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São Paulo, sexta-feira, 05 de dezembro de 2003

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FUTEBOL

Galo, Galo, Galo!

JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA

Enorme leitor, desmedida leitora, muito já se falou do Cruzeiro, merecido campeão da Série A, e do Palmeiras, heróico vencedor da Série B. E eles mereceram cada ponto de exclamação. Mas agora chega! Voltar a eles seria como tomar café requentado e comer pão duro com manteiga rançosa.
Experimentemos então um desjejum mais fresco. Falemos do grande Ituano, provável campeão da Série C e primeiro clube classificado para a disputa da Segundona em 2004.
Anteontem, graças a um gol do ex-coritibano Jabá (aquele que recebeu um cartão por driblar demais), o colossal Galo (sim, caros atleticanos, o vosso time não é o único do terreiro ou, vá lá, dos estádios) derrotou o Campinense no estádio Novelli Júnior e chegou a dez pontos, garantindo sua classificação.
Para todos os efeitos, o desmesurado clube ainda pode ser alcançado pelo Santo André, mas isso pouco importa, porque na Série C, assim como na Série B, o vice-campeonato e o título têm mais ou menos o mesmo valor.
O Ituano nasceu em 1947. Como a Ferroviária, o Nacional, o Noroeste e tantas outras agremiações, deve seu surgimento ao futebolzinho de fim de semana jogado por funcionários da estrada de ferro, transporte elegante que marcou a nossa história antes da atual opção por congestionamentos, poluição e pedágios.
Desde então foram décadas de pequenez, até que, mais recentemente, a diretoria resolveu adotar um planejamento racional e com metas de médio e longo prazo. Não demorou muito e a grandeza apareceu.
Nem todo mundo se lembra, mas o Ituano foi o supremo vencedor do Campeonato Paulista de 2002. Tudo bem que Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo não disputaram a competição naquele ano, mas troféu é troféu, e ele foi para a sede do Ituano.
Para conseguir o acesso à Série B, o rubro-negro passou por momentos de demasiada aflição.
Quando enfrentou compadres caipiras, parecia que estava brincando de gangorra. Ganhando em casa e perdendo fora de União Barbarense, Internacional de Limeira e XV de Piracicaba, o time sobrevivia.
Vieram, então, os mata-matas. Primeiro contra o União Bandeirante e, depois, duas vezes contra o mesmo adversário: o RS de Paulo César Carpegiani. Com extremo sofrimento, o Ituano seguiu em frente.
Quando passou a disputar o quadrangular decisivo, porém, o time se acertou e começou a mostrar sua enormidade.
Para manter a convenção, o time de Itu teve aproveitamento de 100% nos jogos disputados em casa e ainda conseguiu um nebuloso empate diante do Santo André, no ABC.
A cidade dos superlativos, que tem uma cabine telefônica imensa e um semáforo gigantesco diante da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária, agora exibe um novo item para os turistas fotografarem: um sorrisão que vai de orelha a orelha.

Deslize 1
O Santo André realizou a façanha de perder em casa para um Botafogo da Paraíba desfalcado. Agora o time terá de vencer o ainda esperançoso Campinense no domingo em Campina Grande. Pior é que, com a vitória, o Botafogo voltou a respirar por aparelhos (precisa golear o Ituano em João Pessoa e esperar um 0 a 0 entre Santo André e Campinense). A Série A terminou com duas rodadas de antecedência e a Série B, com uma. A Terceirona, porém, só vai ser decidida, literalmente, no calor da hora.

Deslize 2
Devia haver um troféu para os goleadores que casam gols com expulsões. E poderia se chamar Troféu Chulapa. O ganhador do ano seria, com todas as honras, Luis Fabiano.

E-mail torero@uol.com.br


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