São Paulo, sexta, 6 de junho de 1997.



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FUTEBOL
Jogadores sem contrato de patrocínio escondem marcas das chuteiras
Artilheiros 'picham' seus pés contra merchandising

VALMIR STORTI
da Reportagem Local

As empresas fornecedoras de material esportivo travam uma guerra internacional para divulgar suas marcas, e os jogadores de futebol são as maiores estrelas das campanhas publicitárias.
Conhecedores desse marketing, os jogadores que não recebem nada dessas empresas pintam suas chuteiras de preto, para descaracterizar os produtos.
As chuteiras são o único produto que os jogadores podem "negociar". O resto é do clube.
"A minha chuteira é muito gostosa, mas se pagarem, uso qualquer uma", diz o corintiano Mirandinha, adepto da pichação.
Rival da decisão que se realizaria ontem, Dodô, artilheiro do Paulista, surpreendeu ao atuar com a chuteira pintada contra o Santos -em partida na qual fez o gol da vitória-, assim como seus companheiros Aristizábal e Marques.
Até o jogo anterior, contra o Palmeiras, sua chuteira tinha a marca do fabricante à mostra.
Isso ocorre em outros times.
"É normal, todo jogador que não recebe nada dos fabricantes pinta a chuteira de preto", diz o meia Marquinhos, do Palmeiras.
Essa área acaba de criar uma polêmica na França.
Apesar de terem contratos com outras empresas, os jogadores são obrigados por lei a usarem o material da seleção. Eles querem mudar a legislação do país.
Para os torcedores, pouca diferença faz, mas o fabricante deixa de ter sua marca na TV.
Se faz falta? As empresas investem milhões para poderem usufruir desse merchandising.
A Adidas diz ter programado gastos de US$ 10 milhões neste ano no mercado brasileiro, patrocinando clubes e jogadores.
A empresa fornece uniformes para o São Paulo, o Internacional de Porto Alegre e o Fluminense, além de ter contrato com oito jogadores de cinco Estados.
Há um ano no Brasil, a Diadora veste sete times e 36 jogadores.
Segundo dados da empresa italiana, que vem mudando o visual do marketing esportivo (leia texto abaixo), deverão ser investidos US$ 1,2 milhões neste ano, sendo US$ 700 mil só no futebol.
A Nike, líder do mercado, projeta um investimento para 97 de cerca de US$ 13,2 milhões, só em publicidade, sem contar os contratos com a seleção brasileira e com os 12 "atletas Nike", dos quais apenas Juninho não está na seleção.



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