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OLIMPÍADA
Mudança estatutária assegura hegemonia no poder até 2012 a aliados do dirigente, que ganhará mais quatro anos
Nuzman se elege hoje e protege o amanhã
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Carlos Arthur Nuzman, 62, será
reeleito hoje para mais quatro
anos à frente da presidência do
Comitê Olímpico Brasileiro. E,
protegido pelo estatuto que ele e
seus aliados modificaram, terá a
garantia de manter seu grupo hegemônico no poder no mínimo
até os Jogos Olímpicos de 2012.
Estão convocados para o pleito
de hoje, no Rio, os presidentes das
29 federações filiadas ao COB e os
sete membros natos com direito a
voto. A chapa encabeçada por
Nuzman, que tem André Richer
como vice, é única.
A eleição de hoje é a primeira totalmente controlada pelo grupo
de Nuzman. Pela alteração estatutária feita logo na Assembléia Geral que homologou sua vitória em
1998, ficou definido que só membros com cinco anos de COB podem almejar à presidência. Antes,
não havia tal limitação.
Diz o novo estatuto da entidade,
em seu artigo 26: "Somente brasileiros natos, que sejam membros
do COB pelo menos há cinco anos
consecutivos, poderão ser eleitos
para os cargos de presidente e de
vice-presidente".
Classificam-se como membros
do COB, ainda de acordo com o
documento, os ex-presidentes do
comitê, os brasileiros com assento
no COI, os presidentes de confederações e os "desportistas", pessoas que se destacaram como "dirigente ou colaborador na área esportiva ou como atleta".
Apesar de poderem se candidatar a presidente, desde que no
COB por cinco anos, os "desportistas" não têm direito a voto.
A limitação de cinco anos tem o
claro propósito de dar maior margem de segurança ao grupo hegemônico no poder. Como as eleições são quadrienais, o aspirante
ao cargo de Nuzman tem que ficar
no poder por dois ciclos eleitorais
-o que dá a possibilidade de a diretoria do COB eliminar eventuais "rebeldes" do jogo eleitoral.
O controle de poder se sustenta
ainda na concentração do dinheiro que hoje financia a maior parte
das confederações: as verbas públicas oriundas da Lei Piva. Como
este dinheiro é distribuído a critério exclusivo do comitê, entidades
que possam lançar candidatos estranhos ao grupo do atual presidente podem, em tese, ver sua
verba diminuir.
No comando do esporte olímpico do país desde 1995, quando foi
escolhido para completar o mandato obtido por André Richer,
Nuzman receberá hoje de seus
pares sua primeira reeleição.
E tem aberta a possibilidade de
se perpetuar no poder sem ser incomodado. A única ameaça real a
Nuzman vem de fora do COB.
O dirigente, conforme publicou
a Folha no mês passado, mostrou
preocupação com um item em especial do Estatuto do Desporto: o
limite ao número de reeleições.
Na última Assembléia Geral da
confederação, pediu a seus pares
para fazerem lobby na Câmara
dos Deputados para evitar a limitação de mandatos. O pedido está
registrado em ata. E, depois dele,
o artigo sumiu do projeto de nova
legislação esportiva.
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