São Paulo, quinta-feira, 06 de abril de 2000


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TÊNIS
Confederação contrata "profissionais" para série contra Eslováquia
Brasil chama corneteiros e pede educação à torcida

ALEXANDRE GIMENEZ
enviado especial ao Rio

MÁRIO MOREIRA
da Sucursal do Rio

Cornetas, bumbo e muita gritaria. Jogo de futebol? Não. É a série das quartas-de-final do Grupo Mundial da Copa Davis, entre Brasil e Eslováquia, a partir da amanhã até domingo, no Rio.
A CBT (Confederação Brasileira de Tênis) contratou dois grupos de ""torcedores profissionais" para atuar nas partidas contra os eslovacos. Paradoxalmente, a entidade mandou imprimir folhetos para orientar o público sobre a maneira certa de torcer no tênis.
"Antes dos jogos, vou conversar com os dois animadores (conhecidos como Dartagnan e Bola Sete) para orientá-los. Não queremos ter problemas em relação à torcida", afirmou Nelson Nastás, presidente da CBT.
O grande temor do dirigente é a manifestação dos torcedores durante os pontos e no momento de os eslovacos sacarem. Esse tipo de atitude pode ser punida com a perda de ponto.
Nastás afirmou que os animadores não irão receber dinheiro pela participação nos jogos da Davis. "Vamos dar apenas dez ingressos para cada equipe, além de camisetas", disse. A entrada mais barata para os jogos entre Brasil e Eslováquia, na arquibancada lateral, custa R$ 75 -válida pelos três dias de competição. Se vendesse esses 20 ingressos, a CBT iria arrecadar mais R$ 1.500.
"A explicação que dou para os membros da ITF (Federação Internacional de Tênis) sobre a torcida brasileira é simples. No exterior, o público faz barulho para apoiar seus jogadores. Aqui, temos ritmo. Fazemos música para os tenistas", afirmou Nastás.
Tradicionalmente, a "melodia" da torcida brasileira não é muito apreciada pelos tenistas estrangeiros que vêm jogar no país.
Em 1992, a CBT foi punida por causa das manifestações do público na série contra a Alemanha -que na época tinha ainda Boris Becker. Ironicamente, esses jogos também foram disputados no Rio, no estacionamento de um shopping a poucos metros do Marapendi Racket Center, que irá abrigar neste final de semana as partidas contra a Eslováquia.
Uma das sanções impostas pela entidade internacional foi tirar do Brasil a organização de uma série de partidas pela Davis.
Em 1996, foi a vez de os austríacos reclamarem do público brasileiro. Na repescagem disputada em São Paulo, o time europeu abandonou a competição alegando falta de condições mínimas e agressões da torcida. Uma pessoa, segundo o tenista Thomas Muster, passou todo o confronto xingando os austríacos. Não em português, mas em alemão.
Fernando Meligeni, o tenista brasileiro de estilo mais vibrante, disse contar com a torcida para ajudar a equipe. "Temos que fazer o público participar do jogo."
Para o brasileiro, a atuação dos ""torcedores profissionais" será fundamental para manter a pressão sobre os eslovacos nos jogos. "Existe uma hora em que o público vai cansar, principalmente por causa do calor. É aí que eles (os "profissionais") vão precisar agitar. De qualquer maneira, a torcida carioca é geralmente fanática."
No total, a CBT colocou à venda 10.047 ingressos.
Para Jaime Oncins, o apoio dos ""torcedores profissionais" é válido. Durante a Olimpíada de 1992, nas quartas-de-final, o duplista acabou sendo prejudicado pela atuação de um desses torcedores.
A insistência de um deles em apoiar Oncins com uma corneta irritou a torcida local, que passou a torcer para o adversário do brasileiro. "Pelo menos o jogo pegou fogo com aquilo", disse o tenista, que acabou perdendo.
O presidente do Fazenda Clube Marapendi -onde fica o Marapendi Racket Center-, Antônio Augusto Magaldi, disse esperar uma torcida mais comportada que a dos estádios de futebol.
"Não vamos ter aqui aquelas torcidas organizadas, por exemplo. Mas queremos uma platéia participativa, e não uma torcida inglesa, que nem pisca."
Segundo ele, haverá dentro do clube, nos dias das partidas, 60 seguranças contratados pelos organizadores e mais 15 a 20 homens do próprio Marapendi.


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