiro sabe jogar", afirma sobre o
4-4-2 o atual técnico do Brasil.
Mas o 3-5-2 ganhou sobrevida
com ótimos resultados no Brasileiro. Isso principalmente com o
Atlético-PR, que nunca abandonou durante o torneio a tática
idealizada por Mário Sérgio, que
era o treinador do time paranaense até poucos dias antes do início
do Nacional. "Peguei o time já armado e com um ataque especialmente forte", comemora Levir
Culpi, que manteve a tática e tem
um time forte na defesa e no ataque -os paranaenses possuem o
melhor saldo de gols do Nacional.
Se para o Atlético-PR a aposta
nos três zagueiros foi planejada,
em outros clubes foi a solução para mandar a crise embora.
Só depois que Tite assumiu, e
trouxe o mesmo 3-5-2 com que
foi campeão da Copa do Brasil pelo Grêmio em 2001, o Corinthians
deixou a zona de rebaixamento.
O treinador gaúcho refuta a
acusação que sua tática preferida
seja sinônimo de defensivismo.
"A utilização do esquema com
três zagueiros não torna um time
defensivo. Tudo depende das peças que você tem em mãos. Quem
critica esse tipo de estratégia é
porque não tem um conhecimento específico ou nunca trabalhou
com ele", declara o corintiano.
O Juventude é outro time que
cresceu depois de adotar o 3-5-2.
Hoje, o time está em quarto lugar
e seria um dos brasileiros na próxima Taça Libertadores da América. "No Juventude eu uso o 3-5-2
porque tenho três zagueiros com
ótima saída de bola. Quando o rival nos marca por pressão, os zagueiros saem para o jogo e eles
perdem a referência para nos
neutralizar", diz Ivo Wortmann,
técnico da equipe gaúcha.
Outro time na zona da Libertadores, o São Caetano, não abre
mão da linha de três zagueiros
nem quando tem desfalques. No
último sábado, contra o Goiás,
Péricles Chamusca improvisou o
lateral Ceará na zaga, mas não
mudou o esquema que segundo
ele mesmo não é bom para os
olhos dos torcedores.
"Quem quiser espetáculo que vá
ver o show da Ivete Sangalo", já
sentenciou Chamusca, que comanda o time que faz jogos com
média de 2,15 gols por confronto,
a segunda menor da competição.
Até quem fala mal do 3-5-2 parece estar mudando de idéia.
Ao assumir o São Paulo, Emerson Leão disse que só iria manter
o esquema de Cuca, com os três
zagueiros, por não ter outra opções no seu elenco.
Agora, depois de duas vitórias e
com o quinto lugar na classificação, dá pistas de que aprova o trio
Lugano, Fabão e Rodrigo na zaga.
"Os jogadores estão com uma
mentalidade vencedora e aceitando a minha filosofia de jogo", afirma o técnico são-paulino.
Goiás e Ponte Preta são outros
top ten que recorrem com freqüência aos três zagueiros.
Com só 12 rodadas para o final
do Brasileiro deste ano, o único
clube com fôlego para evitar o título de um time com tática 3-5-2 é
o Santos. Vice-líder, com três
pontos de desvantagem para o
Atlético-PR, o time de Vanderlei
Luxemburgo segue com o 4-4-2.
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