|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AUTOMOBILISMO
Time inicia temporada ameaçada de redução no orçamento
Absoluta, Ferrari começa Mundial-2003 sob pressão
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A MELBOURNE
Três títulos consecutivos do
Mundial de Pilotos. Desde 1999, a
única campeã entre os Construtores. Paradigma para todas as equipes de todas as categorias do automobilismo. Um mito da F-1.
Apesar de tudo isso -e por incrível que pareça-, a Ferrari inicia o Mundial 2003 sob pressão.
A escuderia está prestes a experimentar uma redução drástica de
orçamento. E, enquanto seu presidente, Luca di Montezemolo,
tenta contornar o problema na
Itália, o time procura ajudar na
Austrália com mais um começo
de campeonato arrasador.
O 54º Mundial de F-1 começa
hoje, às 18h30 (de Brasília), com
Jaguar, Jordan, Minardi e Renault
participando da sessão extra de
testes, uma das novidades do regulamento. Às 21h, todas as equipes iniciarão os treinos livres. À
meia-noite, será a vez da primeira
tomada classificatória para o grid.
A preocupação da Ferrari, no
entanto, não está nas regras. Está
nas contas. E o estopim foi a morte de Gianni Agnelli, presidente
honorário da Fiat, há 41 dias.
A escuderia perdeu seu maior
protetor, o homem que dava
guarda para Montezemolo direcionar para a F-1 até 90% dos lucros com as vendas de seus carros.
Em 2002, a divisão de automóveis de rua da Ferrari deu lucro de
US$ 203 milhões, dos quais US$
184 mi foram para a escuderia.
Essa política não é nova. Décadas atrás, Enzo Ferrari costumava
afirmar que sua maior motivação
para produzir carros de luxo era
levantar fundos para financiar
seus projetos no esporte a motor.
A questão é que hoje há outros
envolvidos no negócio. A empresa está dividida entre cinco acionistas: Fiat (56%), os bancos italianos Mediobanca (22%) e Banca
Popolare (2%), o banco alemão
Commerzbank (10%) e Piero Ferrari, filho de Enzo (10%).
E, na opinião do Mediobanca,
cada vez mais influente após a
morte de Agnelli, o repasse para a
equipe de F-1 neste Mundial não
deve passar dos US$ 33 milhões.
Isso representaria um corte de
20% (US$ 151 milhões) em um orçamento que, no ano passado,
chegou aos US$ 750 milhões.
É para tentar salvar parte dessa
verba que a Ferrari ataca em dois
flancos. Montezemolo busca
apoio no amigo Umberto Agnelli,
irmão de Gianni, que assumiu a
presidência da Fiat. E o time precisar continuar mostrando na pista que o investimento vale a pena.
Pelos resultados da pré-temporada, a Ferrari tem tudo para
manter sua série de vitórias na
abertura do Mundial desde 99.
O que as rivais não querem é
que a pressão do Mediobanca sirva de incentivo extra para a Ferrari. Seria o pior dos mundos para
elas. E uma ducha gelada no entusiasmo da FIA com suas regras
que nem sequer estrearam.
Texto Anterior: Time do litoral entra completo Próximo Texto: Novo visual Índice
|