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FUTEBOL
A falta faz parte do jogo
JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA
A falta faz parte do jogo, obviedade tamanha que exige
regras para puni-las.
E que é repetida por narradores,
comentaristas e, principalmente,
por técnicos pragmáticos e jogadores toscos.
Há até quem chame algumas
faltas de providenciais, outra obviedade pragmática.
A falta faz tão parte do jogo como assassinatos fazem parte da
vida, do dia-a-dia.
No sábado, o Bragantino fez 30,
uma a cada três minutos, para
impedir que o Corinthians jogasse diante de 30 mil torcedores.
Nem foram tantas, a julgar pelo
excessivo número delas, tão comuns em nossos jogos.
Mas quase todas foram puramente intencionais, para matar a
jogada, o chamado antijogo,
complacentemente admitidas por
um árbitro banana e dos mais experientes do quadro da FPF
-Sálvio Spinola.
E aí é que está a questão.
Por ser um esporte de choque,
faltas são inevitáveis num jogo de
futebol, como já ensinou o conselheiro Acácio.
Só que há uma enorme diferença entre a falta acidental e a feita
de propósito.
Esta última deveria ser punida
com a expulsão pura e simples, logo de cara, em nome do jogo, em
respeito a quem paga para ver o
espetáculo do futebol, porque luta
livre é outra coisa.
Porque os artistas como Carlitos Tevez, Nilmar e Ricardinho
não podiam fazer a parte deles,
pois alguns brucutus insignificantes como praticantes do jogo de
bola os impediam com agarrões,
toques nos calcanhares, rasteiras
típicas da capoeira, tudo, é claro,
no estrito cumprimento de ordens
superiores de outro inferior sentado no banco do Bragantino.
Já que a FPF quer renovar seu
quadro de árbitros, eis aí uma ótima oportunidade de mostrar aos
que estão chegando como não se
deve apitar uma partida.
E que não se veja aqui uma atitude solidária à revolta de Antônio Lopes ao fim da partida, indignado com o antijogo, justo ele
que sempre se caracterizou por
mandar bater, ao contrário de
Telê Santana, que, segundo Zico,
foi o único de seus técnicos de
quem jamais ouviu ordem semelhante. O único.
A solidariedade aqui manifestada é endereçada aos craques
em questão e aos pagantes no Pacaembu e na TV.
Craques que inevitavelmente
acabam se irritando e, como
aconteceu com Ricardinho, na legítima intenção de jogar o jogo,
terminam expulsos por assopradores de apito desprovidos de senso de equilíbrio.
Julgar intenções, é claro, carrega alta dose de subjetividade.
O jogador quis ou não cortar a
bola com a mão dentro da área?
Mão na bola ou bola na mão,
nem Shakeaspere resolveu tão
angustiante questão.
Mas não cabe dúvida quando
um jogador puxa a camisa do outro, cutuca o seu calcanhar por
trás quando este está com a bola
sob seu domínio e devidamente
protegida etc. e tal.
Ou cabe.
Para os pusilânimes.
Que clássico!
São Paulo e Palmeiras fizeram
uma partida de primeira, tecnicamente muito boa e com emoções de sobra. O placar só não
teve ainda mais gols graças aos
acertos dos goleiros das duas
equipes, às traves e aos erros de
alguns finalizadores. E o Palmeiras mereceu melhor sorte.
Se arrumar um número 6 e um
número 9, virará um belo time,
porque mostrou ontem, no
Morumbi, que é respeitável, ao
fazer sua melhor apresentação
neste ano, além de ter desprezado jogar pelo empate que lhe
serviria. Já o São Paulo é o São
Paulo. Alex Dias estreou muito
bem no jogo, André Dias não
comprometeu, Thiago é belíssima realidade, enfim, o tricolor é
candidatíssimo ao tetra na Libertadores. E ainda está longe
de estar completo. Até o juiz foi
bem.
@ - blogdojuca@uol.com.br
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