UOL


São Paulo, terça-feira, 06 de maio de 2003

Texto Anterior | Índice

FUTEBOL

Batman, Robin e as delícias da virada

JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA

Caro leitor-prodígio, caríssima bat-leitora, permitam-me abrir esta coluna relembrando uma cena de "Batman", aquele seriado de tevê que fez sucesso nos anos 60.
A cena foi assim: depois de ser dominado pelo inimigo (não lembro se era o Pinguim, o Coringa, ou o Charada), Robin tem pés e mãos amarrados e é levado ao topo de um edifício. Batman corre para salvá-lo, mas não consegue chegar a tempo de impedir que o vilão empurre o menino-prodígio prédio abaixo. Robin começa a cair. Em segundos se esborrachará no chão. Mas aí a imagem congela.
O que acontecerá? Ele vai se espatifar em mil bat-pedaços? O homem-morcego conseguirá salvá-lo? Daqui a algumas linhas vocês lerão o emocionante desfecho desta cena, nesta mesma bat-coluna, neste mesmo bat-jornal.
Antes, porém, gostaria de aproveitar o tempo dos comerciais para fazer uma rápida digressão a respeito de três vitórias ocorridas na rodada do Brasileiro: as de Corinthians, Coritiba e São Paulo.
Estas três equipes começaram perdendo seus jogos, mas, graças à própria determinação (ou à incompetência do adversário), conseguiram a melhor de todas as vitórias: a vitória de virada.
Na vitória de virada, os atletas e torcedores chegam até a beira dos abismo infernal, chegam a sentir o calor das chamas, a sentir o cheiro de enxofre, mas, como por milagre, conseguem escapar da condenação, levantam vôo e chegam às alturas das nuvens.
Talvez nem mesmo a vitória por goleada tenha um sabor tão doce quanto a vitória de virada. A goleada mostra um domínio sobre o rival, mas a virada mostra um domínio sobre o destino.
E foram três viradas heróicas. Os corintianos viram o rosto da derrota várias vezes, mas contaram com a falta de pontaria do Fortaleza e com a habilidade de Liedson. Os coritibanos viraram em cima de um arqui-rival, o que é duas vezes saboroso. E os são-paulinos viraram com um gol nos últimos instantes do jogo, o que é sempre mais dramático.
Agora voltemos ao nosso seriado:
Robin continua caindo. Batman não conseguirá alcançá-lo. Então tira a bat-corda de seu cinto de utilidades e a lança na direção do menino-prodígio. Com mãos e pés amarrados, Robin apanha a bat-corda com os dentes, sendo depois içado pelo companheiro. E, em seguida, Batman diz: "Está vendo, Robin. Eu lhe disse que valia a pena escovar os dentes".
Essa é uma virada típica: tudo parecia perdido, mas no final veio a glória.
A sensação que os torcedores de Corinthians, Coritiba e São Paulo viveram neste domingo foi, provavelmente, igual à que eu tive quando vi esta cena pela primeira vez. A sensação de que, mesmo quando a derrota parece certa, algo inesperado pode acontecer e nos levar de novo ao caminho da vitória. A sensação de que vale a pena escovar os dentes, a sensação de que vale a pena torcer por seu time.

Errei
Os convidados da peça "Esse mundo é uma bola" (sexta a domingo, no Ruth Escobar) no dia 2 foram Adãozinho (ex-Corinthians), Luiz Antônio Prósperi ("Jornal da Tarde"), Cléber Machado (Globo), Dininho e Serginho (São Caetano). Havia escrito que seriam Juca Kfouri, Pepe, Ademir da Guia e Dudu (ex-Palmeiras), Marco Aurélio (São Caetano) e Matheus Benato ("Lance!"), mas estes lá estarão no dia 9 (se é que eu não troquei tudo de novo).

Erraram
Com Oswaldo de Oliveira, o São Paulo foi o time que mais fez pontos no último Brasileiro e chegou à final do Paulista. Mas alguns cartolas sofrem um complexo de superioridade e não conseguem entender que seu time pode perder.

E-mail torero@uol.com.br


Texto Anterior: Basquete - Melchiades Filho: Show do milhão
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.