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FUTEBOL
Batman, Robin e as delícias da virada
JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA
Caro leitor-prodígio, caríssima bat-leitora, permitam-me abrir esta coluna relembrando uma cena de "Batman", aquele seriado de tevê que fez sucesso
nos anos 60.
A cena foi assim: depois de ser
dominado pelo inimigo (não lembro se era o Pinguim, o Coringa,
ou o Charada), Robin tem pés e
mãos amarrados e é levado ao topo de um edifício. Batman corre
para salvá-lo, mas não consegue
chegar a tempo de impedir que o
vilão empurre o menino-prodígio
prédio abaixo. Robin começa a
cair. Em segundos se esborrachará no chão. Mas aí a imagem congela.
O que acontecerá? Ele vai se espatifar em mil bat-pedaços? O homem-morcego conseguirá salvá-lo? Daqui a algumas linhas vocês
lerão o emocionante desfecho
desta cena, nesta mesma bat-coluna, neste mesmo bat-jornal.
Antes, porém, gostaria de aproveitar o tempo dos comerciais para fazer uma rápida digressão a
respeito de três vitórias ocorridas
na rodada do Brasileiro: as de Corinthians, Coritiba e São Paulo.
Estas três equipes começaram
perdendo seus jogos, mas, graças
à própria determinação (ou à incompetência do adversário), conseguiram a melhor de todas as vitórias: a vitória de virada.
Na vitória de virada, os atletas e
torcedores chegam até a beira dos
abismo infernal, chegam a sentir
o calor das chamas, a sentir o
cheiro de enxofre, mas, como por
milagre, conseguem escapar da
condenação, levantam vôo e chegam às alturas das nuvens.
Talvez nem mesmo a vitória
por goleada tenha um sabor tão
doce quanto a vitória de virada.
A goleada mostra um domínio
sobre o rival, mas a virada mostra
um domínio sobre o destino.
E foram três viradas heróicas.
Os corintianos viram o rosto da
derrota várias vezes, mas contaram com a falta de pontaria do
Fortaleza e com a habilidade de
Liedson. Os coritibanos viraram
em cima de um arqui-rival, o que
é duas vezes saboroso. E os são-paulinos viraram com um gol nos
últimos instantes do jogo, o que é
sempre mais dramático.
Agora voltemos ao nosso seriado:
Robin continua caindo. Batman não conseguirá alcançá-lo.
Então tira a bat-corda de seu cinto de utilidades e a lança na direção do menino-prodígio. Com
mãos e pés amarrados, Robin
apanha a bat-corda com os dentes, sendo depois içado pelo companheiro. E, em seguida, Batman
diz: "Está vendo, Robin. Eu lhe
disse que valia a pena escovar os
dentes".
Essa é uma virada típica: tudo
parecia perdido, mas no final veio
a glória.
A sensação que os torcedores de
Corinthians, Coritiba e São Paulo
viveram neste domingo foi, provavelmente, igual à que eu tive
quando vi esta cena pela primeira
vez. A sensação de que, mesmo
quando a derrota parece certa, algo inesperado pode acontecer e
nos levar de novo ao caminho da
vitória. A sensação de que vale a
pena escovar os dentes, a sensação de que vale a pena torcer por
seu time.
Errei
Os convidados da peça "Esse
mundo é uma bola" (sexta a
domingo, no Ruth Escobar) no
dia 2 foram Adãozinho (ex-Corinthians), Luiz Antônio Prósperi ("Jornal da Tarde"), Cléber
Machado (Globo), Dininho e
Serginho (São Caetano). Havia
escrito que seriam Juca Kfouri,
Pepe, Ademir da Guia e Dudu
(ex-Palmeiras), Marco Aurélio
(São Caetano) e Matheus Benato ("Lance!"), mas estes lá estarão no dia 9 (se é que eu não
troquei tudo de novo).
Erraram
Com Oswaldo de Oliveira, o
São Paulo foi o time que mais
fez pontos no último Brasileiro
e chegou à final do Paulista.
Mas alguns cartolas sofrem um
complexo de superioridade e
não conseguem entender que
seu time pode perder.
E-mail torero@uol.com.br
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