São Paulo, quinta-feira, 06 de abril de 2000


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FUTEBOL
Volante, que foi dispensado pelo Internacional, quer jogar o Brasileiro e depois encerrar a carreira
Dunga pretende parar no final do ano

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
da Agência Folha, em Porto Alegre

A carreira de Dunga, um dos mais importantes e contestados jogadores da história do futebol brasileiro, já tem data marcada para terminar: no final deste ano, após o volante atuar, por uma equipe do Rio de Janeiro ou de São Paulo, no próximo Campeonato Brasileiro.
Dunga, 36, fechará 18 anos de atividade profissional, exercida no Brasil, na Itália, na Alemanha e no Japão.
A partir de 2001, ele planeja continuar no futebol, trabalhando na área de gerenciamento, descartando o cargo de técnico.
Os planos para a vida fora dos gramados incluem a volta aos estudos (quer cursar a faculdade de direito) e, possivelmente, uma atuação como comentarista esportivo -o jogador já foi inclusive sondado para trabalhar nessa função.
O ápice de sua trajetória foi como capitão da seleção brasileira, do técnico Carlos Alberto Parreira, que conquistou o tetracampeonato mundial na Copa dos EUA, em 1994, um dos tantos títulos conquistados pelo jogador.
Na ocasião, não faltaram a Dunga liderança, garra e técnica.
De quebra, como companheiro de quarto, ele "segurou" Romário, afastando o craque e artilheiro do Brasil naquele Mundial de atos de indisciplina.
Apesar de vitoriosa, a carreira também teve momentos críticos.
Na Copa do Mundo de 1990, na Itália, por exemplo, o nome Dunga simbolizou uma era de mau futebol da seleção brasileira (comandada por Sebastião Lazaroni), no entendimento de muitos.
Ele era visto apenas como um jogador tosco, de força, que não merecia vestir a camisa do Brasil.

Propostas
Sem vínculo com nenhum clube no momento, Dunga mantém a forma física por conta própria, fazendo musculação e corridas, enquanto estuda as propostas que lhe chegam.
Uma delas, com menos chance de ser aceita, é dos Estados Unidos. "Minha família quer ficar no Brasil. Eles sempre se sacrificaram por mim. Chegou a hora de eu ouvi-los", disse.
O volante não quis revelar o nome dos clubes que o procuraram, alegando que ainda não há nada definido. Em São Paulo, ele já jogou no Corinthians e no Santos, na década de 80. No Rio de Janeiro, defendeu o Vasco, em 1986.
Dunga está livre porque, no mês passado, foi demitido do Internacional de Porto Alegre, de onde saiu com 21 anos de idade para ser um "globetrotter" do futebol.
A diretoria do time gaúcho afirmou que ele custava muito caro -cerca de R$ 300 mil mensais, entre salários e o contrato de exploração de sua imagem.
No dia da rescisão, vestindo terno, o cidadão Carlos Caetano Bledorn Verri, nascido em Ijuí (RS), doou a indenização de R$ 372,5 mil para três instituições assistenciais. Não foi um gesto ocasional: a ajuda a crianças doentes faz parte do histórico de Dunga.
Apesar da saída traumática do Inter, o volante disse que continua colorado -o jogador foi revelado pelo clube de Porto Alegre. "A torcida tem carinho e respeito por mim. E o Internacional é a sua torcida, pois os dirigentes passam", declarou.
Isso quer dizer que não jogaria no Grêmio, eterno rival do Inter, de jeito nenhum? "Na minha vida sempre respondo que "se", "mas" e "talvez" não existem. É sim ou não", respondeu, descartando falar sobre uma hipótese.
Dunga, que não se sente preparado para ser técnico, opinou sobre a seleção brasileira atual comandada pelo técnico Wanderley Luxemburgo.
"Deu para o gasto. O empate (0 a 0 contra a Colômbia) foi positivo. Acho que a idéia é vencer todos os jogos (das eliminatórias da Copa do Mundo de 2002) no Brasil", disse, lembrando que, como sempre, faltou tempo para a seleção brasileira treinar.


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