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FUTEBOL
Final com anticlímax
JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA
Eo campeonato acabou, se
é que acabou, chocho.
Com derrotas dos dois pretendentes ao título.
Com duas voltas olímpicas para
constar, a exemplo do que já tinha acontecido no Rio de Janeiro,
em 1990, quando Botafogo e Vasco se achavam campeões cariocas. A Justiça, depois, resolveu
que era mesmo o Glorioso.
O Inter fraquejou de novo na
hora decisiva, e o Corinthians, tão
acusado de ser ajudado pelas arbitragens, foi vítima de um gol em
claro impedimento, o segundo do
Goiás, que se não fosse validado
permitiria que o Brasileirão não
continuasse sabe-se lá até quando
na Justiça comum.
No Serra Dourada, o Corinthians cansou de perder gols e foi
castigado pelo bom time goiano.
Corinthians que está longe de ter
um time inesquecível, como, por
exemplo, aqueles que ganharam
o bicampeonato em 98/99. Mesmo apoiado pela MSI e por um
investimento nebuloso, que caracteriza concorrência desleal.
A exemplo de 90, cuja conquista
é creditada a Neto e, em segundo
lugar, ao goleiro Ronaldo, este se
deve a Tevez e, em segundo lugar,
ao goleiro Fábio Costa, cujo temperamento lembra o de Ronaldo.
No Couto Pereira, o Inter fez
um pênalti infantil de cara e não
soube virar.
Time bem organizado e não
muito mais que isso, o Inter também não seria, ou será, um campeão inesquecível, como foram os
do tricampeonato em 75/76/79.
As melhores festas ficaram para
os palmeirenses que viraram na
luta pela vaga na Libertadores
diante do decadente Fluminense
e para o baixinho Romário, artilheiro mais um vez, melhor jogador que o futebol já viu dentro da
área, goleador até aos 40 anos e
no país do futebol.
Triste mesmo ficou a situação
do rebaixado Coritiba, brilhante
na vitória, mas traído pelo triste
Cruzeiro de 2005.
Três mãos esquerdas se salvaram em nossa imprensa.
A de Armando Nogueira, a de
Tostão e a deste colunista, postas
a corte caso o Corinthians não
fosse o campeão.
E, como bem lembrou o jornalista Arnaldo Hase, a frase "tolos,
pensam que escrevo com as
mãos", foi cunhada pelo grande
jornalista Antonio Maria, pai de
Antonio Maria, do "Globo", e
marido de Danuza Leão, quando
os tiranetes da ditadura militar
quebraram-lhe as mãos.
Mas, se as mãos se salvaram, as
aparências do Brasileirão não se
salvaram. Porque está claro que é
preciso uma nova Justiça esportiva, sem tanta cerimônia, formalidade e opacidade.
Uma Justiça mais rápida, como
se vê nas Copas do Mundo, na Libertadores, na base do rito sumário, sem a pavonice que caracteriza a nossa, ano sim, ano sim, responsável por lambanças sem fim.
Por ironia, não fosse o terceiro
gol goiano, a dupla Co-Co teria
limpado a barra deste polêmico
Brasileirão-2005.
Que mais parece a chuva que
não acabava nunca na cidade de
Macondo, celebrizada por Gabriel García Márquez, em "Cem
Anos de Solidão".
Fim do arbítrio?
A decisão da ministra do STJ
Nancy Andrighi vai além da
questão esportiva. Sábia ao não
alterar, imediatamente, a situação da decisão do Brasileiro, a
ministra pode vir a ser a Princesa Isabel do futebol. Porque está claro na decisão que ela viu
fortes indícios de coisa combinada na liminar obtida, na calada da noite, pelas organizadas
do Rio, em respaldo ao STJD,
na Justiça fluminense. Remeteu
o conflito não só à Justiça gaúcha, como se desconfiasse da
fluminense, como a enviou aos
Ministérios Públicos Federal e
Estadual do Rio, além de enviá-lo ao CNJ, que já está julgando a
legalidade do cargo do desembargador Luiz Zveiter, o Rei Só,
no STJD. Coisa que a CBF e o
STJD já deveriam ter apreendido em 2000, quando o Gama os
derrotou na Justiça comum.
blogdojuca@uol.com.br
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