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buraco
Abalada por crise, Honda deixa a F-1
No mais duro golpe no esporte, montadora põe equipe à venda e pode fechar portas se não achar comprador até fevereiro
Decisão acontece após série
de resultados negativos nos
negócios e nas pistas e pode
deixar Mundial com 9 times,
seu menor grid em 40 anos
FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O esporte sofreu seu mais
duro golpe desde o recrudescimento da crise financeira mundial. Na F-1. Numa marca tradicional, com história de sucesso,
de boas lembranças para o Brasil e com o quarto maior investimento deste ano. A Honda.
Atolada em resultados negativos, a montadora japonesa colocou à venda sua equipe na categoria máxima do automobilismo. Caso não apareça um
comprador até fevereiro, fechará as portas, deixando o campeonato com apenas nove equipes, menor quórum desde 69,
quando sete times alinharam.
A decisão afeta diretamente
dois pilotos brasileiros, Rubens
Barrichello e Bruno Senna,
além da Petrobras, que faria em
2009 sua primeira temporada
como fornecedora do time,
após romper com a Williams.
O anúncio oficial aconteceria
na madrugada de hoje, início de
tarde de sexta-feira no Japão.
O primeiro efeito prático deve ser o cancelamento dos testes marcados para a semana
que vem, em Jerez de la Frontera, na Espanha. O segundo, a
debandada de funcionários.
Equipes rivais relatam estar
recebendo, aos montes, currículos de executivos, engenheiros e mecânicos da Honda. Cerca de 300 pessoas trabalham na
operação da montadora japonesa na F-1, cuja sede, por razões de logística, fica na Inglaterra, na região de Silverstone.
A Folha apurou que entre os
potenciais compradores está
uma companhia aérea que já
havia fechado com a equipe um
contrato de patrocínio para
2009. A Honda pode atuar apenas como vendedora de motores -usando ou não a marca.
Nas últimas semanas, a montadora acumulou más notícias.
No fim de novembro, anunciou férias coletivas de 50 dias
para os operários de sua fábrica
de carros de passeio em Swindon, na Inglaterra, e congelou a
expansão de uma linha de
montagem na Turquia. Anteontem, revelou queda de
32% nas vendas de novembro
nos EUA, em comparação com
o mesmo mês de 2007.
Nesse contexto tão negativo,
a F-1 se tornou um luxo dispendioso. Principalmente diante
dos resultados pífios obtidos
nas últimas temporadas.
Neste ano, a equipe foi a
quarta colocada em gastos,
com US$ 398,1 milhões, cerca
de R$ 982,7 milhões em valores
atuais. A recordista foi a também japonesa Toyota, com US$
445,6 milhões, seguida por
McLaren e Ferrari. Mas, enquanto estas disputaram o título e sua maior concorrente terminou o Mundial em quinto, a
Honda passou o campeonato
freqüentando o fundo do grid e
terminou só em nono lugar.
Um desfecho melancólico
para uma marca que tentava,
pela segunda vez, emplacar como equipe na F-1. Na primeira
experiência, nos anos 60, a
Honda obteve razoável sucesso. Agora, desde 2006, quando
comprou a antiga BAR, só colecionou quedas e fracassos.
Seu único momento de glória
foi a vitória de Jenson Button,
em 2006, no GP da Hungria.
História bem diferente aconteceu quando a Honda atuou
apenas como fornecedora de
motores, principalmente de
meados dos 80 até início dos
90. Como parceira de Williams
e McLaren, a empresa japonesa
arrebatou seis Mundiais de
Construtores. Também registrou vitórias com a Lotus.
No Brasil, a marca se tornou
especialmente célebre por ter
empurrado Ayrton Senna em
seus primeiros triunfos na categoria e nas conquistas de
seus três campeonatos.
Foi também com a Honda
que Nelson Piquet garantiu seu
último título na categoria, na
temporada de 1987.
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