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São Paulo, quinta-feira, 06 de março de 2003

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AUTOMOBILISMO

Time inicia temporada ameaçada de redução no orçamento

Absoluta, Ferrari começa Mundial-2003 sob pressão

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A MELBOURNE

Três títulos consecutivos do Mundial de Pilotos. Desde 1999, a única campeã entre os Construtores. Paradigma para todas as equipes de todas as categorias do automobilismo. Um mito da F-1.
Apesar de tudo isso -e por incrível que pareça-, a Ferrari inicia o Mundial 2003 sob pressão.
A escuderia está prestes a experimentar uma redução drástica de orçamento. E, enquanto seu presidente, Luca di Montezemolo, tenta contornar o problema na Itália, o time procura ajudar na Austrália com mais um começo de campeonato arrasador.
O 54º Mundial de F-1 começa hoje, às 18h30 (de Brasília), com Jaguar, Jordan, Minardi e Renault participando da sessão extra de testes, uma das novidades do regulamento. Às 21h, todas as equipes iniciarão os treinos livres. À meia-noite, será a vez da primeira tomada classificatória para o grid.
A preocupação da Ferrari, no entanto, não está nas regras. Está nas contas. E o estopim foi a morte de Gianni Agnelli, presidente honorário da Fiat, há 41 dias.
A escuderia perdeu seu maior protetor, o homem que dava guarda para Montezemolo direcionar para a F-1 até 90% dos lucros com as vendas de seus carros.
Em 2002, a divisão de automóveis de rua da Ferrari deu lucro de US$ 203 milhões, dos quais US$ 184 mi foram para a escuderia.
Essa política não é nova. Décadas atrás, Enzo Ferrari costumava afirmar que sua maior motivação para produzir carros de luxo era levantar fundos para financiar seus projetos no esporte a motor.
A questão é que hoje há outros envolvidos no negócio. A empresa está dividida entre cinco acionistas: Fiat (56%), os bancos italianos Mediobanca (22%) e Banca Popolare (2%), o banco alemão Commerzbank (10%) e Piero Ferrari, filho de Enzo (10%).
E, na opinião do Mediobanca, cada vez mais influente após a morte de Agnelli, o repasse para a equipe de F-1 neste Mundial não deve passar dos US$ 33 milhões.
Isso representaria um corte de 20% (US$ 151 milhões) em um orçamento que, no ano passado, chegou aos US$ 750 milhões.
É para tentar salvar parte dessa verba que a Ferrari ataca em dois flancos. Montezemolo busca apoio no amigo Umberto Agnelli, irmão de Gianni, que assumiu a presidência da Fiat. E o time precisar continuar mostrando na pista que o investimento vale a pena.
Pelos resultados da pré-temporada, a Ferrari tem tudo para manter sua série de vitórias na abertura do Mundial desde 99.
O que as rivais não querem é que a pressão do Mediobanca sirva de incentivo extra para a Ferrari. Seria o pior dos mundos para elas. E uma ducha gelada no entusiasmo da FIA com suas regras que nem sequer estrearam.


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