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Batalha contra o rebaixamento reúne mais times e popularidade do que a disputa pelo mata-mata
Na hora da festa pela vaga, degola empolga Brasileiro
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Na reta final da sua fase de classificação, o Brasileiro-2002 reúne
mais atrativos na agonia contra o
rebaixamento do que na luta por
uma vaga nas quartas-de-final.
São mais agremiações tentando
evitar o descenso (14) do que
aquelas com chances reais de passar à segunda fase (12) do torneio.
Para cada vaga na Série B, há 3,5
clubes. A proporção para a passagem às finais não passa de 1,5.
Na turma de cima, São Paulo e
São Caetano só não passam à próxima fase se uma das mais improváveis combinações de resultados
da história ocorrer. Corinthians,
Santos e Juventude também estão
muito perto da classificação.
Já no grupo do desespero, nada
está definido, com todos os times
dependendo dos próprios resultados para alcançar a salvação.
E o Guarani é um caso à parte.
Como ainda tem quatro jogos por
fazer e 28 pontos, o clube campineiro tanto pode conseguir a vaga
como ser rebaixado para a Série B.
Além de travar um combate
mais acirrado, a turma do desespero forma um grupo com mais
"peso" no futebol do país.
Oito dos ameaçados de rebaixamento já foram campeões nacionais. Juntos, acumulam 19 títulos
do Brasileiro. Os três maiores
vencedores da história da competição -Flamengo, Vasco e Palmeiras- estão nesse grupo.
Já no bloco que ainda sonha
com o título em 2002, seis equipes
tiveram o gosto de ganhar o mais
importante do campeonato do
país, sendo que só Corinthians e
Grêmio fizeram isso nos últimos
dez anos. O número total de títulos também é menor: 11.
Mais vitoriosa, a turma do rebaixamento é mais popular do
que os concorrentes da parte de
cima da tabela.
Pela última pesquisa nacional
realizada pelo Datafolha, em junho passado, 38% dos brasileiros
torcem para equipes que podem
cair para a segunda divisão. Já os
times na disputa por uma vaga
nas finais respondem por 29%.
Descontados os brasileiros que
dizem não ter um time de coração, a participação dos ameaçados na preferência dos torcedores
atinge 52%, contra 40% do bloco
de cima da tabela.
Das dez unidades da federação
com representantes na Série A,
nove são ameaçadas de rebaixamento. Na classificação, só sete
Estados ainda podem ter sucesso.
Os desesperados, tanto os mais
populares como os menos famosos, foram capazes de atrair mais
gente para os estádios nas últimas
rodadas. Bahia e Paysandu, por
exemplo, tiveram média superior
a 30 mil pagantes nas últimas
duas partidas que receberam.
Já tradicionais campeões de bilheterias, como o Atlético-MG,
não repetem dessa vez o sucesso
de outras edições, mesmo estando dentro da zona de classificação. Em jogo contra o Internacional, na semana passada, os mineiros levaram menos de 7.000 pagantes ao estádio Independência.
O núcleo central do poder da
bola do país ainda aparece em
maior número na luta contra o rebaixamento -sete dos fundadores do Clube dos 13 podem cair.
No plano individual, a batalha
do descenso apresenta ingredientes que faltam na luta pelas finais.
Os dois únicos pentacampeões
titulares na Ásia que atuam no
país -Marcos, do Palmeiras, e
Kleberson, do Atlético-PR- podem terminar o ano na Série B.
O artilheiro do Brasileiro-2002
também tem boas chances de sair
de um time rebaixado. Dos dez
principais goleadores da competição até o momento, seis jogam em
um ameaçado, como Dimba, do
Gama, e Liédson, do Flamengo.
Por fim, o único treinador em
atividade que ganhou o Nacional
três vezes pode ser vítima do descenso. Wanderley Luxemburgo,
campeão em 93, 94 (com o Palmeiras) e 98 (com o Corinthians),
hoje agoniza com o Cruzeiro.
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