|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MOTOR
Argumentos
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
À mídia brasileira em Montmeló, Barrichello resolveu "esclarecer" algumas dúvidas que estão
surgindo em torno de sua performance, considerada por muitos
não mais do que regular.
O principal foco do piloto, naturalmente, foram as críticas sobre
sua capacidade de preservar o
carro. Para muitos, pura matemática: em quatro corridas, duas
quebras, enquanto o alemão cruzou quatro linhas de chegada.
Barrichello usou um argumento
razoável em sua defesa, o de que a
Ferrari deseja muito um bom desempenho seu na pista para poder
confirmar as qualidades do modelo desta temporada.
Por enquanto, e nisso o piloto
tem razão, boa parte do crédito
está sendo dada ao alemão.
O que conta a favor de Barrichello é a pole de Silverstone, obtida
em circunstâncias adversas, com
22 carros na pista, comprovando,
em tese, que o problema não é habilidade -e não é mesmo.
Também do lado do brasileiro
está o fato de que Schumacher sofreu panes hidráulicas nesta temporada, notadamente em Interlagos, onde só não perdeu a vitória
porque o engenheiro responsável
por sua telemetria teve a brilhante
idéia de sugerir frequentes mudanças de traçado para manter o
sistema em funcionamento.
Aqui, porém, entra um detalhe
interessante, fundamental para
entender como a escuderia pode
tratar seus pilotos de forma igual
e, ao mesmo tempo, diferente.
Naquele dia em São Paulo,
Brawn (ele próprio admitiu isso
depois) chegou a acreditar que a
corrida estava perdida. Pouco antes, Barrichello abandonara, e o
problema parecia crônico.
Mas, então, veio a idéia do técnico. E ela só foi colocada em prática porque o chefe acreditou que
seu piloto era capaz de cumprir
tamanha maluquice com sucesso.
Barrichello mereceria esse voto
de confiança? Eis a dúvida que o
piloto está tentando dirimir desde
que chegou a Maranello.
Não interessa à Ferrari manter
Barrichello distante de Schumacher com um campeonato difícil
pela frente. Nem ao alemão, que
obviamente prefere o companheiro de equipe no seu espelho do que
algum rival da McLaren.
Portanto, Barrichello precisa fugir dos argumentos fáceis, favorecimento e falácias do gênero, pois
eles não se sustentam e, como
aconteceu em Imola, causarão
choque com a cúpula ferrarista.
Barrichello só poderá reclamar
alguma coisa no momento em
que reconhecidamente tiver condições de ameaçar o alemão.
Por enquanto, o negócio é comer pelas beiradas e ficar quieto.
Ir bem nas classificações, por
exemplo, já é um bom início, pois
Schumacher não é de privilegiar
treinos, os números de sua carreira na F-1 mostram bem isso.
E se, como gostam de dizer os
pilotos, corrida é outra história,
que ela seja contada depois.
Enfim, seria mais sensato Barrichello deixar o imediatismo para
o público. A Ferrari reconhece
suas qualidades, tanto que o contratou. No momento, isso basta.
NOTAS
Interlagos
Reportagem publicada no último domingo por "O Estado
de São Paulo" escancarou a fábrica de dinheiro que são as
instalações temporárias no autódromo paulistano. Com o dinheiro gasto todos esses anos,
seria possível construir outro
autódromo, e em melhores
condições. O MP investiga os
contratos, mas o problema, todos sabem, não está só em Interlagos. É de toda a cidade.
Pizzonia
O "Jungle Boy" da F-3 inglesa
ganhou teste na Benetton, e a
mídia britânica já especula que
ele possa seguir os passos de
Button, tirando a vaga de Wurz
ainda neste semestre. O piloto
nega já ter assinado qualquer
contrato, mas Briatore é conhecido por mudanças repentinas -fez isso com Schumacher, é bom lembrar. A boataria é tamanha que os brasileiros e empresários envolvidos
com a F-3000 já torcem o nariz
ao comentar tal possibilidade.
E-mail mariante@uol.com.br
José Henrique Mariante escreve aos sábados
Texto Anterior: Pacers abrem 2ª fase do mata-mata Próximo Texto: + Esporte - Pratique: Badminton se mantém com dinheiro de "patrocinadores" Índice
|