São Paulo, quinta-feira, 06 de junho de 2002

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TOSTÃO

Treino inútil, depois reclamam ...

Ontem pela manhã, fui ao treino com a esperança de ver a seleção simulando as situações de jogo e de corrigir as várias deficiências técnicas e táticas.
Assisti novamente um treino inútil de dois toques associado ao "bobinho", com os jogadores fora de posição num pequeno campo. Depois, se perder, o técnico vai reclamar da falta de tempo.
Encontrei no treino com Rivelino, comentarista da Sportv. Riva, como eu, acha que o Roque Júnior jogou bem contra a Turquia, ao contrário do que diz a maioria. Concordamos também que Edmilson e Lúcio foram péssimos. Não entendo por que o Edmilson é titular, já que o Anderson Polga atuou bem nos amistosos.
Antes da Copa, Roque Júnior foi rotulado pela maioria da imprensa e dos torcedores como o péssimo dos péssimos.
Mesmo quando atua bem, dizem que jogou mal... No Brasil é assim: as pessoas são carimbadas como boas ou más, honestas ou desonestas, burras ou inteligentes e nunca mais perdem a fama, independentemente do que fizerem para frente.
Roque Júnior é um zagueiro comum, fraco para atuar na seleção, mas deveria ser elogiado quando sai da rotina.
Nessa Copa,a imprensa brasileira nunca esteve tão perto e tão distante da seleção.
Perto, porque pela primeira vez os jornalistas estão hospedados no mesmo hotel da seleção. Há horários para entrevistas, mas os jogadores e a comissão técnica passam pelos corredores e acabam falando alguma coisa, mesmo não dizendo nada.
Distante, porque parte da imprensa perdeu a liberdade de informar e opinar. Felipão aproximou-se muito dos repórteres e criou laços afetivos. Nas coletivas fala o que quer e não é questionado.
Prefiro a distância e o respeito, para ter independência e não ter constrangimento em criticar ou elogiar.

Repartir o bolo
A Coréia do Sul teve um rápido desenvolvimento tecnológico e social.
Está na 27ª posição no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da ONU. O Brasil ocupa o 69º lugar. A mortalidade infantil na Coréia do Sul é de 7,1 por 1.000, próxima dos países mais ricos. No Brasil, é de 29 por 1.000.
Nota-se ainda um preocupação dos coreanos em humanizar o país. Belíssimos canteiros de flores espalham-se por todas as cidades.
A riqueza gerada pela produção foi investida em obras públicas.
O bolo cresceu e foi distribuído entre a população.
No Brasil, a elite econômica gananciosa comeu todo o bolo, até se empanturrar.

tostão.folha@uol.com.br



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