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FUTEBOL
O Corinthians, o Flamengo e as sogras
JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA
Misógino leitor, misóloga
leitora, nas duas últimas
semanas falei que havia times
que eram como mulheres feias e
equipes que se assemelhavam a
amantes. Pois bem, hoje veremos
clubes que são como sogras.
As sogras, sabe-se lá por qual
motivo, são consideradas tradicionais inimigas pelas esposas e
rivais eternas pelos maridos. E há
clubes que também são assim.
Clubes que são inimigos naturais
de todos os outros.
Queres exemplos? Dou-te.
Pergunte a um santista, a um
são-paulino e a um palmeirense
qual time ele prefere vencer. Provavelmente eles responderão em
coro: "Corinthians!". O clube do
Parque São Jorge conseguiu a difícil proeza de unir todos os outros
torcedores paulistas. Tanto que se
diz que ele já não tem mais a
maior torcida do Estado, mas a
segunda. A primeira seria a torcida anticorintiana.
Em casa mesmo tenho um
exemplo: meu pai. O Santos, na
verdade, é apenas seu segundo time. O primeiro é qualquer um
que jogar contra o Timão, que ele
chama de Timinho. No último
Corinthians x Palmeiras, eu lhe
disse que deveríamos torcer para
o Corinthians, pois era melhor
para o Santos. De nada adiantou.
Ele passou o jogo todo torcendo
por uma vitória palmeirense.
No Rio, a sogra é o Flamengo.
Há muitos fluminenses que se
consolam de seu mau estado com
a pior situação do rubro-negro.
Mas o Flamengo já não é o antípoda por excelência no Rio. Eurico Miranda conseguiu transmitir
parte de sua antipatia para o
Vasco, de modo que o time cruzmaltino, hoje, é quase um inimigo
natural como o Flamengo.
No Paraná, há o Coritiba. Time
considerado "de elite", é o Coxa
quem concentra os ódios do Estado. Pode perguntar a um raro paranista ou a uma bela atleticana.
E qual o motivo deste ódio por
Corinthians, Flamengo e Coritiba? Eu desconfio que é o mais comum dos pecados: a inveja. A verde e amarga inveja.
Os torcedores dos outros clubes
invejam o Flamengo porque ele
tem uma torcida imensa, espalhada pelo Brasil e apaixonada
feito um adolescente cheio de espinhas. De certa forma, esse excesso de amor também é o motivo
do ódio de muitos cônjuges por
suas sogras.
O caso do Coritiba é diferente.
Também há a inveja, mas ela surge pelo motivo de o Coritiba representar uma casta. O clube vencedor, rico e ligado aos poderosos
acabou atraindo a ira dos menos
afortunados. Mesmo que estes
menos afortunados tenham hoje
mais fortuna que o Coritiba.
E, no caso corintiano, ultimamente há os dois motivos. Os outros torcedores invejam, ao mesmo tempo, sua grande torcida e
seu enriquecimento. O Corinthians com a MSI une os "defeitos" de ser popular e rico, nobre e
plebeu. Para piorar a situação
houve ainda o Brasileiro de 2005,
quando o STJD tomou decisões
que beneficiaram o clube.
Ou seja, o Corinthians hoje é a
grande sogra do futebol brasileiro. Mas os corintianos devem é ficar alegres com isso.
Intentona mossoroense
Os pequenos clubes pareciam
ter se insurgido contra os grandes. O Ipatinga desafiava o Cruzeiro, o Madureira provocava o
Botafogo, o Adap media forças
contra o Paraná. Mas o primeiro já tombou, e os outros estão
a caminho. Porém, em alguns
lugares, os revoltosos vêm tendo sucesso. Na Bahia, o Colo
Colo, de Ilhéus, venceu o primeiro turno. Em Alagoas, o Coruripe ponteou o campeonato,
pondo um fim ao domínio das
siglas ASA e CSA. Mas a grande
revolução foi acima. Assim como a Intentona Comunista deu
mais certo no RN, os insurgentes potiguares se saíram bem, e
a final será Baraúnas x Potiguar, ambos de Mossoró, e não
entre os tradicionais times de
Natal. Como dizia a velha música: "Avanti popolo, a la riscosa!
La Stella Rosa triumphera!"
E-mail torero@uol.com.br
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