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FUTEBOL
Acusado por ex-aliado, dirigente reconhece que não seguiu procedimentos corretos na presidência da entidade
Blatter já admite irregularidades no comando da Fifa
DA REDAÇÃO
O presidente da Fifa, Joseph
Blatter, admitiu ter cometido parte das irregularidades apontadas
em dossiê de Michel Zen-Ruffinen, secretário-geral da entidade,
que o acusa de uma série de atos
de corrupção.
O documento apresentado por
Zen-Ruffinen ao Comitê Executivo da Fifa na reunião da última
sexta-feira, apesar de ter sido entregue com a exigência de confidencialidade, foi exibido na íntegra na versão on-line do jornal
SonntagsZeitung, de Zurique.
No dossiê, o ex-braço direito de
Blatter diz que o dirigente foi o
responsável por uma série de pagamentos irregulares, entre os
quais US$ 9,75 milhões para a
Concacaf, entidade que dirige o
futebol das Américas Central e do
Norte, em 1999, US$ 55 mil para o
brasileiro João Havelange e US$
100 mil a Viacheslav Koloskov,
que comanda a Federação Russa.
Em entrevista ao jornal suíço, o
presidente da Fifa admitiu ter pago US$ 100 mil para Koloskov entre 1998 e 2000, apesar de o russo
ter perdido o cargo de vice-presidente da entidade.
""Não segui os procedimentos
corretos. Koloskov não era mais
um delegado eleito, mas ainda
ajudava [informalmente" a Fifa.
Por isso, decidi lhe dar o dinheiro,
US$ 50 mil por ano, como ganha
qualquer membro do Comitê
Executivo. Foi uma irregularidade, mas o comitê [se soubesse dos
pagamentos na época] teria
apoiado minha decisão."
Zen-Ruffinen disse ainda que
Blatter pagou US$ 25 mil para o
árbitro Lucien Bouchardeau fazer
acusações contra Farah Addo, delegado da Somália, que acusou o
presidente da Fifa de tê-lo tentado
subornar nas eleições de 1998.
Em sua resposta, Blatter admitiu ter lhe dado US$ 25 mil, mas
afirmou que foi de sua conta pessoal, não da da Fifa. ""É que sou
uma pessoa muito generosa."
"Cometi erros, sim, aqui e acolá,
mas nada que possa ser considerado crime [como vem dizendo
Zen-Ruffinen]."
Para o secretário-geral, o presidente tem usado a Fifa como se
ela lhe pertencesse, negando-se a
dar satisfações de seus atos a
quem quer que seja. ""Ele tomou
várias decisões favoráveis aos interesses econômicos de Jack Warner [presidente da Concacaf],
mas contrárias aos da Fifa."
Warner, que é de Trinidad e Tobago, recebeu, segundo Zen-Ruffinen, os direitos de TV das Copas
de 1990, 1994 e 1998 pelo preço
simbólico de US$ 1,00.
A decisão teria sido tomada por
Blatter, na época secretário-geral
da Fifa, e Havelange, que presidiu
a entidade que comanda o futebol
mundial entre 1974 e 1998.
Em troca de vantagens financeiras, Warner teria colocado a Concacaf à disposição dos interesses
de Blatter e Havelange.
Em viagem à China e à Coréia
do Norte, o presidente da Fifa insiste que, quando possível, tentará
responder ponto por ponto as
acusações de Zen-Ruffinen.
Procurado pela reportagem da
Folha, João Havelange não foi encontrado. Segundo a assessoria
do brasileiro, ele se encontra no
exterior e só se manifestará sobre
o assunto após as eleições da Fifa,
em 29 de maio, em Seul.
Com agências internacionais
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