São Paulo, terça-feira, 06 de maio de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

foco

Travestis e prostitutas não se misturam em praça onde jogador buscou programa

Rafael Andrade/Folha Imagem
Crianças se divertem nos brinquedos da praça do Ó, onde o atacante Ronaldo contratou o serviço do travesti Andréia Albertine

PAULO SAMPAIO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Momentaneamente famosíssima, a praça do Ó -na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, onde o atacante Ronaldo contratou os serviços do travesti Andréia Albertine- tem muito pouco para deixar seus freqüentadores boquiabertos, se ressalvada a presença de travestis e prostitutas, que não dividem sequer a calçada.
A praça abriga uma quadra poliesportiva, um parque equipado com diversos brinquedos, como escorregador, gangorra e balanços, e ainda uma pista de skate bastante conhecida dos praticantes profissionais dessa modalidade.
Durante o período diurno, ela é habitada por usuários dos brinquedos (crianças e suas mães ou babás), da quadra e da pista (adolescentes, em sua maioria).
A face mais movimentada é a que dá de frente para a Sernambetiba, a avenida costeira da Barra; a agitação dos travestis que fazem programa acontece a partir das 22h, na parte, digamos assim, ocidental (para quem olha para a praia), nas redondezas da quadra.
No lado oposto ao da praia existe uma faixa de calçada rebaixada que serve de estacionamento de carros em 45º. A capacidade é para aproximadamente 50 veículos.
Para acessar essa parte, que não conta com comunicação direta com a rua, o motorista deve pegar uma pista de paralelepípedo separada das ruas que circundam a praça por um canteiro de grama.
Como não existe muito movimento nessa pista "particular", já que somente entra ali quem tem interesse em estacionar o carro para utilizar a praça ou para buscar alguém que esteja nela, torna-se prático para os motoristas utilizá-la também como uma espécie de drive-thru para negociar com os travestis.
Na parte mais oriental está um ponto de táxi, no qual trabalha o motorista que transportou Ronaldo e os travestis, o piloto da unidade 040.
O motorista não dá entrevistas, comentam os colegas de ponto, porque a mãe de Ronaldo esteve ali para conversar com ele. Não se sabe o que falou com ele, ou se ofereceu algo por seu silêncio.
Um dos motoristas, que trabalha ali há cerca de 20 anos, explica que a clientela no local costuma ser bastante abastada, e que um programa ali pode chegar a custar R$ 500. Ele argumenta que alguns clientes, para não precisarem se expor, chegam em "carrões", mas preferem estacionar nas redondezas: contratam os táxis para ficar rodando.
As ruas na região da praça têm prédios relativamente novos (não mais de 20 anos), no máximo quatro andares, varandas grandes de vidro e esquadrias de alumínio.
O motel Papillon, para onde Ronaldo foi na companhia dos travestis na madrugada da segunda-feira retrasada, fica em uma das esquinas da praça.
Segundo os relatos dos motoristas de táxi, não seria fácil confundir um travesti com uma prostituta, já que os integrantes dos dois grupos "não dividem calçada".
As prostitutas costumam ficar no calçadão da praia propriamente dito, a uma distância de aproximadamente 300 metros dos travestis.
Nem sempre as prostitutas vêm do subúrbio, do centro ou de Copacabana (como Andréia Albertine, que costuma dividir com colegas um apartamento na Princesa Isabel, avenida que se localiza entre Copacabana e o Leme).
Algumas, afirma um motorista, são da própria região, jovens viciadas que precisam do dinheiro para comprar drogas.
Por causa de todos esses interesses, Andréia Albertine passou a ser perseguida por suas colegas de ponto.
Elas consideram que, com o escândalo em que se envolveu com o atacante, atraiu policiais para a redondeza.
"Elas tão furiosas com a Andréia. Disseram que, se ela aparecer, vai tomar porrada", afirma Bianca, uma ex-colega de apartamento.


Texto Anterior: Em movimento global, Unicef foge de Ronaldo
Próximo Texto: Amputada garante vaga em Pequim
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.