São Paulo, segunda-feira, 06 de fevereiro de 2006

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FUTEBOL

A falta faz parte do jogo

JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA

A falta faz parte do jogo, obviedade tamanha que exige regras para puni-las.
E que é repetida por narradores, comentaristas e, principalmente, por técnicos pragmáticos e jogadores toscos.
Há até quem chame algumas faltas de providenciais, outra obviedade pragmática.
A falta faz tão parte do jogo como assassinatos fazem parte da vida, do dia-a-dia.
No sábado, o Bragantino fez 30, uma a cada três minutos, para impedir que o Corinthians jogasse diante de 30 mil torcedores.
Nem foram tantas, a julgar pelo excessivo número delas, tão comuns em nossos jogos.
Mas quase todas foram puramente intencionais, para matar a jogada, o chamado antijogo, complacentemente admitidas por um árbitro banana e dos mais experientes do quadro da FPF -Sálvio Spinola.
E aí é que está a questão.
Por ser um esporte de choque, faltas são inevitáveis num jogo de futebol, como já ensinou o conselheiro Acácio.
Só que há uma enorme diferença entre a falta acidental e a feita de propósito.
Esta última deveria ser punida com a expulsão pura e simples, logo de cara, em nome do jogo, em respeito a quem paga para ver o espetáculo do futebol, porque luta livre é outra coisa.
Porque os artistas como Carlitos Tevez, Nilmar e Ricardinho não podiam fazer a parte deles, pois alguns brucutus insignificantes como praticantes do jogo de bola os impediam com agarrões, toques nos calcanhares, rasteiras típicas da capoeira, tudo, é claro, no estrito cumprimento de ordens superiores de outro inferior sentado no banco do Bragantino.
Já que a FPF quer renovar seu quadro de árbitros, eis aí uma ótima oportunidade de mostrar aos que estão chegando como não se deve apitar uma partida.
E que não se veja aqui uma atitude solidária à revolta de Antônio Lopes ao fim da partida, indignado com o antijogo, justo ele que sempre se caracterizou por mandar bater, ao contrário de Telê Santana, que, segundo Zico, foi o único de seus técnicos de quem jamais ouviu ordem semelhante. O único.
A solidariedade aqui manifestada é endereçada aos craques em questão e aos pagantes no Pacaembu e na TV.
Craques que inevitavelmente acabam se irritando e, como aconteceu com Ricardinho, na legítima intenção de jogar o jogo, terminam expulsos por assopradores de apito desprovidos de senso de equilíbrio.
Julgar intenções, é claro, carrega alta dose de subjetividade.
O jogador quis ou não cortar a bola com a mão dentro da área? Mão na bola ou bola na mão, nem Shakeaspere resolveu tão angustiante questão.
Mas não cabe dúvida quando um jogador puxa a camisa do outro, cutuca o seu calcanhar por trás quando este está com a bola sob seu domínio e devidamente protegida etc. e tal.
Ou cabe.
Para os pusilânimes.

Que clássico!
São Paulo e Palmeiras fizeram uma partida de primeira, tecnicamente muito boa e com emoções de sobra. O placar só não teve ainda mais gols graças aos acertos dos goleiros das duas equipes, às traves e aos erros de alguns finalizadores. E o Palmeiras mereceu melhor sorte. Se arrumar um número 6 e um número 9, virará um belo time, porque mostrou ontem, no Morumbi, que é respeitável, ao fazer sua melhor apresentação neste ano, além de ter desprezado jogar pelo empate que lhe serviria. Já o São Paulo é o São Paulo. Alex Dias estreou muito bem no jogo, André Dias não comprometeu, Thiago é belíssima realidade, enfim, o tricolor é candidatíssimo ao tetra na Libertadores. E ainda está longe de estar completo. Até o juiz foi bem.


@ - blogdojuca@uol.com.br

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