São Paulo, domingo, 05 de dezembro de 2010

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Escondendo xerém

Sem nenhum titular no time de Muricy Ramalho, CT na Baixada Fluminense continua sendo celeiro de craques para os outros

LUIZA SOUTO
DO RIO

São 11 anos de parceria do Fluminense com a Unimed e apenas um título nacional, a Copa do Brasil de 2007.
O segundo pode chegar hoje, contra o Guarani, sem que a patrocinadora, que participa ativamente das decisões sobre o elenco da equipe profissional, tenha mudado seu estilo: contratações de impacto, altos salários e Xerém em segundo plano.
Xerém é o distrito de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, onde o clube tem um conjunto de campos que é majoritariamente utilizado pelas divisões de base.
No time que joga hoje no Engenhão, nenhum jogador foi revelado lá. Uma constatação que parece tão incômoda para o clube que até o acesso às instalações não foi permitido à Folha.
Tartá, a cria de Xerém que mais se destacou no campeonato, embora sendo reserva, não joga por estar suspenso.
"A base do time que disputa o Brasileiro é composta por 18 jogadores. O [volante] Fernando Bob e o Tartá estão sempre entrando. Mas a gente não consegue segurar quase ninguém. Se não vendermos, perdemos dinheiro", justifica o vice-presidente de futebol, Alcides Antunes.
Nos últimos anos foram embora os laterais Rafael e Fabio, irmãos gêmeos que estão no Manchester United, e o meia Wellington Silva, vendido por R$ 10 milhões ao Arsenal, também da Inglaterra.
"Infelizmente a Lei Pelé nos atrapalha, porque quando o jogador começa a amadurecer, lá pelos 20 anos, vai embora", explica Antunes.
De acordo com a lei, os jogadores têm direito de escolher onde querem atuar. O clube que revelou o profissional, no entanto, deve ser indenizado na transferência.
Parte dos titulares foi trazida de fora para esta temporada. São os casos de Leandro Euzébio (Goiás), Valência (Atlético-PR) e Emerson (Al Ain, dos Emirados Árabes).
Apenas a soma dos salários dos dois astros do grupo, Fred e Conca, beira os R$ 800 mil. Deco, que não atua hoje por estar contundido, ganha em torno de R$ 500 mil, segundo informações que o Fluminense não confirma.
Para 2011, espera-se poucas mudanças no perfil do time. Segundo Antunes, os que já vieram da base vão continuar. Mas ele adiantou o desejo do técnico Muricy Ramalho de promover a ascensão de alguns jogadores.
"Muricy já foi lá em Xerém. Os treinos do time profissional são feitos com os juniores de Xerém", explica o cartola.
No fim de outubro, o técnico relacionou o atacante Matheus Carvalho, 18, para a partida contra o Grêmio, pela 32ª rodada do Brasileiro. Mas ele não entrou em campo.
"Temos esse intercâmbio para ver se revelamos alguém", disse Muricy à época. As apostas não continuaram.
Matheus é tido como grande revelação de Xerém atualmente e já fechou um contrato de cinco anos de duração.
Treinando com a camisa tricolor desde os 12 anos, Tartá, hoje com 21, ainda sonha em ser um dos titulares.
Não será neste domingo, porque o jogador está suspenso por ter levado o terceiro cartão amarelo na rodada anterior. Para o pai do meia, Alcimar Barbosa, a hora do filho ainda vai chegar.
"Quando ele começou, foi uma luta muito grande. Não tinha dinheiro para pagar as duas conduções. Mas sempre digo para o meu filho que a hora dele vai chegar."


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