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Pressionado, governo "segura" licitação
Questionamentos fazem Ministério do Esporte alterar data de concorrência para a instalação de sistema nos estádios
Após lobby de insatisfeitos, senador vai a plenário para criticar edital, que, segundo ele, tende a restringir ou favorecer um concorrente
EDUARDO ARRUDA
DO PAINEL FC
JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pressionado após enxurrada
de pedidos de questionamentos e impugnações, o Ministério do Esporte adiou a licitação
que ocorreria na segunda-feira
para a instalação de equipamentos de segurança e monitoramento nos estádios.
O governo transferiu a abertura dos envelopes para o próximo dia 15. Empresas interessadas na concorrência, entretanto, armaram estratégia para
anular o edital, que prevê gastos de R$ 80 milhões.
Como revelou a Folha, a alegação é a de que os itens do
documento favorecem a escolha da empresa sul-africana
Dex Security Solutions. A Dex
presta o serviço de acesso ao
estádio Beira-Rio, do Inter.
Ontem, foi forte o lobby de
algumas empresas no Congresso, perante deputados e senadores, para brecar a licitação.
O Ministério do Esporte diz
que alterou a data da licitação
para analisar com "sobriedade"
os questionamentos feitos. Ao
todo, diz a pasta, sete companhias pedem a impugnação.
Para reforçar sua intenção,
os reclamantes, mesmo após o
governo adiar a licitação, ainda
conseguiram liminar suspendendo a concorrência. O juiz
marcou audiência entre as partes também para o dia 15.
O senador Gilberto Goellner
(DEM-MT) discursou ontem
em plenário criticando o edital.
Para ele, a forma como foi redigido o documento mostra "inequívoca tendência de restringir
a licitação ou, quem sabe, direcioná-la a talvez um único concorrente, que atenda ao mesmo
tempo ao severo critério de patrimônio líquido e à experiência em estádios privados".
Goellner, relator da subcomissão da Copa-14 e da Olimpíada-16, disse que encaminhou, anteontem, requerimentos ao Tribunal de Contas da
União e ao Ministério Público
da União para que tomem providências para barrar "procedimento danoso ao erário".
Goellner apontou dois problemas principais no edital. O
primeiro é o alto capital social
mínimo demandado às empresas e consórcios participantes
-R$ 8 milhões e R$ 10,4 milhões, respectivamente. O segundo é a necessidade de os
concorrentes terem prestado
serviços de automação para
"entidades futebolísticas".
Segundo o senador, o ministério foi questionado por uma
das empresas interessadas.
Respondeu que isso significava
que o concorrente deveria ter
experiência na realização de
obras em estádios privados.
Esses dois pontos limitam a
participação a empresas que
têm estrutura e conhecimento
para a tarefa, diz ele, afrontando princípios que deveriam
constar em editais de licitação,
como igualdade e moralidade.
O ministério disse ter se colocado à disposição de Goellner
para elucidar os itens do edital.
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