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TÊNIS
Confederação contrata "profissionais" para série contra Eslováquia
Brasil chama corneteiros
e pede educação à torcida
ALEXANDRE GIMENEZ
enviado especial ao Rio
MÁRIO MOREIRA
da Sucursal do Rio
Cornetas, bumbo e muita gritaria. Jogo de futebol? Não. É a série
das quartas-de-final do Grupo
Mundial da Copa Davis, entre
Brasil e Eslováquia, a partir da
amanhã até domingo, no Rio.
A CBT (Confederação Brasileira
de Tênis) contratou dois grupos
de ""torcedores profissionais" para atuar nas partidas contra os eslovacos. Paradoxalmente, a entidade mandou imprimir folhetos
para orientar o público sobre a
maneira certa de torcer no tênis.
"Antes dos jogos, vou conversar
com os dois animadores (conhecidos como Dartagnan e Bola Sete) para orientá-los. Não queremos ter problemas em relação à
torcida", afirmou Nelson Nastás,
presidente da CBT.
O grande temor do dirigente é a
manifestação dos torcedores durante os pontos e no momento de
os eslovacos sacarem. Esse tipo
de atitude pode ser punida com a
perda de ponto.
Nastás afirmou que os animadores não irão receber dinheiro
pela participação nos jogos da
Davis. "Vamos dar apenas dez ingressos para cada equipe, além de
camisetas", disse. A entrada mais
barata para os jogos entre Brasil e
Eslováquia, na arquibancada lateral, custa R$ 75 -válida pelos
três dias de competição. Se vendesse esses 20 ingressos, a CBT
iria arrecadar mais R$ 1.500.
"A explicação que dou para os
membros da ITF (Federação Internacional de Tênis) sobre a torcida brasileira é simples. No exterior, o público faz barulho para
apoiar seus jogadores. Aqui, temos ritmo. Fazemos música para
os tenistas", afirmou Nastás.
Tradicionalmente, a "melodia"
da torcida brasileira não é muito
apreciada pelos tenistas estrangeiros que vêm jogar no país.
Em 1992, a CBT foi punida por
causa das manifestações do público na série contra a Alemanha
-que na época tinha ainda Boris
Becker. Ironicamente, esses jogos
também foram disputados no
Rio, no estacionamento de um
shopping a poucos metros do
Marapendi Racket Center, que irá
abrigar neste final de semana as
partidas contra a Eslováquia.
Uma das sanções impostas pela
entidade internacional foi tirar do
Brasil a organização de uma série
de partidas pela Davis.
Em 1996, foi a vez de os austríacos reclamarem do público brasileiro. Na repescagem disputada
em São Paulo, o time europeu
abandonou a competição alegando falta de condições mínimas e
agressões da torcida. Uma pessoa,
segundo o tenista Thomas Muster, passou todo o confronto xingando os austríacos. Não em português, mas em alemão.
Fernando Meligeni, o tenista
brasileiro de estilo mais vibrante,
disse contar com a torcida para
ajudar a equipe. "Temos que fazer
o público participar do jogo."
Para o brasileiro, a atuação dos
""torcedores profissionais" será
fundamental para manter a pressão sobre os eslovacos nos jogos.
"Existe uma hora em que o público vai cansar, principalmente por
causa do calor. É aí que eles (os
"profissionais") vão precisar agitar. De qualquer maneira, a torcida carioca é geralmente fanática."
No total, a CBT colocou à venda
10.047 ingressos.
Para Jaime Oncins, o apoio dos
""torcedores profissionais" é válido. Durante a Olimpíada de 1992,
nas quartas-de-final, o duplista
acabou sendo prejudicado pela
atuação de um desses torcedores.
A insistência de um deles em
apoiar Oncins com uma corneta
irritou a torcida local, que passou
a torcer para o adversário do brasileiro. "Pelo menos o jogo pegou
fogo com aquilo", disse o tenista,
que acabou perdendo.
O presidente do Fazenda Clube
Marapendi -onde fica o Marapendi Racket Center-, Antônio
Augusto Magaldi, disse esperar
uma torcida mais comportada
que a dos estádios de futebol.
"Não vamos ter aqui aquelas
torcidas organizadas, por exemplo. Mas queremos uma platéia
participativa, e não uma torcida
inglesa, que nem pisca."
Segundo ele, haverá dentro do
clube, nos dias das partidas, 60
seguranças contratados pelos organizadores e mais 15 a 20 homens do próprio Marapendi.
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