São Paulo, terça-feira, 05 de novembro de 2002

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Batalha contra o rebaixamento reúne mais times e popularidade do que a disputa pelo mata-mata

Na hora da festa pela vaga, degola empolga Brasileiro

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Na reta final da sua fase de classificação, o Brasileiro-2002 reúne mais atrativos na agonia contra o rebaixamento do que na luta por uma vaga nas quartas-de-final.
São mais agremiações tentando evitar o descenso (14) do que aquelas com chances reais de passar à segunda fase (12) do torneio.
Para cada vaga na Série B, há 3,5 clubes. A proporção para a passagem às finais não passa de 1,5.
Na turma de cima, São Paulo e São Caetano só não passam à próxima fase se uma das mais improváveis combinações de resultados da história ocorrer. Corinthians, Santos e Juventude também estão muito perto da classificação.
Já no grupo do desespero, nada está definido, com todos os times dependendo dos próprios resultados para alcançar a salvação.
E o Guarani é um caso à parte. Como ainda tem quatro jogos por fazer e 28 pontos, o clube campineiro tanto pode conseguir a vaga como ser rebaixado para a Série B.
Além de travar um combate mais acirrado, a turma do desespero forma um grupo com mais "peso" no futebol do país.
Oito dos ameaçados de rebaixamento já foram campeões nacionais. Juntos, acumulam 19 títulos do Brasileiro. Os três maiores vencedores da história da competição -Flamengo, Vasco e Palmeiras- estão nesse grupo.
Já no bloco que ainda sonha com o título em 2002, seis equipes tiveram o gosto de ganhar o mais importante do campeonato do país, sendo que só Corinthians e Grêmio fizeram isso nos últimos dez anos. O número total de títulos também é menor: 11.
Mais vitoriosa, a turma do rebaixamento é mais popular do que os concorrentes da parte de cima da tabela.
Pela última pesquisa nacional realizada pelo Datafolha, em junho passado, 38% dos brasileiros torcem para equipes que podem cair para a segunda divisão. Já os times na disputa por uma vaga nas finais respondem por 29%.
Descontados os brasileiros que dizem não ter um time de coração, a participação dos ameaçados na preferência dos torcedores atinge 52%, contra 40% do bloco de cima da tabela.
Das dez unidades da federação com representantes na Série A, nove são ameaçadas de rebaixamento. Na classificação, só sete Estados ainda podem ter sucesso.
Os desesperados, tanto os mais populares como os menos famosos, foram capazes de atrair mais gente para os estádios nas últimas rodadas. Bahia e Paysandu, por exemplo, tiveram média superior a 30 mil pagantes nas últimas duas partidas que receberam.
Já tradicionais campeões de bilheterias, como o Atlético-MG, não repetem dessa vez o sucesso de outras edições, mesmo estando dentro da zona de classificação. Em jogo contra o Internacional, na semana passada, os mineiros levaram menos de 7.000 pagantes ao estádio Independência.
O núcleo central do poder da bola do país ainda aparece em maior número na luta contra o rebaixamento -sete dos fundadores do Clube dos 13 podem cair.
No plano individual, a batalha do descenso apresenta ingredientes que faltam na luta pelas finais.
Os dois únicos pentacampeões titulares na Ásia que atuam no país -Marcos, do Palmeiras, e Kleberson, do Atlético-PR- podem terminar o ano na Série B.
O artilheiro do Brasileiro-2002 também tem boas chances de sair de um time rebaixado. Dos dez principais goleadores da competição até o momento, seis jogam em um ameaçado, como Dimba, do Gama, e Liédson, do Flamengo.
Por fim, o único treinador em atividade que ganhou o Nacional três vezes pode ser vítima do descenso. Wanderley Luxemburgo, campeão em 93, 94 (com o Palmeiras) e 98 (com o Corinthians), hoje agoniza com o Cruzeiro.


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