São Paulo, quinta-feira, 06 de abril de 2000


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HMTF-Cruzeiro entra no páreo para ter Luiz Felipe Scolari
De saída. Para Minas?

Jorge Araújo/Folha Imagem
Felipe Scolari boceja durante treino do Palmeiras



Em crise no Palmeiras, técnico pode ser levado por Paulo Angioni, que negocia com o fundo, parceiro corintiano




FERNANDO MELLO
da Reportagem Local

Em meio à maior crise da "era Scolari" no Palmeiras, o HMTF, parceiro do arqui-rival Corinthians, está trabalhando para levar para Minas Gerais dois dos principais pilares do clube na conquista da Taça Libertadores da América de 1999, o título mais importante da história do clube do Parque Antarctica.
O diretor da Parmalat para o Palmeiras, Paulo Angioni, e o próprio treinador, criticados por integrantes da cúpula do clube paulista, podem se transferir para o Cruzeiro de Belo Horizonte no segundo semestre deste ano.
A já desgastada relação de Scolari com o Palmeiras degringolou no início do ano, quando o clube sofreu um desmanche -negociou dez jogadores campeões sul-americanos- e não trouxe as peças necessárias para reposição.
Com seu jeito mal-humorado, o técnico gaúcho conseguiu conquistar a torcida palmeirense no início de seu trabalho -que começou em agosto de 1997- e se transformou no maior ídolo dos palmeirenses.
No Palmeiras, o técnico chegou a oito finais e conquistou, além da Libertadores, a Copa do Brasil-98, a Copa Mercosul-99 e o Rio-São Paulo-2000.
A mesma torcida que o elevou a pop star foi responsável por uma campanha ostensiva pela sua saída, em dezembro último, após a perda do Mundial interclubes para o Manchester, em Tóquio.
Irritado por não ter um elenco forte e por estar pressionado pela Mancha Alviverde, maior organizada do clube, o técnico disse que não se desgastaria mais pedindo atletas -deu à diretoria uma lista com 12 nomes.
À época, afirmou que pretendia se transferir para o futebol europeu no segundo semestre, o que irritou o presidente do clube, Mustafá Contursi.
A indefinição sobre o futuro do treinador e as especulações de que ele já teria acertado com o Vasco fizeram com que o dirigente suspendesse o pagamento de R$ 1 milhão a Scolari, referente às "luvas" pela renovação de contrato feita em agosto de 1999.
Pelo acordo, o treinador receberia o dinheiro apenas no início deste ano. Ontem, Scolari não desmentiu o não-pagamento das "luvas". "Não falo sobre dinheiro. Só sei que os caras estão bravos porque ganho bem", disse o técnico, que não quis explicar a quem estava se referindo.
A administração de Paulo Angioni também tem desagradado setores da diretoria palmeirense.
Aproveitando a situação de Angioni, o fundo de investimentos norte-americano HMTF acertou a contratação do dirigente, que levaria consigo o técnico Scolari.
Um dirigente importante do HMTF, que pediu para não ser identificado, confirmou à Folha que só falta o Cruzeiro referendar a escolha de Angioni para que o dirigente ocupe o cargo de diretor de futebol, hoje vago.
Em Minas, o nome de Angioni é muito forte. Caso o deputado federal Zezé Perrela (PFL-MG), presidente do clube, rechace a contratação de Angioni, figurariam na lista Luiz Henrique de Menezes e Watson Lima, ex-técnico da seleção feminina de vôlei.
O vice-presidente do Cruzeiro, Alvimar Perrela, embora evasivo, admitiu que Angioni está cotado para assumir o cargo.
O diretor da Parmalat nega que esteja negociando sua ida para Belo Horizonte. "Quem está falando isso está mentindo. Se eu estivesse com vontade de sair, a primeira a saber seria a Parmalat. Estou muito bem em São Paulo e, no que depender de mim, vou ficar aqui", afirmou ontem Angioni, negando que tenha tido contato com Ruy Brisola e J. Hawilla, os dois principais dirigentes da Traffic, empresa de marketing esportivo que teve 51% de suas ações compradas pelo HMTF.
Perrela também não desmentiu o interesse por Scolari, mas disse que que não há nada certo. "Pelo que andei sabendo, o Luiz Felipe tem contrato até dezembro com o Palmeiras. Seria antiético de nossa parte negociar com um treinador que está sob contrato com um clube co-irmão. Mas claro que ele é um treinador competente, que interessaria a todos os clubes do país", declarou o cruzeirense.
Um dirigente da cúpula do Palmeiras, que pediu para não ser identificado, disse que o presidente do Cruzeiro conversou com Mustafá Contursi sobre a personalidade de Scolari.
De acordo com esse dirigente, Perrela ouvira críticas a Scolari feitas por ex-palmeirenses que hoje defendem o Cruzeiro. Do grupo que Scolari treinou no Palmeiras, estão no clube mineiro o lateral Zé Maria, que saiu brigado com o técnico, o atacante Oséas, o meia Jackson e o zagueiro Cléber.
Scolari é um sonho antigo do grupo norte-americano HMTF. Antes de Oswaldo de Oliveira se firmar no comando do Corinthians e conquistar o Mundial de Clubes da Fifa, o técnico gaúcho fora convidado três vezes para dirigir o clube.
Foi o próprio Scolari quem divulgou a informação, após clássico com o arqui-rival no início do ano, pelo Rio-São Paulo.
O gaúcho foi sondado após a demissão de Evaristo de Macedo, que perdeu emprego após a eliminação do Corinthians na Copa do Brasil-99 para o Juventude.
A amizade entre o técnico e o vice-presidente do HMTF, José Roberto Guimarães, seria outro fator para a aproximação do grupo dos EUA com Scolari.
O técnico costuma levar seu clube para treinar no Sportville, em Barueri (Grande São Paulo), de propriedade de Guimarães.
Scolari, que também é pretendido pelo Vasco, disse que não vai mais comentar sobre sua eventual saída do clube paulista.
Segundo o dirigente do Palmeiras que pediu para ter seu nome mantido sob sigilo, a negociação do Vasco com Scolari fracassou.
A explicação seria a negativa do Bank of America, parceiro do clube carioca, em contratar Angioni como diretor da empresa para o Vasco. O banco já definiu o nome do executivo que ocupará o cargo.


Colaborou Edgard Alves, da Reportagem Local


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